Investing.com - A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp (SA:SBSP3)) informou ao mercado que o seu Conselho de Administração aprovou a realização de emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em até três séries, para distribuição pública, com esforços restritos de colocação.
O total da operação será de até R$ 750 milhões, estando a oferta condicionada à emissão de, no mínimo, 500 mil debêntures, no montante de R$ 500 milhões. De acordo com a companhia, a emissão de cada série, a quantidade de debêntures a ser alocada em cada série, a remuneração das debêntures e o valor total da oferta, serão definidos conforme o procedimento de coleta de intenções de investimento.
A oferta será destinada exclusivamente a investidores profissionais e será apresentada a, no máximo, 75 investidores profissionais, sendo que as debêntures somente poderão ser subscritas por, no máximo, 50 investidores profissionais. O processo de estruturação da Oferta e distribuição das Debêntures será conduzido por um consórcio de instituições financeiras integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários.
Com os recursos obtidos, a Sabesp realizará o refinanciamento de compromissos financeiros vincendos em 2018 e à recomposição de caixa da Companhia.
Em novembro, o governador Geraldo Alckmin disse que espera realizar a venda de ações da empresa no início de 2018. A oferta foi aprovada em setembro pela Assembleia Legislativa do estado. Na ocasião, Alckmin afirmou que o plano do governo estadual é criar uma holding controlando a Sabesp, de forma que São Paulo mantenha uma participação de 51% na empresa e o restante seja pulverizado no mercado brasileiro.
As ações da Sabesp fecharam o pregão de ontem na bolsa brasileira com valorização de 1,33% a R$ 34,27.
Segundo relatório divulgado pelo IBGE, um quarto da população do País tinha, em 2016, uma renda inferior a R$ 387 por mês
Vinícius Neder, O Estado de S.Paulo
15 Dezembro 2017 | 10h00
RIO – Um quarto da população, ou 52,168 milhões de brasileiros, estavam abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial em 2016, ano mais agudo da recessão. Esse é o total de brasileiros que vive com menos de US$ 5,50 por dia por pessoa, equivalente a uma renda mensal de R$ 387,07 por pessoa em valores de 2016. Os dados, da Síntese de Indicadores Sociais 2017, foram divulgados nesta sexta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quando considerada a Linha Internacional de Pobreza do banco multilateral, de US$ 1,90 por pessoa, 13,350 milhões de brasileiros, ou 6,5% da população total, vivem com menos desse valor por dia. Esse contingente é superior à população da capital paulista (12,1 milhões, segundo o IBGE). Conforme o IBGE, a linha de extrema pobreza do Banco Mundial equivale a uma renda mensal média de R$ 133,72 por pessoa do domicílio.
Na prática, é como se cada pessoa desse grupo vivesse, ao longo de um mês, com valor insuficiente para pagar um tanque de 50 litros de gasolina no Estado de São Paulo - R$ 192,40, na média, conforme a pesquisa mais recente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Ou com o equivalente a um terço do preço da cesta básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em São Paulo, de R$ 423,23.
O estudo divulgado nesta sexta-feira usa os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), do próprio IBGE. Não há comparação com outros anos, porque uma mudança no questionário da pesquisa tornou os dados incomparáveis, informou o órgão, que, mês passado, prometeu para 2018 uma série histórica.
Dados do Banco Mundial apontam que, em 2015, 4,34% da população, ou 8,939 milhões de pessoas, viviam abaixo da linha de US$ 1,90 por dia. Com a economia já em recessão, o contingente de extremamente pobres cresceu em 1,465 milhão de pessoas em relação a 2014, quando 3,66% dos brasileiros viviam abaixo dessa linha. Só que esses números não podem ser comparados com os divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.
Nas contas de Marcelo Neri, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pesquisador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), 2016 foi o “fundo do poço” da pobreza. Usando dados também da Pnad e da Pnad-C, mas uma linha de renda mínima diferente, a equipe da FGV estimou que, após subir 9,95% em 2016, o número de extremamente pobres recuou 4,48% neste ano, até setembro, com o avanço na renda, impulsionado pela forte queda na inflação.
A queda começou em 2015, quando o contingente de pessoas abaixo da linha de pobreza da FGV saltou 19,33%. “Uma parte disso foi a inflação muito alta com o (benefício do) Bolsa Família congelado. (Em 2015,) A pobreza subiu pelo mesmo canal por que caiu”, disse Neri.
Os pesquisadores do IBGE frisaram que o Brasil não tem uma linha oficial de pobreza. Na Síntese de Indicadores Sociais, além dos patamares do Banco Mundial, foram usados o salário mínimo e os valores mínimos para adesão ao Bolsa Família. “O objetivo é ver a diferença no território, ver quem está mais exposto a esse baixo rendimento”, afirmou a coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Barbara Cobo Soares.
A pobreza está concentrada no Norte e no Nordeste. Pela linha de US$ 5,50 por dia, 43,1% dos habitantes do Norte e 43,5% dos moradores do Nordeste vivem com renda igual ou inferior a essa, contra os 25,4% na média nacional. Já na linha do US$ 1,90 por dia, 11,2% dos habitantes do Norte e 12,9% da população do Nordeste vivem nessas condições. São 7,3 milhões de nordestinos vivendo com essa renda, ou seja, mais da metade do total de extremamente pobres do País.
As condições sociais também influenciam na pobreza. Conforme o estudo do IBGE, na população de zero a 14 anos, 42,4% vivem em domicílios que possuem renda inferior aos US$ 5,50 por pessoa por dia do Banco Mundial. Já entre os arranjos familiares formados por mulheres de pele identificada como preta sem cônjuge e com filhos de até 14 anos, 64% vivem com renda inferior aos R$ 387,07 por pessoa por mês.
Novo levantamento do IBGE mostra em que situação vivem os brasileiros nas áreas urbanas do País e escancara desigualdade social
Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo
20 Dezembro 2017 | 11h02
RIO – O IBGE divulgou nesta quarta-feira, 20, um retrato das condições de vida nas cidades brasileiras. Três em cada quatro pessoas não vivem em situação adequada no País. Se a renda é alta, falta saneamento básico, por exemplo.
Se há acesso a bens de consumo, como máquina de lavar, falta escolaridade, em outros casos. Ou falta tudo. A pesquisa classificou onze tipos de condições de vida, de A (a melhor) até a K (a pior).
O resultado do estudo escancara a desigualdade brasileira. A cidade que tem a maior parcela da população vivendo nas melhores condições é Brasília – 11,2% do total. O Nordeste está na outra ponta: 59,9% dos habitantes vivem nas piores condições.
São Paulo está no meio do caminho: apenas 2,8% vivem muito bem, mas em compensação não há ninguém morando de forma mais precária, segundo os critérios do estudo.
A nova publicação do IBGE classificou onze tipos de condições de vida a partir da análise de diversos critérios, como moradia, saneamento, escolaridade, rendimento e acesso a bens de consumo e internet em concentrações urbanas onde viviam 96,2 milhões de pessoas (metade da população brasileira) em 2010.
Na região Sul, está a maior parcela da população urbana (72,2%) em boas e médias condições de vida; enquanto as piores condições foram identificadas, no Nordeste (59,9%) e no Norte (56,3%). De forma geral, três quartos da população urbana (76,1%) não têm boas condições de vida nas cidades.
Embora não tenha acesso ao novo estudo do IBGE, o cearense José Barbosa de Araújo, de 61 anos, compreende bem o que os números querem dizer. Basta olhar para a casa de apenas um cômodo, localizada na área central de Fortaleza, onde ele vive com a mulher. Geladeira, armário, cama, fogão estão lado a lado no imóvel de um cômodo. Nada de máquina de lavar, nem computador. “Estou me virando desse jeito há 16 anos”, diz o vigia.
Fortaleza está entre as cidades que concentram um porcentual considerável da população na pior categoria, a K: 0,6%, de acordo com o IBGE. Mas há situações mais dramáticas. O destaque negativo vai para São Luis (MA), com 15,8% da população vivendo nas piores condições, seguido de Boa Vista. São Paulo e Rio, por exemplo, não têm moradores enquadrados nessa categoria.
De acordo com o novo levantamento, apenas 23,9% das pessoas que moram em cidades têm boas condições de vida (ou seja, foram classificados nas categorias A, B, C e D). E essas “boas condições” sequer estão presentes na maioria dos conglomerados urbanos.
A cidade com o maior porcentual de pessoas na categoria A é, disparado, Brasília. Depois vem Belo Horizonte, Rio, São Paulo, Florianópolis, Vitória, Porto Alegre, Campinas, Salvador, Fortaleza e Curitiba. E é só.
Ou seja, a grande maioria das cidades brasileiras simplesmente não tem um porcentual significativo de pessoas vivendo nas melhores condições. “As categorias A e B estão muito relacionadas ao poder aquisitivo mesmo”, diz o geógrafo do IBGE Maurício Gonçalves e Silva.
“Isso não quer dizer que não existam pessoas com rendimentos altos em outros lugares, mas sim que esse porcentual não é suficiente para saturar aquela área, ou seja, para caracterizar aquela parte da cidade como A ou B.” Na análise do especialista, a identificação desses padrões pode ser crucial para o planejamento urbano. / COLABOROU CARMEM POMPEU, ESPECIAL PARA O ESTADO