Na COP-25, Brasil se comportou como verdadeiro vilão do meio ambiente
O problema, no fundo, é a entropia. Ela está inscrita na natureza do universo. Existem muito mais maneiras de destruir coisas do que de criá-las ou mesmo de mantê-las. Um bom exemplo de dissipação entrópica é a nova política ambiental do governo brasileiro.
Até alguns anos atrás, o Brasil pertencia ao seleto clube das nações campeãs da preservação ambiental. Não apenas vinha obtendo relativo êxito no controle de emissões de gases-estufa como contribuía ativamente para que os acordos internacionais sobre ambiente avançassem.
O primeiro arranhão no selo ambiental brasileiro veio no segundo mandato de Lula, quando a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, depois de perder vários embates para a ala desenvolvimentista do governo, liderada por Dilma Rousseff, pediu demissão. Mas foi só uma esfoladela, que afetou mais o marketing do que o produto. O Brasil permaneceria ainda por muitos anos no grupo dos países bonzinhos, mesmo que, de vez em quando, precisando explicar alguma derrapada.
Foi com Jair Bolsonaro e Ricardo Salles que sobreveio a destruição da marca. Eles não apenas flertam com a ideia de que não existe aquecimento global como incentivaram agricultores a desmatar e promoveram o desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental.
Quando surgiram os primeiros indícios do aumento das queimadas, o governo se apressou a negar os dados e ainda distribuiu ofensas a todos os que demonstraram preocupação, incluindo chefes de Estado estrangeiros. Agora, na COP-25, o Brasil se comportou como verdadeiro vilão ambiental, fazendo de tudo para melar a conferência.
Um niilista contumaz poderia argumentar que preservar o ambiente é inútil, já que, no longo prazo, a entropia triunfará, levando à morte térmica do Universo. Verdade, mas isso não deve acontecer antes de 10100 anos, o que nos dá uma boa janela para tentar manter o planeta tão habitável quanto possível.