quarta-feira, 6 de maio de 2020

Gradualismo para quê?, OESP


Hoje o Copom deve revisar para baixo suas estimativas de inflação e de PIB

Fábio Alves*, O Estado de S.Paulo
06 de maio de 2020 | 04h00
A aposta majoritária dos investidores é de que o Copom irá repetir hoje a mesma postura da sua última decisão, no dia 18 de março: apesar de ver as condições para um corte mais agressivo da taxa Selic, optou por uma cautela e reduziu os juros em 0,50 ponto porcentual.
Essa aposta não reflete necessariamente uma sinalização nesse sentido pelos diretores do Banco Central, mas tão somente a precificação dos ativos do estresse causado pela crise política – agravada com a saída de Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, do governo – e pelo temor de uma deterioração das contas fiscais para além deste ano, após o anúncio do plano Pró-Brasil e a fritura do ministro da Economia, Paulo Guedes.
A crise política ainda não arrefeceu, mas Guedes e sua agenda fiscalista já receberam o apoio inequívoco do presidente Jair Bolsonaro. Com isso, acabou, por enquanto, o temor com o plano Pró-Brasil, que previa investimentos públicos de R$ 30 bilhões nos próximos três anos, e a ameaça que representava à manutenção do teto de gastos.
Essa turbulência, contudo, fez o mercado passar a precificar um corte mais cauteloso da Selic ao fim da reunião de hoje do Copom, de 0,50 ponto, para 3,25%.
Até a saída de Moro do governo e do anúncio do plano Pró-Brasil, os contratos futuros de juros chegaram a embutir uma probabilidade de 100% de um corte de 0,75 ponto da Selic.
Tal aposta foi alimentada pelas declarações de diretores do BC, em eventos por videoconferência organizados por instituições financeiras, entre elas, a de que em momentos de incerteza não havia necessidade de a autoridade monetária ser conservadora e “guardar munição”.
Essas foram, na realidade, a última sinalização pública feita por diretores do BC em relação aos próximos passos da política monetária. A redução na aposta de um corte de 0,75 ponto para 0,50 ponto foi resultado do maior prêmio de risco nos preços dos ativos brasileiros em decorrência do estresse político e do temor com a situação fiscal após a pandemia do coronavírus. Por outro lado, o BC também não veio a público desautorizar essa precificação de uma redução mais cautelosa da Selic nesta semana.
Na ata da sua última reunião, o Copom chegou a dizer que, diante dos efeitos negativos expressivos da pandemia sobre a atividade econômica, seria necessária uma redução da Selic superior a 0,50 ponto. No mais recente Relatório Trimestral de Inflação, em 26 de março, o BC estimou crescimento zero do PIB brasileiro neste ano.
Desde então, o impacto das medidas de isolamento social para conter a disseminação do vírus aponta para uma recessão mais profunda, com a estimativa do PIB deste ano passando de um crescimento de 1,68% (conforme a pesquisa Focus publicada antes da última reunião do Copom) para uma contração de 3,76% (no mais recente boletim).
No mesmo período, a projeção de inflação em 2020 caiu de 3,10% para 1,97%, abaixo até do piso da meta perseguida pelo BC, de 2,5%. Já a estimativa do IPCA para 2021 (que tem a maior relevância para a política monetária neste momento) passou de 3,65% para 3,30%, abaixo da meta de inflação no ano que vem, de 3,75%.
Certamente, na reunião hoje, o Copom irá revisar para baixo as suas estimativas de inflação e de PIB em 2020 e 2021. Ora, se, em março, o Copom já via condições para um corte maior do que 0,50 ponto, agora a situação é mais dramática em termos de atividade econômica e de inflação. O cenário pessimista para o PIB em 2020 na reunião passada virou o cenário base para o encontro desta semana.
É provável que o BC não queira causar ruído e entregue um corte de 0,50 ponto, como o mercado passou a precificar majoritariamente nos últimos dias. Todavia, na ata da sua reunião de março, o Copom também alertou que a “maior variância no balanço de riscos não necessariamente implica gradualismo na condução da política monetária”.
É cada vez maior a visão entre analistas de que a recuperação da economia brasileira após a crise do coronavírus será muito mais lenta do que o imaginado. Assim como no esforço de guerra para aumentar gastos fiscais para combater a pandemia, vale a pena o Copom guardar munição agora? 
*COLUNISTA DO BROADCAST 

Como serão as viagens de negócio pós-pandemia?, OESP

The Economist, O Estado de S.Paulo
06 de maio de 2020 | 05h00

Viagem de negócios
Viajante circula com traje de proteção: teremos de nos habituar a eles? Foto: Edgar Su/ Reuters
Os governos estão querendo que as pessoas voltem a trabalhar para limitar os danos econômicos da covid-19. E algumas empresas também estarão ansiosas para fazer funcionários se deslocarem em busca de clientes. Mas é improvável que uma vacina esteja pronta antes de, pelo menos, 12 meses. Portanto, a próxima viagem de negócios que você fizer pode ser um teste de resistência. Imagine os anúncios nos alto-falantes que os viajantes ouvirão.
Ding dong. Bem-vindo ao rebatizado Heathrow Waystation 5. Decidimos que a palavra “terminal” pode ser um pouco desanimadora para os passageiros nas circunstâncias atuais. Por favor, despache sua bagagem para que possa ser desinfetada. Pedimos desculpas àqueles cujas malas são feitas de couro legítimo, pois provavelmente haverá manchas.
Mas não se preocupe, será uma boa desculpa para fazer compras quando chegar ao seu destino. Após o check-in, siga direto para o controle de segurança para fazer seu teste por “swab” e verificar a temperatura. Como todos precisam ficar a dois metros de distância, a fila atualmente serpenteia pelo prédio. 
Depois de passar pela segurança, vá para o duty-free, onde você pode escolher entre nossa extensa seleção de álcool em gel para higienizar as mãos. Espero que você tenha comido antes de chegar, porque nenhum dos restaurantes está aberto. Viaje com segurança. Ding dong.
Bem-vindo a bordo do voo 107 da Acme Airlines para Nova York. Eu sou seu piloto, capitão Richards. Devido às regras de distanciamento social, não temos um copiloto, pois não há espaço suficiente no cockpit para mais de uma pessoa. Mas não se preocupe, trouxe uma garrafa de café comigo e ainda não dormi em nenhum voo. Se eu não fizer contato com vocês a cada 30 minutos, a tripulação baterá com um martelo na porta da cabine.
Não poderemos fornecer a você nosso serviço normal de comidas e bebidas a bordo, mas aproveite a garrafa de água de cortesia, pacotes de nozes e batatas fritas salgadas e o assento vazio ao seu lado. Apenas um aviso, porém, para aqueles que escolheram se sentar junto à janela. 
Os passageiros devem seguir as regras de distanciamento, então não será permitido passar pela pessoa no assento do corredor, se ela adormecer. De qualquer forma, apenas três pessoas são permitidas na fila para o banheiro em qualquer momento do voo. Você talvez não queira beber essa água tão rapidamente. Se precisar de mais alguma coisa, a tripulação irá ajudá-lo. Mas lembre-se de que precisarão de alguns minutos para atendê-lo, pois precisam vestir um traje de proteção. 
Senhoras e senhores, vocês chegaram ao aeroporto JFK. Temos boas e más notícias. A boa notícia é que o tráfego de passageiros é menor que o normal. A má notícia é que, dada a necessidade de desinfetar o leitor de passaporte eletrônico após cada uso, a fila de imigração tem duração estimada de duas horas. E não, você não pode usar seu celular para atender as chamadas enquanto estiver na área de espera. Bem-vindo à terra dos que são livres! Seja corajoso!
Boa tarde e obrigado por escolher o Hotel Purgatório para a sua estadia. Nosso lema: você pode fazer o check-in a qualquer momento, mas, se ouvirmos você tossir, nunca poderá sair. Seu cartão-chave desinfetado já está disponível em um envelope higienizado. Infelizmente, como é permitido apenas uma pessoa por vez no elevador, o tempo de espera para chegar ao seu quarto é de 60 minutos. A propósito, o mesmo atraso se aplica pela manhã; portanto, se você estiver indo para reuniões, é melhor agendar o serviço de despertador por telefone com antecedência. Não há carregadores de bagagem, então, esperamos que você não tenha trazido muita coisa na mala.
Com o intuito de reduzir o risco para nossos funcionários, o quarto será limpo somente depois que você sair, então arrume sua cama. Sinta-se livre para levar para casa o xampu que está no banheiro: ninguém mais deseja pôr as mãos nele. O spa, a piscina e o bar estão fechados por razões óbvias, e não há serviço de quarto. Aproveite sua estadia.
Bom dia! Seja bem-vindo à Conferência de Gestores de Risco de 2020. Ou deveria ser a Conferência dos assumem riscos? Ha ha. Tenha certeza de que esta é uma sala totalmente higienizada. O slogan deste ano é: Nos preocupamos com a sua saúde porque o seu empregador não se preocupa. No momento das perguntas, não passaremos microfones, portanto, fale o mais alto possível. Fazer um painel nesse momento é difícil, então ele será limitado a dois palestrantes, um em cada extremidade do palco.
Infelizmente o serviço de bufê para almoço não está disponível; portanto, arrisque-se em um dos carrinhos de comida de rua do lado de fora do centro de convenções. Sua escolha será um exercício de gestão de risco em relação aos demais participantes. Não seria uma conferência sem estandes de exibição no saguão. Nossos patrocinadores terão prazer em vê-lo, mas apenas a uma distância segura e usando uma máscara. Por fim, familiarize-se com as saídas de emergência atrás de mim, à esquerda e à direita. Obviamente, elas devem ser usadas em caso de incêndio, mas podem ser úteis se alguém tiver um ataque de tosse.

Brasil registra mais de 13 mil casos de suicídio por ano, diz Ministério da Saúde, FSP

Dados referem-se a 2018 e foram processados recentemente; número equivale a 37 casos por dia

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Luto O Brasil registrou 13.463 mortes por suicídio em 2018, o equivalente a 37 casos por dia, informa o Ministério da Saúde.
Os dados de 2018 são os mais atuais disponíveis pela pasta e foram processados recentemente. Em 2017, foram 13.167. No ano anterior, 12.079.
Veja aqui como prevenir o suicídio.
Em 2018, ao divulgar os dados referentes a 2016, o Ministério da Saúde dizia existir um número ainda maior de casos, com subdiagnóstico de aproximadamente 20%.
Com Mariana Carneiro Guilherme Seto