Muita gente acredita que empresas como a Netflix vão engolir a TV tradicional e redesenhar o mercado audiovisual. Essa ideia, frequentemente apresentada em tons apocalípticos, ganhou alguma materialidade nos últimos dias.
Na sexta-feira (20), informei em meu blog, no UOL, que a Netflix comprou uma hora da grade de programação do SBT. O horário adquirido, uma faixa no final da noite deste sábado (28), se destinou à exibição do primeiro episódio da primeira temporada da série "Stranger Things". Na véspera, os assinantes do serviço ganharam acesso aos nove episódios desta segunda temporada.
Ao oferecer um "aperitivo" aos espectadores do SBT, a Netflix agiu como qualquer empresa interessada em promover um novo produto junto a um potencial público-alvo. A única diferença é que o seu produto concorre diretamente com o oferecido pelo canal de Silvio Santos —e tem qualidade superior.
Em mensagem sucinta enviada a este colunista na quarta-feira (25), a Netflix deixou tudo isso relativamente claro: "'Stranger Things' é uma série original amada por muitos brasileiros e, ao promovê-la em diferentes canais, estamos expandindo esse 'fandom' [fã-clube]".
O que permanece como mistério é o número de brasileiros que, de fato, "amam" esta e outras séries oferecidas pelo serviço de streaming.
Desde que começou a produzir conteúdo original, e a despertar curiosidade do mercado, a Netflix adotou como política não divulgar números de audiência. Como não depende de publicidade (é mantida, exclusivamente, pelos assinantes), a empresa entende que a popularidade de seus produtos é uma questão interna.
No primeiro semestre deste ano, ao anunciar o cancelamento da continuidade de duas séries ("Sense8" e "The Get Down"), o serviço de streaming reconheceu, implicitamente, que toma decisões baseadas no cruzamento das curvas de custo e audiência.
Mas, bem ao seu feitio, não deu o braço a torcer e tentou transformar o fato negativo em algo positivo. "Estou sempre estimulando a equipe de conteúdo: 'Temos que correr mais riscos, vocês têm que tentar coisas mais loucas. Porque devemos ter uma taxa de cancelamento mais alta em geral'", disse Reed Hastings, o CEO da empresa, ao comentar os cancelamentos.
A pressão para a Netflix tornar público os seus dados de audiência se explica pelo fato de que quase toda a indústria do audiovisual —cinema e TV— é movida por estes números, no Brasil e no mundo. Eles orientam planos e decisões em todas as esferas da cadeia produtiva.
Várias tentativas de medir a popularidade das séries da Netflix já foram feitas, sempre à revelia da empresa, que não as reconhece.
A mais recente foi anunciada há duas semanas. O Nielsen, instituto que mede a audiência da TV nos Estados Unidos há décadas, começou a estimar os números do serviço de streaming. Como explicou o "New York Times", a empresa desenvolveu um software capaz de identificar, pelo áudio, o que o espectador dos 44 mil domicílios que formam a sua amostra estão assistindo.
Entre os problemas do método, um é que a pesquisa inclui apenas os espectadores que estão diante de um aparelho de televisão conectado à "caixa" do Nielsen, o que não inclui quem assiste a séries ou filmes do serviço via laptop, tablet ou smartphone. Outra questão é que os dados do Nielsen se limitam ao mercado americano, que hoje já representa menos de 50% dos 104 milhões de assinantes da Netflix.
Com planos de investir entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões em conteúdo em 2018, a Netflix assusta. Com razão.
Na sexta-feira (20), informei em meu blog, no UOL, que a Netflix comprou uma hora da grade de programação do SBT. O horário adquirido, uma faixa no final da noite deste sábado (28), se destinou à exibição do primeiro episódio da primeira temporada da série "Stranger Things". Na véspera, os assinantes do serviço ganharam acesso aos nove episódios desta segunda temporada.
Ao oferecer um "aperitivo" aos espectadores do SBT, a Netflix agiu como qualquer empresa interessada em promover um novo produto junto a um potencial público-alvo. A única diferença é que o seu produto concorre diretamente com o oferecido pelo canal de Silvio Santos —e tem qualidade superior.
Em mensagem sucinta enviada a este colunista na quarta-feira (25), a Netflix deixou tudo isso relativamente claro: "'Stranger Things' é uma série original amada por muitos brasileiros e, ao promovê-la em diferentes canais, estamos expandindo esse 'fandom' [fã-clube]".
O que permanece como mistério é o número de brasileiros que, de fato, "amam" esta e outras séries oferecidas pelo serviço de streaming.
Desde que começou a produzir conteúdo original, e a despertar curiosidade do mercado, a Netflix adotou como política não divulgar números de audiência. Como não depende de publicidade (é mantida, exclusivamente, pelos assinantes), a empresa entende que a popularidade de seus produtos é uma questão interna.
No primeiro semestre deste ano, ao anunciar o cancelamento da continuidade de duas séries ("Sense8" e "The Get Down"), o serviço de streaming reconheceu, implicitamente, que toma decisões baseadas no cruzamento das curvas de custo e audiência.
Mas, bem ao seu feitio, não deu o braço a torcer e tentou transformar o fato negativo em algo positivo. "Estou sempre estimulando a equipe de conteúdo: 'Temos que correr mais riscos, vocês têm que tentar coisas mais loucas. Porque devemos ter uma taxa de cancelamento mais alta em geral'", disse Reed Hastings, o CEO da empresa, ao comentar os cancelamentos.
A pressão para a Netflix tornar público os seus dados de audiência se explica pelo fato de que quase toda a indústria do audiovisual —cinema e TV— é movida por estes números, no Brasil e no mundo. Eles orientam planos e decisões em todas as esferas da cadeia produtiva.
Várias tentativas de medir a popularidade das séries da Netflix já foram feitas, sempre à revelia da empresa, que não as reconhece.
A mais recente foi anunciada há duas semanas. O Nielsen, instituto que mede a audiência da TV nos Estados Unidos há décadas, começou a estimar os números do serviço de streaming. Como explicou o "New York Times", a empresa desenvolveu um software capaz de identificar, pelo áudio, o que o espectador dos 44 mil domicílios que formam a sua amostra estão assistindo.
Entre os problemas do método, um é que a pesquisa inclui apenas os espectadores que estão diante de um aparelho de televisão conectado à "caixa" do Nielsen, o que não inclui quem assiste a séries ou filmes do serviço via laptop, tablet ou smartphone. Outra questão é que os dados do Nielsen se limitam ao mercado americano, que hoje já representa menos de 50% dos 104 milhões de assinantes da Netflix.
Com planos de investir entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões em conteúdo em 2018, a Netflix assusta. Com razão.