sexta-feira, 30 de março de 2018

Após prisões, Planalto diz que Temer é alvo de canhões da conspiração, FSP

Após prisões, Planalto diz que Temer é alvo de canhões da conspiração

Escalado para defender governo, Carlos Marun insinuou que há complô por causa de pré-candidatura do presidente

Temer fala durante evento
Temer durante evento no Espírito Santo - Alan Santos/AFP
Escalado pelo Palácio do Planalto para defender Michel Temer, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) disse, na noite desta quinta-feira (29), que o presidente se tornou alvo de “canhões da conspiração” e de um “complô” depois que se colocou como pré-candidato à reeleição.
“Entendemos que a decisão do presidente de colocar a possibilidade de que venha disputar a reeleição, colocar como concreta essa possibilidade, faz com que, novamente, se dirijam contra nós os canhões da conspiração”, afirmou Marun após uma reunião com Temer e outros ministros.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, fala a repórteres em Brasília
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, dá entrevista em Brasília - Ueslei Marcelino/Reuters
Temer, que iria para São Paulo nesta quinta-feira para passar o feriado de Páscoa com a família, mudou de ideia e permanecerá em Brasília até segunda-feira (2).
O presidente tem reunido aliados desde o início da manhã, quando uma operação da Polícia Federal prendeu alguns de seus amigos mais próximos, como o empresário e advogado José Yunes, o coronel João Baptista Lima Filho, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB), e o empresário Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos.
As detenções foram autorizadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator do inquérito que investiga Temer por suposto recebimento de propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário via decreto.
Sem citar o nome de Barroso, Marun insinuou que vem do ministro do STF a tal conspiração.
“O Ministério Público tem um papel acusador, existe para isso. Na verdade, penso que caberia ao Judiciário uma atenção maior em relação ao que se coloca na nossa Constituição”, disse Carlos Marun.
O ministro evitou criticar a procuradora-geral, Raquel Dodge, embora tenha sido a PGR (Procuradoria-Geral da República) a solicitante das prisões desta quinta. Marun afirmou que ela tem “outro nível”, criticando o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que apresentou duas denúncias contra Temer no ano passado, e o ex-procurador Marcelo Miller, que recebeu do escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe Advogados, responsável pelo acordo de leniência da J&F, apenas três meses depois de deixar cargo no Ministério Público Federal.
“Não vejo na procuradora Raquel aquele mesmo viés. Não vejo alguém de dentro do gabinete da procuradora Raquel recebendo dinheiro para orientar gravações ou qualquer coisa neste sentido”, afirmou Marun.
O ministro disse desconfiar de prisões feitas em véspera de feriado e disse ter havido autoritarismo nas detenções para ouvir sobre questões ocorridas antes do mandato.
“Entendo que houve abusos de prender gente para ouvir depoimentos”, disse o ministro. “Não acredito em coincidências. Sempre que o Brasil dá uma reagida, surgem flechas envenenadas dirigidas ao presidente Temer. Não tenho como fazer afirmações ainda, mas, realmente, não sou pessoa de acreditar em acaso. Começo a achar que algumas coisas têm a ver com as outras”, afirmou Marun.
O ministro de Temer tem feito várias críticas a Barroso depois que o ministro do STF autorizou a quebra de sigilo do presidente e determinou alterações no indulto concedido pelo emedebista no fim do ano passado.
Marun deve, inclusive, retomar sua cadeira de deputado em abril para apresentar o pedido de impeachment de Barroso.
O ministro disse que a operação desta quinta-feira não inviabiliza a candidatura de Temer à reeleição e que o governo não acredita na apresentação de uma nova denúncia contra o presidente.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Tesouro, confiança e juros - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 29/03

O Tesouro Nacional, um dos campeões de endividamento na categoria dos emergentes, já se beneficia da redução de juros. Com dinheiro mais barato, tem sido possível baixar o custo médio da dívida federal e melhorar sua trajetória. A dívida continua em crescimento, naturalmente, e assim continuará enquanto o governo for incapaz de gerar superávit suficiente para pagar a conta anual de juros e, em seguida, amortizar o principal. Para isso será necessário um esforço considerável de ajustes e reformas. Quanto mais adiado e retardado esse esforço, tanto pior para as finanças públicas, para os programas de governo, para o crescimento econômico e para o bem-estar da maior parte dos brasileiros. Por enquanto, as boas notícias podem ser muito limitadas, mas sua mensagem mais importante é bastante clara: a seriedade compensa e ninguém deveria levar a sério as promessas de delícias sem custo do populismo.

A dívida pública federal atingiu R$ 3,53 trilhões, com crescimento nominal de 1,53% em um mês. O aumento decorreu da emissão líquida de R$ 28,51 bilhões e da apropriação de juros no valor de R$ 25,55 bilhões. Os novos títulos foram emitidos com o custo de 10,01% ao ano, o menor desde abril de 2010, quando a taxa média ficou em 9,79%.

A parcela correspondente à dívida mobiliária interna foi emitida com juros de 9,1% ao ano, os menores desde o início da série em dezembro de 2005. O custo médio de emissão da dívida mobiliária interna caiu pelo sétimo mês consecutivo. Há razões para esperar quedas adicionais do custo financeiro suportado pelo Tesouro.

Com a inflação abaixo das previsões, o Banco Central (BC) voltou a reduzir a taxa básica de juros, a Selic, na última reunião. Nessa ocasião, a taxa passou de 6,75% para 6,50% ao ano, um piso histórico. Ao anunciar esse corte, o Comitê de Política Monetária do BC, o Copom, indicou a possibilidade de uma nova diminuição em maio. Nesse caso, os juros básicos deverão chegar a 6,25%.

Os cortes da taxa básica foram iniciados em outubro de 2016, quando a Selic estava em 14,25%. Os juros atuais correspondem a menos de metade daqueles em vigor naquele momento. Os novos dirigentes do BC, nomeados depois do afastamento da presidente Dilma Rousseff, continuaram elevando a taxa durante algum tempo para derrubar com segurança a inflação. No começo daquele ano os preços ao consumidor acumulavam alta superior a 10% em 12 meses.

Essa alta refletia uma ampla desorganização da economia, com as contas públicas em frangalhos e sem perspectiva de recuperação, oferta de bens industriais comprometida pela recessão, contas externas em mau estado e insegurança disseminada em todos os setores. O aperto monetário, iniciado na gestão anterior, continuou indispensável por algum tempo, mas o recuo da inflação é explicável também pelo início da política de arrumação fiscal. A nova atitude do governo favoreceu o ressurgimento da confiança no futuro da economia.

A ampla mudança no cenário de inflação e de juros, a partir daquele momento, reflete-se tanto nos custos quanto na composição da dívida. De janeiro para fevereiro a parcela com remuneração prefixada aumentou de 33,80% para 34,33%. A participação dos títulos corrigidos com base em índices de preços diminuiu de 30,17% para 29,66%. O resto corresponde essencialmente aos papéis com juros flutuantes. Os efeitos da inflação contida e ainda com perspectiva de baixa e dos juros diminuídos têm sido visíveis, há algum tempo, nas escolhas dos compradores de títulos federais.

A disposição dos financiadores do governo pode mudar, no entanto, se aumentarem as dúvidas quanto à continuidade dos ajustes e reformas. A advertência, formulada por técnicos do Tesouro, é quase redundante. Assim como as boas expectativas do mercado têm facilitado a gestão da dívida pública, a redução da confiança produzirá em pouco tempo o efeito oposto. Desnecessária para o mercado, a mensagem vale para os políticos e, muito especialmente, para os candidatos às eleições deste ano.

terça-feira, 27 de março de 2018

Primeiro protótipo de veículo híbrido flex do mundo é apresentado em SP, Portal do governo SP

Fonte: Portal do Governo de São Paulo
Com apoio da Agência Investe SP e parceria com equipe brasileira, montadora japonesa Toyota lança primeiro carro híbrido flex do mundo

O governador Geraldo Alckmin participou, nesta segunda-feira (19), da apresentação do primeiro protótipo de veículo híbrido equipado com motor de combustão interna flexfuel, realizada no Palácio dos Bandeirantes. O projeto, que combina um propulsor elétrico e outro flexível a gasolina e etanol, colocou lado a lado as equipes de engenharia da Toyota no Japão e no Brasil, para somar esforços e buscar sintonia entre as tecnologias.
“Hoje é um dia histórico. Está sendo apresentado o primeiro carro híbrido, elétrico e flex, do mundo com etanol. Quero cumprimentar toda a equipe da Toyota, por meio do seu presidente no Brasil. O etanol emite menos carbono, pois é uma energia renovável através da cana-de-açúcar. É um feito extraordinário à saúde, ao consumidor e ao meio ambiente”, ressalta Alckmin.
O protótipo foi construído sobre a plataforma do modelo Prius, usada como base para condução dos trabalhos. A marca ainda estuda possibilidades de produção dessa tecnologia no Brasil no futuro. As ações foram direcionadas no sentido de extrair o potencial máximo de cada solução: alta eficiência, baixíssimos níveis de emissões e capacidade de reabsorção dos impactos de gás carbono, ao utilizar combustível oriundo de fonte 100% renovável. A companhia deu início à fase de testes de rodagem com a cerimônia na capital paulista.
“A Toyota é parceira de São Paulo. A nossa Agência Investe SP é parceira também. Essa é uma inovação tecnológica que tem tudo a ver com o Estado de São Paulo e um ganho extraordinário para o consumidor, para a sociedade como um todo e para o meio ambiente”, reafirmou o governador.
Metas ambientais
O modelo do primeiro automóvel híbrido flex faz parte de um conjunto de esforços da Toyota no cumprimento de metas ambientais ambiciosas, previstas no seu Desafio Ambiental 2050. “Estou muito orgulhoso de nossos engenheiros da Toyota do Brasil, que trabalharam com objetivo de desenvolver o veículo híbrido mais limpo do mundo, que usa etanol, para nossos clientes brasileiros. A inovação demonstra que a empresa segue a passos firmes rumo à jornada em prover uma nova sociedade de mobilidade”, diz Steve St.Angelo, CEO da Toyota para América Latina e Caribe e chairman da Toyota do Brasil, Argentina e Venezuela.
Estudos preliminares realizados pela fabricante apontam que o híbrido flex possui um dos mais altos potenciais de compensação e reabsorção na emissão de CO2 gerado desde o início do ciclo de uso do etanol extraído da cana-de-açúcar, passando pela disponibilidade nas bombas de abastecimento e queima no processo de combustão do carro. Quando abastecidos apenas com etanol (E100), os resultados se mostraram ainda mais promissores.
Até chegar à formatação do primeiro protótipo, a Toyota realizou diversos testes em escala de laboratório, que tiveram início há quase três anos, em meados de 2015. No primeiro momento, o veículo percorrerá um trecho de mais de 1.500 quilômetros entre o Estado de São Paulo e o Distrito Federal, colocando à prova a durabilidade do carro em percursos desta natureza, para avaliar o conjunto motor-transmissão, quando abastecidos com etanol, nas estradas brasileiras.
A partir daí, novos dados serão coletados, que informarão a performance do carro e servirão para possíveis ajustes, com objetivo de buscar o balanço ideal de todo o conjunto. “Mais do que um marco em nossa sexagenária história no Brasil, este protótipo é o ponto
de partida para a escrita dos nossos próximos 60 anos. A Toyota acredita que o híbrido flex, quando produzido em escala comercial, possibilitará a reabertura de um novo período de aprimoramento técnico de toda a cadeia automotiva”, declara o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang.
Parceria
Parte dos esforços da Toyota na corrida para cumprimento de seu Desafio Ambiental 2050 passa, especialmente, pela necessidade de engajar e mobilizar parceiros de negócios que atuem em conjunto com a visão em prol da mobilidade sustentável.
Inspirada nesse propósito, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) tem apoiado o projeto, por reconhecer o etanol como combustível eficiente em sistemas de propulsão avançados e adiciona a importância do biocombustível no combate ao aquecimento global e no cumprimento das metas ambientais do Brasil no Acordo Internacional do Clima (Cop21), estabelecido em 2015, em Paris, contando com a capacidade de produção e abastecimento da indústria sucroenergética brasileira.
A entidade reforça que o etanol está cada vez mais presente nas discussões ambientais mundiais voltadas para a descarbonização dos transportes. “Entendemos que estamos em
um processo de transição para novos cenários de mobilidade sustentável e o etanol é parte deles. Nesse sentido, acreditamos que tecnologias inovadoras, como o veículo híbrido, podem fazer parte dessa transição coexistindo com os biocombustíveis, principalmente no Brasil, onde o consumidor dispõe de infraestrutura ampla de abastecimento”, completa a diretora-presidente da Unica, Elizabeth Farina.