terça-feira, 15 de setembro de 2020

Trabalhadores da VW do ABC aprovam pacote para reduzir mão de obra em 35%, OESP

 Cleide Silva, O Estado de S.Paulo

15 de setembro de 2020 | 15h56

Em assembleia realizada nesta terça-feira, 15, no pátio da fábrica da  Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a maioria dos trabalhadores aprovou a proposta de abertura de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para reduzir em cerca de 35% o número de funcionários da empresa. Para os que permanecerem no grupo, haverá garantia de emprego até 2025. A unidade emprega 8,6 mil funcionários.

Eles também aceitaram a adoção de suspensão de contratos de trabalho (lay-off) por até dez meses com salários inferiores aos pagos até agora, congelamento de reajuste salarial e mudanças em benefícios como plano médico e participação nos lucros.

Amanhã ocorrerão assembleias nas fábricas de automóveis de Taubaté (SP) e de São José dos Pinhais (PR) para votação da mesma proposta. Na unidade de motores em São Carlos (SP) a votação ocorrerá apenas na segunda-feira. Juntas, as quatro fábricas empregam atualmente cerca de 15 mil trabalhadores.

Assembleia de trabalhadores da VW
Trabalhadores da Volkswagen em São Bernardo do Campo durante a assembleia para votar a proposta de PDV. Foto: Alex Silva/Estadão

Pelo programa aprovado, quem tem até dez anos de trabalho e aderir ao PDV terá direito a 25 salários extras, além do previsto na rescisão. O número de salários aumenta de acordo com o tempo de serviço até 35 salários para quem é funcionário do grupo há 30 anos ou mais. Essa proposta vale por tempo limitado e para quem aderir depois o benefício será reduzido em 10 salários.

O presidente da Volkswagen, Pablo Di Si, afirmou recentemente que a empresa opera com elevada ociosidade, assim como todo o setor automotivo. Segundo ele, o grupo deixou de produzir neste ano 146 mil veículos em relação ao mesmo período de 2019. “É um número que equivale a uma fábrica inteira”, disse. De acordo com a empresa, a ociosidade hoje representa os empregos de um turno de trabalho em cada fábrica.

Vagas fechadas

Nos últimos 12 meses, o setor automotivo fechou 6,3 mil vagas, das quais 4,1 mil durante a pandemia. Hoje emprega 121,9 mil trabalhadores, número que terá importante redução até o fim do ano diante de cortes aleatórios que vem sendo promovidos pelas montadoras e pelos programas de voluntariado.

General Motors encerrou na semana passada PDV aberto em duas fábricas. Na unidade de São Caetano do Sul, no ABC paulista, foram 294 inscrições, número que, segundo o sindicato local, ficou abaixo da expectativa da empresa. A unidade tem ainda cerca de 700 funcionários com contratos suspensos (lay-off).

Em São José dos Campos (SP) foram 235 adesões e o sindicato local vai se reunir com a direção da GM nesta semana para avaliar se será necessário a reabertura do PDV. A unidade tem mil operários contratos suspensos desde março.

Renault, com fábrica no Paraná,  também tem um PDV para cortar 747 vagas, número equivalente ao de demissões feitas em julho e que depois revogou após greve dos trabalhadores.


Covas torna permanente o home office para funcionários da Prefeitura de SP, OESP

 Bruno Ribeiro, O Estado de S. Paulo

15 de setembro de 2020 | 16h15

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), assinou um decreto que torna definitiva a prática de teletrabalho, o home office, no serviço público da capital paulista. Servidores já vêm trabalhando de casa desde o começo da pandemia de covid-19. Os detalhes sobre como funcionarão as regras em cada carreira e função ainda serão definidos em portarias futuras.

Ao justificar a medida, o texto de Covas afirma que, “da experiência com a adoção do regime de teletrabalho no período de emergência, advieram resultados satisfatórios para a Administração, como o aumento da produtividade e a melhoria na prestação de serviços”, que há “significativa redução de despesas de custeio” desde que o trabalho em casa começou e que “a experiência global aponta para o caminho irreversível de teletrabalho”.

A Prefeitura já vinha ensiando a adoção de alguma medida neste sentido desde o ano passado, quando criou um programa de teletrabalho para funcionários da Fazenda municipal. Com a pandemia, a equipe de Covas identificou que seria possível expandir a proposta para praticamente todo o serviço público ainda neste ano, antes das eleições, uma mudança de gestão que traria a marca de "eficiência" para a campanha. Covas já havia dito, em entrevista ao Estadão, antes do coronavírus, que via a "inovação" como o "diferencial de sua gestão".

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas Foto: Daniel Teixeira/Estadão

De acordo com o decreto, o teletrabalho não poderá ser feito caso traga algum tipo de prejuízo para o atendimento feito ao público nas repartições da Prefeitura. Os funcionários terão de cumprir jornada de trabalho a metas estabelecidas pela Secretaria Municipal de Gestão. A presença nas repartições também será obrigatória por ao menos um dia na semana, em um esquema de quatro dias em casa para um no trabalho. O servidor não será obrigado a aderir ao novo regime.

Segundo a secretária municipal de Gestão, Malde Vilas Bôas, há estimativa de uma economia de recursos que pode chegar a até R$ 1 bilhão em um prazo de sete anos, considerando que imóveis alugados pela Prefeitura para abrigar departamentos poderão ser devolvidos e até prédios públicos sem uso poderão ser vendidos. Mas que, além dos custos, a proposta está sendo pensada para melhorar a qualidade de vida do servidor, aumentando assim sua produtividade, e evitando efeitos adversos, como mais trânsito e pressão no transporte público.

Ela destaca que a pandemia "foi um piloto fenomenal para a gente", mas que há diferenças entre o modelo que foi implementado, de forma emergencial, para garantir o distanciamento social durante a crise e o modelo que está sendo proposto, de teletrabalho permanente. 

"No regime da pandemia, 'tudo está perdoado', porque o objetivo é fugir da doença. Em um regime de teletrabalho permanente, não", afirma a secretária. "Eu preciso de metas, de métricas, de indicadores muito objetivos. Porque eu tenho de prestar contas para a sociedade. Tenho de dizer para a sociedade que aquele cidadão não está parado em casa. Estas questões estão desenhadas nos decretos que vamos colocar daqui para frente."

Mesmo assim, a pandemia acabou por mostrar ser possível reduzir custos com a mudança de regime, segundo a secretária. "Nesses meses da pandemia, tivemos ganhos. Tivemos uma redução (de custos) de R$ 10 milhões por mês". Mas essa conta é só um indicativo justamente por causa das diferenças entre o teletrabalho na pandemia e o regime permanente. Segundo Malde, nesta conta não estão custos com a limpeza de escolas, que deixou de ser feita no mesmo volume de antes da pandemia porque os colégios estão fechados e, por outro lado, inclui gastos para funcionários terceirizados que foram mantidos para evitar desemprego. 

Malde afirma que a proposta não é que os 67 mil servidores na ativa da cidade fiquem em casa, até porque a maior parte do efetivo é de profissionais das áreas da saúde e da educação, que devem permanecer no trabalho. "A Prefeitura já vinha se preparando para permitir isso. Hoje, temos 100% dos nossos processos eletrônicos. Isso é um ganho", afirma. 

A determinação para que parte da jornada seja presencial, criando na prática um regime "híbrido", segundo Malde, servirá para evitar o isolamento dos servidores e para garantir trocas de ideias dentro do serviço público. Os servidores em teletrabalho deverão ter de ir até o órgão onde são empregados, caso sejam convocados com uma antecedência mínima de quatro horas. Haverá ainda a possibilidade de o funcionário trabalhar nesse regime no lugar de solicitar afastamento temporário para participar de “congressos, cursos, certames desportivos, culturais ou científicos”.

A prefeitura fez uma pesquisa com cerca de 5 mil servidores para avaliar o teletrabalho até aqui, e 86% dos entrevistados disseram ter se adaptado bem às tecnologias. 93% dos chefes disseram que conseguiram organizar melhor suas equipes. "94% dos servidores estavam com suas tarefas em dias e 78% tiveram aumento em suas demandas diárias. Eles fizeram mais do que havia sido combinado inicialmente."

Covas deu prazo de três meses para que os secretários, subprefeitos e dirigentes de autarquias e fundações apresentem um balanço das ações para que a regra seja cumprida.

Chapa Covas-Nunes é um das poucas com dois homens em São Paulo, FSP Painel

 A chapa dos candidatos Bruno Covas (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB) será uma das poucas que terá dois homens na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Guilherme Boulos (PSOL, com Luiza Erundina), Arthur do Val (Patriota, com Adelaide de Oliveira), Filipe Sabará (Novo, com Marina Helena), Andrea Matarazzo (PSD, com Marta Costa) e Joice Hasselmann (PSL, com Ivan Sayeg) serão chapas mistas. Jilmar Tatto (PT) e Orlando Silva (PC do B) definiram que terão vices mulheres. Márcio França (PSB) terá Antonio Neto (PDT) como vice.

Mara Gabrilli (PSDB) teve o nome defendido por membros do PSDB que defendiam uma chapa tucana com Covas. No entanto, o prefeito preferiu privilegiar um nome da coligação, e a senadora também tem dito que não aceitaria.

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