domingo, 7 de abril de 2019

Coworking vira realidade em condomínios residenciais, OESP

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07 de abril de 2019 | 06h02


Júlia Zillig 
ESPECIAL PARA O ESTADO 
O advogado Davi Dias de Azevedo estava em busca de um novo apartamento para comprar e uma sala comercial para alugar. Precisava conciliar as ações jurídicas com os estudos para concurso público. Ao encontrar um empreendimento residencial com coworking – o Nomad, em Moema, entregue em outubro de 2018 pela construtora SKR –, ganhou uma nova moradia, uma economia de quase R$ 2 mil no orçamento e ainda três horas por dia, que seriam gastas no trânsito. “Hoje eu consigo almoçar em casa, ver meus cachorros e me dedicar ainda mais para os estudos”, diz Davi.
Modelo de escritório baseado no compartilhamento de espaço e recursos tecnológicos, e até então presente apenas em prédios comerciais, o coworking passou a marcar presença nos condomínios residenciais, apontando uma nova tendência de moradia.
De acordo com o estudo Millennials Future Home 2020, feito pela consultoria internacional WGSN, a geração – que envolve pessoas nascidas entre 1979 e 1993 – está abraçando um novo modelo de morar. “Os millennials têm um estilo de vida profissional mais ativo, porém vivem em espaços menores e por isso precisam de locais adaptáveis”, conta Maria Kowalski, expert da empresa.
O advogado Davi Dias, no coworking do condomínio Nomad, em Moema. FOTO: Robson Ventura/Estadão
Esse é o padrão dos empreendimentos com coworking lançados na cidade: apartamentos com metragem que varia de 10 m² a 90 m², localizados em bairros onde a mobilidade é um fator prioritário – próximos de estações de metrô ou de ônibus –, e cujo metro quadrado pode custar, em média, R$ 14 mil.
“Muita gente acaba abrindo mão de morar em apartamentos com grande espaço para morar em imóveis menores, porém mais centralizados e com boa infraestrutura”, diz Alexandre Tagawa, publicitário da Eztec.
O perfil de público que consome esses empreendimentos com coworking é bastante eclético, de acordo com as incorporadoras. Vão desde profissionais liberais, microempreendedores, solteiros ou com pequenas famílias. “São pessoas que prezam por sua autonomia profissional e pela economia de tempo na locomoção do dia a dia”, enfatiza Alexandre Frankel, CEO da Vitacon.
Para Marcelo Dzik, diretor comercial e de clientes da Even, o coworking ainda está bastante vinculado ao conceito de apartamentos compactos. “A ideia é que espaços como o coworking sejam a extensão do apartamento. Ele vai de casa para o trabalho e do trabalho para casa em questão de minutos”, diz Dzik.
Ricardo Pajero, gerente comercial da MAC, afirma que esses espaços incentivam ainda a socialização e o networking entre os moradores.

Estrutura

Há alguns anos, antes do coworking, era possível encontrar em empreendimentos pequenas salas de home-office, sem boa infraestrutura. “Havia no local só um computador com acesso à internet e um fax”, conta Andrea Bellinazzi, diretora de Inteligência de Mercado da Tegra Incorporadora.
Hoje, o coworking residencial é semelhante ao modelo de trabalho que funciona em prédios comerciais. Conta com um ambiente arquitetônico bem resolvido, em geral com mesas, bancadas, poltronas, cadeiras, wi-fi, ar-condicionado, sala de reunião, equipamentos de uso comunitário como impressoras, máquinas de xerox, cafeteiras, entre outros.
O uso – restrito aos condôminos e eventuais convidados – normalmente não é cobrado à parte, estando incluso na taxa do condomínio. “Porém, o condomínio pode definir suas regras de utilização e cobrança”, diz Lucas Araujo, superintendente de marketing da construtora Trisul.
De acordo com Silvio Kozuchowicz, CEO da incorporadora SKR, se a infraestrutura do coworking não for adequada, o condômino desiste de seu uso. “A arquitetura com uma ambientação correta e uma iluminação agradável traz alegria ao ambiente, além de criar um fluxo de pessoas e de favorecer a retenção dos condôminos no espaço”, destaca o executivo, cuja marca tem em operação o condomínio Nomad, em Moema, que aposta no conceito da hospitalidade, inspirado no mercado hoteleiro e focado em serviços.
A tendência do trabalho sem deslocamentos é visto como um caminho sem volta. Segundo o relatório Quatro Ideias que Estão Moldando o Futuro do RH e da Contratação, feito pelo LinkedIn, mais de 70% das pessoas entrevistadas querem ter flexibilidade de horário ou trabalhar remotamente.
“Em um minuto, o condômino se deslocará do trabalho para a academia, da cozinha para o computador, do elevador para o trabalho. Terá acesso a todos os serviços em um único lugar”, analisa Frankel, da Vitacon, que já entregou 36 empreendimentos na cidade com coworking e deve entregar outros 10 nos próximos anos.
PRÓXIMAS ENTREGAS
Even
Um empreendimento, na Bela Vista
Eztec
Dois empreendimentos, em Moema e Pinheiros
MAC
Cinco empreendimentos, em bairros como Liberdade
Tarjab
Quatro empreendimentos, em bairros da zona sul
JÁ ENTREGUES 
SKR
Empreendimento Nomad, em Moema
Futuras entregas: dois empreendimentos, em Perdizes e Pinheiros
Vitacon
36 empreendimentos, em bairros como Vila Olímpia, Itaim Bibi, Perdizes e Paraíso
Futuras entregas: 10 empreendimentos

Legislativo paulista aprova 'pacotinho do veneno' em tempo recorde, RBA

FILIPE CASTILHOS/SUL21
pacote do veneno aprovado em SP
São Paulo é o quarto maior consumidor brasileiro de agrotóxicos. E o Brasil, o maior consumidor mundial do produto
São Paulo – O autoritarismo típico dos governos do PSDB dá sinais de aprofundamento no estado de São Paulo. A Assembleia Legislativa, cuja maioria dos deputados apoia o governo, aprovou na quarta-feira (3) o Projeto de Lei (PL) 147/2018, que não foi discutido com a sociedade em audiência pública apesar do tema ser de grande interesse de todos: agrotóxicos.  
De autoria do ex-governador Geraldo Alckmin, o projeto trata de aspectos relacionados ao controle e fiscalização da fabricação, do consumo, comércio, armazenamento, transporte, da prestação de serviço na aplicação e da destinação de embalagens desses produtos.
Na prática, regulamenta facilidades para a produção, comercialização e uso do produto, excluindo a participação da sociedade civil. Conforme avaliação do engenheiro agrônomo e dirigente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) Leonardo Melgarejo, a proposta prevê o registro de empresas por meio de certificado em modelo próprio, com validade por três anos com a possibilidade de revalidação por igual período, quando deveria estabelecer prazo de validade para o registro.

Licenciamento ambiental

Além disso, segundo ele, dispensa do licenciamento ambiental o comércio de agrotóxicos embalados sem especificar o conceito de embalado. "Há lacunas e indefinições no capítulo das infrações, o que abre brecha para retrocessos, e não faz referência à pulverização aérea, à contaminação de vizinhos, danos no caso de vazamento e poluição das águas de consumo – o que tem motivado manifestações e são alvo de diversos projetos de lei municipais e estaduais em todo o país", afirmou.
Essas facilidades são concedidas no âmbito de um mercado que é o quarto maior do Brasil, ficando atrás de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. Dados de Wanderlei Antonio Pignati, pesquisador da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), mostram que São Paulo consumiu 61.797.269 litros de agrotóxicos em 2015, despejados sobre lavouras de cana, milho, soja, cítricos, trigo, feijão e banana.
O projeto foi enviado ao Legislativo em 20 de março de 2018. Um ano e 14 dias depois estava aprovado. O regime de tramitação também não parece adequado. De acordo com o artigo 141 do regimento da Casa, tramitam em regime de urgência a solicitação de intervenção federal no Estado, a licença do governador, intervenção nos municípios, matéria objeto de mensagem do executivo com o prazo de 45 dias para apreciação pela assembleia e vetos opostos pelo governador.
E aquelas que o plenário reconhecer de caráter urgente, ante necessidade imprevista em caso de guerra, calamidade pública, que vise à prorrogação de prazos legais a se findarem, que estabeleça a adoção ou alteração de lei que deva ser aplicada em época certa, dentro de prazo não superior a 30 dias, objeto de proposição que ficará inteiramente prejudicada se não for resolvida imediatamente. O PL 147 não se enquadra em nenhum dos critérios.  
Outras propostas do governo, mesmo em regime de urgência, foram submetidas a pelo menos um debate com a sociedade civil. Isso levanta dúvidas sobre os reais interesses e interessados na aprovação do projeto que já está sendo chamado de "pacotinho do veneno", em referência ao "pacote do veneno", em âmbito federal, que está pronto para votação no plenário da Câmara após ter sido aprovado em comissão especial presidida pela atual ministra da Agricultura Teresa Cristina, a musa do veneno.
O pacote praticamente revoga a atual legislação para facilitar o registro e estimular ainda mais a venda de agrotóxicos no país que já é o campeão mundial no consumo desses produtos.
“A proposta do pacotinho do veneno é alinhar a legislação estadual paulista a uma legislação federal, o pacote do veneno, que é mais focada no registro de agrotóxicos, mas que não foi aprovada. O pacote do veneno está embarreirado diante da resistência da sociedade e nós estamos construindo formas de impedi-lo. Por isso ainda não foi pautado no plenário da Câmara", disse a engenheira agrônoma Carla Bueno, militante da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos em São Paulo. 
Em contraponto ao Pacote do Veneno, tramita na Câmara o PL 6.670/2016, que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara).

Manifesto pelo crescimento econômico, Janio de Freitas, FSP

Este país precisa desesperadamente voltar a crescer para dissolução das demais necessidades

Fila gigante no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, para mutirão do emprego promovido pela prefeitura e sindicato
Fila gigante no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, para mutirão do emprego promovido pela prefeitura e sindicato - Danilo Verpa - 26.mar.19/Folhapress
As necessidades deste país são em quantidade descomunal. Uma, acima de todas. Parece bem conhecida, e tanto não é, que não figura entre as prioridades emergenciais. Este país precisa desesperadamente de crescimento econômico. É disso que a dissolução das demais necessidades depende. É do crescimento econômico retomado com urgência que tudo depende neste país, no presente, agora mesmo, e para todo o futuro.
Evitar que este país seja engolfado pela violência que já mudou nossas vidas para muito pior. Salvar a democracia, não de ditaduras militares, que isso se resolve, mas da degradação que corre rumo ao fundo sem volta, onde democracia é impossível. Dar sentido, enquanto há tempo, à riqueza natural e aos potenciais humanos que não faltam aqui, no entanto utilizados em escala mínima e só para negócio proveitoso de uma "elite" que vive de costas para o país.
Salvar os que vivem na miséria, os que vive na pobreza, os da classe média já em decadência geral, salvar tudo e todos do que está acontecendo e se finge não ver. Salvar a vida deste país. Isto, só a partir do crescimento econômico é possível.
Os números terríveis no recente relatório do Banco Mundial, referentes ao Brasil, nem são da atualidade. Retratam o final de 2016: mais 7,3 milhões de pessoas caíram no fosso existencial dos que vivem com menos de US$ 5,50 por dia, ou R$ 21,20. Eram 36,5 milhões em 2014, dois anos depois já chegavam a 44 milhões. Sabemos, embora sem os números, o que lhes aconteceu depois de 2016, nos anos de Michel Temer e Henrique Meirelles.
Os que apenas parecem viver com menos de R$ 7,30 por dia (ou US$ 1,90) passaram, só naqueles dois anos, de 5,6 milhões para 10,1 milhões de seres humanos no que é chamado de "abaixo da linha de pobreza". Na linguagem de pessoas, miséria extrema.
Naqueles anos, as prioridades foram o "déficit fiscal", com o corte de gastos governamentais, e a criação do teto de despesas da administração pública. A riqueza de Temer cresceu até na madrugada do Jaburu. A de Meirelles foi de dia mesmo, nas aplicações especulativas protegidas, todas, pelo governo.
Este Brasil mudara, porém. Encontrava-se. Monica de Bolle, diretora de estudos latino-americanos da Johns Hopkins University, antecipa sua identificação política e ideológica, em Época (sem data na página destacada): "Não tenho qualquer simpatia pelo PT, embora credite ao governo Lula a redução da pobreza e a formalização do mercado de trabalho que mudaram o país".
Pesquisador de economia da Fundação Getulio Vargas e sócio da consultoria Reliance (pronúncia em inglês, por favor), o "liberal" Samuel Pessôa: (...) "no melhor período que tivemos, os anos Lula, quando crescemos 4% em termos reais" (Folha, 31.3.19).
O autor desses "anos Lula" está completando um ano trancafiado em pequena cela, condenado a 12 anos e 1 mês. Ao encerrar-se, seu governo recebeu 82% de aprovação, índice sem precedente. Por que está preso? Por crime provado não é, se o então juiz Sergio Moro e os desembargadores do TRF-4, em Porto Alegre, não encontraram a prova de que precisavam: atribuíram o alegado suborno a um "fato indeterminado". Mas se o motivo do suborno não é conhecido, o próprio suborno não é conhecido. E não pode haver condenação pelo que nem se sabe se existiu.
O motivo da prisão foi a combinação lógica de "melhor período que tivemos" e 82% de aprovação. Logo, probabilidade incomparável de vitória na eleição presidencial de 2018. A "elite" econômica, os seus servos e interesses externos temeram que outro governo Lula não fosse tão complacente e mesmo colaborativo quanto o anterior, e avançasse para reformas verdadeiras. Em busca de mais crescimento, soberania de fato, menos injustiça social —mau exemplo na América Latina.
Dizer que o êxito do governo Lula deveu-se sobretudo a condições externas favoráveis é fácil, mas é mentira do elitismo neoliberal. Em 2008, o governo Lula encarou a grave crise internacionaldifundida pelos Estados Unidos. Os efeitos do crescimento sustentaram o Brasil e o comprovaram na aprovação crescente.
O "melhor período que tivemos" e os 82% ficaram como demonstração definitiva, para todo observador honesto, de que a prioridade ao "crescimento real" independe de falsas reformas preparatórias, é necessário e urgente.