domingo, 5 de janeiro de 2020

Não se deve confiar nos balanços de vendas de fim de ano, FSP

O ano de 2019 deixou uma lição: não se deve confiar nos balanços de vendas de fim de ano divulgados pelas guildas de comerciantes.
A Associação dos Lojistas de Shoppings festejou um crescimento de 7,5%, e a Associação Brasileira de Lojistas Satélites disse que 70% das lojas tiveram movimento menor, enquanto 30% registraram pequena melhora.
As duas guildas divergiram, mas concordaram num ponto: suas estimativas têm algo de palpite.
Representatividade
A Associação dos Magistrados Brasileiros e a Associação dos Juízes Federais recorreram ao STF com argumentos legais contra a instituição dos juízes das garantias.
Entidades que se denominam associações devem ter algum compromisso com os associados. Cinquenta desembargadores e juízes federais assinaram uma carta aberta defendendo o novo instituto. Isso indica que gente com qualificação jurídica apoia a iniciativa.
Se há magistrados a favor e contra, o melhor que as guildas têm a fazer é manter silêncio. Já basta a Ordem dos Advogados do Brasil, que há duas décadas se mete até em briga de cachorro.
Javert e Bacamarte
Na carta aberta em defesa dos juízes das garantias os magistrados fizeram um interessante floreio literário:
“Defendemos que a melhor Justiça criminal será prestada por uma magistratura que recusa a renitência persecutória de Javert e também o arbitrário aprisionamento das diferenças pelo Alienista.”
Javert era aquele policial obcecado na perseguição de Jean Valjean, o emocionante personagem de Victor Hugo em “Os Miseráveis”.


O Alienista era o doutor Simão Bacamarte, de Machado de Assis, aquele que acabou botando quase toda a população de Itaguaí no hospício. 

Tumultuada dinastia dos Kennedy acha que pode tudo nos EUA, FSP Elio Gaspari

Enquanto o partido Democrata não tem um favorito para disputar a Presidência dos Estados Unidos com Donald Trump, daqui até março será possível acompanhar a disputa pela vaga de candidato ao Senado pelo estado de Massachusetts. O deputado Joseph Kennedy 3º, 39, resolveu disputar a vaga do senador Ed Markey, 73, que está no Congresso desde 1976.
O que parece ser o novo contra o velho pode também ser o velho contra o novo, pois Markey tem uma folha de serviços impecável, inclusive na defesa do meio ambiente. Kennedy está bem nas pesquisas, mas suas chances parecem pequenas. A senadora Elizabeth Warren, do mesmo estado, disputa a Presidência e apoia Markey.
Joseph Kennedy 3º tem a marca da família: liberal, bonitão e onipotente. Apesar do 3º no sobrenome, ele é o quarto Joseph. Joe 1º foi um milionário detestável que desejou disputar a Casa Branca, não conseguiu e resolveu colocar lá seu filho mais velho, o segundo Joseph. Ele morreu quando seu avião explodiu na Europa, durante a Segunda Guerra. (O jovem namorou a linda Aimée Sotto Mayor, depois Simões Lopes, finalmente De Heeren, amante de Getúlio Vargas nos anos 1930.) 
Em 1960, John, o segundo filho homem de Joe 1º, elegeu-se presidente e foi assassinado em 1963. Seu irmão Robert, avô de Joe 3º, quase chegou lá, mas tomou um tiro em 1968. Joe 2º elegeu-se deputado e, depois de uma carreira medíocre, deixou a política para o filho.
A tumultuada dinastia dos Kennedy acha que pode tudo. Às vezes se dá mal: três Kennedys —o segundo Joe em 1944, sua irmã Kathleen em 1948 e John Jr. em 1999— decidiram voar em condições arriscadas e morreram. 
Às vezes eles conseguem o que parece impossível. A Arquidiocese de Boston anulou o casamento de 12 anos de Joe 2º com Sheila Rauch apesar de o casal ter dois filhos. Ela derrubou a decisão no Vaticano. Um dos filhos é Joe 3º.
Liquidação
Em 2010, Steve Jobs disse aos caciques do jornal The New York Times que deveriam vender a assinatura digital por US$ 5 mensais (cerca de R$ 20,25, na cotação atual). Eles vendiam o jornal de papel por US$ 200 anuais (cerca de R$ 810) e decidiram cobrar de US$ 15 a US$ 35 mensais (entre R$ 60 e R$ 142) pela versão eletrônica. Quem comprava o papel recebia a digital de graça. Com o tempo, foram baixando até cobrar só US$ 15. Agora estão oferecendo promocionalmente um ano por US$ 6 mensais (R$ 24,30).
Com uma fortuna de US$ 111 bilhões (R$ 449,5 bilhões) para cacifar seus desafios, Jeff (Amazon) Bezos quebrou a profecia de Jobs e está oferecendo um ano do seu Washington Post por US$ 3,35 mensais (R$ 13,60). (A quem foi assinante e cancelou, pedem só US$ 2,50 —R$ 10,15.)


Tanto o Times como o Post avisam que esses bons preços valem por um ano. Depois disso, sobem, mas a assinatura pode ser cancelada a qualquer momento.