Em março, quando a pandemia ainda não havia matado gente no Brasil, o ministro da Economia, doutor Paulo Guedes, disse que os dados que lhe chegavam eram “alarmantes”. Em poucos dias coordenou uma bem sucedida operação de resgate dos “invisíveis” com o auxílio emergencial.
Passaram-se os meses e o negacionismo do governo tomou conta da cabeça do economista. Enquanto Bolsonaro diz que a segunda onda é “conversinha”, ele vai adiante: “A evidência empírica é que a doença diminuiu”.
Pode ser que não haja segunda onda, mas diminuindo a doença não está.
BANCO CENTRAL
O projeto de autonomia do Banco Central subiu no telhado da atual legislatura da Câmara dos Deputados.
MANICÔMIO
Se alguém dissesse que um dia o governo brasileiro arrumaria uma encrenca com o seu maior parceiro comercial, passaria por doido. Se esse maluco dissesse que a retórica do confronto seria alimentada por teorias da conspiração, seria internado.
Os Bolsonaro acreditam que o atual embaixador da China está no Brasil para derrubar o capitão. Ele mesmo disse isso ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Nas suas palavras, no livro “Um Paciente Chamado Brasil”, reproduzindo uma conversa que teve com o capitão em abril:
“Ele acreditava na teoria de que a China tinha inventado a pandemia, de que o embaixador chinês estava aqui para derrubá-lo e que esse mesmo embaixador havia sido o promotor dos protestos de rua em 2019 no Chile contra o presidente Sebastián Piñera, e tinha trabalhado para que o Mauricio Macri perdesse a eleição na Argentina. O embaixador chinês era um agente para desestabilizar a direita na América do Sul e promover a volta da esquerda, e ninguém tirava isso da cabeça dele. O coronavírus era parte do plano”.
Esse estado de espírito disseminou-se no entorno do Planalto e o tenente-coronel indicado para uma diretoria da Agência de Vigilância Sanitária já curtiu uma mensagem na qual um empresário chamava o governador João Doria de “China boy”.
Para complicar o quadro, o embaixador Yang Wanming é um diplomata barulhento e arrogante que subscreve notas redigidas em péssimo português.