domingo, 24 de setembro de 2017

Carros eletricos, Celso Ming OESP




O carro elétrico lá fora e aqui

Com a matriz energética mundial ficando mais limpa, carro elétrico faz mais sentido do que nunca; e seu maior desafio técnico, a bateria, vem mostrando evoluções bastante positivas nos últimos anos






Celso Ming e Amanda Pupo, O Estado de S.Paulo
23 Setembro 2017 | 15h00
Recebido com ceticismo há sete anos, o carro elétrico veio para ficar e tomar o lugar dos veículos convencionais. A Agência Internacional de Energia informa que, em 2016, foram vendidos no mundo 750 mil veículos elétricos, novo recorde para o modelo.
Sua principal contraindicação parece superada. Não fazia sentido substituir as emissões de gás carbônico através do escapamento pelas das chaminés das termoelétricas, a origem predominante de energia elétrica no Ocidente. Mas a matriz energética mundial está em rápida transformação. As opções limpas, especialmente de fontes solar e eólica, tendem a suplantar a energia suja.
O que ainda segura apostas firmes das montadoras são as limitações técnicas da bateria. Ainda é cara demais (entre 30% e 40% do preço do veículo), pesada demais (cerca de 500 kg) e de autonomia ainda baixa (entre 100 e 300 km) nos modelos mais acessíveis.
Mas os avanços são significativos. Fundamentalmente a mesma usada nos celulares, tende a ficar mais barata, tanto pelo aumento da escala de produção quanto pela atual corrida à mineração do lítio que deve expandir sua oferta. O relatório New Energy Finance de 2017, da Bloomberg, calcula que até 2030, quando 10% da frota mundial será de carros elétricos ou híbridos, o custo dessas baterias terá despencado em 73%. Cinco ou sete anos antes disso, os preços dos veículos elétricos terão se equiparado aos dos atuais modelos a combustão.

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Diferente do Brasil, alguns países já anunciaram metas de estímulo ao carro elétrico, a maioria focando em 2020
Até lá, quem deve ganhar mais espaço nas ruas é o híbrido. Mais barato, por não precisar de bateria com grande autonomia – que consiga percorrer cerca de 700 km até a próxima recarga –, o modelo vai nortear por alguns anos o investimento das montadoras, já que o consumidor ainda precisa se adaptar ao cenário de carros 100% elétricos, com as mudanças no padrão de consumo que eles trazem.
O ponto de virada talvez seja o início do funcionamento da supermontadora da Tesla, em Reno, Estado de Nevada (Estados Unidos). Lá deve ser fabricado o Tesla Model 3, cujo preço de venda está em US$ 35 mil. Já há mais de 400 mil encomendas firmes. Os governos da França e do Reino Unido anunciaram que, até 2040, carros com motores movidos a combustível fóssil não poderão mais ser vendidos. A China também estuda proibição equivalente.
Aqui no Brasil, as coisas parecem emperradas. Quando começou a ser preparado, o programa Rota 2030, a nova política para o setor, pretendia centrar benefícios fiscais na eficiência energética dos carros. Mas, por pressão das montadoras, o novo programa deve incluir os veículos convencionais – na contramão do que acontece no resto do mundo.
A Volkswagen acaba de anunciar investimentos de € 20 bilhões para que todos os modelos do grupo já venham com opções a energia limpa. A Smart avisou que pretende produzir apenas carros elétricos a partir de 2020. Até 2022, a Renault-Nissan planeja vender 12 novos modelos 100% elétricos. A BMW está mais adiantada. Desde 2013 tem marca própria para elétricos e híbridos. As montadoras BYD e Chery anunciaram intenção de produzir carros elétricos no Brasil e a Toyota tem projetos para o Prius por aqui.
No estágio atual do segmento, preço e aumento na oferta tendem a evoluir favoravelmente. Mas o problema do peso e da autonomia da bateria avançam mais devagar. O objetivo é melhorar a densidade energética – para carregar mais e aumentar a autonomia – sem elevar o peso das baterias. A recompensa para quem chegar na frente é muito alta. “A bateria já avançou muito, mas a fronteira dela ainda não foi alcançada”, observa a especialista da FGV Energia Tatiana Bruce.
Outra questão à espera de equacionamento é a provável sobrecarga no sistema elétrico quando a frota ganhar densidade. Mas há quem não veja problema nisso. Estudo da Companhia Paulista de Força e Luz calcula que o consumo adicional de energia ficará entre 0,6% e 1,6%, se o número de elétricos no Brasil atingir entre 4% e 10% do total até 2030.

Brás se firma com condomínios que apostam em serviço de hotel e lazer, FSP




O Brás pode não parecer uma região particularmente residencial com seu comércio pulsante e amplos galpões remanescentes do passado industrial. O bairro tem poucos prédios em comparação com o resto do centro –64,22% das residências estão em edifícios, enquanto Santa Cecília, Bela Vista e Centro têm taxas de verticalização acima de 90%.
A chegada de empreendimentos residenciais, com amplas áreas de lazer, tem tudo para mudar esse cenário.
É o caso do Piscine Station, da construtora Gamaro, cuja área de piscina simula uma praia. Trata-se de um tanque de borda infinita com 45 metros de comprimento, inspirado na piscina do hotel Marina Bay Sands, que fica em Cingapura.
Bruno Santos/Folhapress
Elba Ramalho e Geraldo Azevedo se apresentam na 7ª edição do Rock in Rio, no Parque Olímpico (zona oeste), nesta sexta
O casal Sandra Barbosa e Cesar Moraes com a filha, Maria Clara, no Piscine, onde compraram imóvel
O entorno tentará imitar uma praia com o mobiliário, que incluirá espreguiçadeiras, cadeiras de praia e guarda-sóis, e com a vegetação, repleta de palmeiras.
O condomínio terá ainda um bosque com mais de 2.000 árvores da mata atlântica, de mais de 70 espécies.
"Queremos dar ao morador uma sensação de praia paradisíaca, e que ele tenha o prazer de conviver no condomínio e trazer amigos para desfrutar dos benefícios", diz Vinicius Amaro, diretor de incorporação da Gamaro.
O gerente de projetos Cesar Moraes, 51, comprou um imóvel de 57 metros quadrados no Piscine pensando na diversão da filha Maria Clara, 7. Ele e sua mulher, a administradora Sandra Barbosa, 47, também gostaram da simulação de paraíso natural.
"A praia artificial foi um atrativo, não há como negar, e a área de vegetação chamou muito a atenção", diz Moraes. Na casa em que a família mora hoje, em Cidade Patriarca (zona leste de São Paulo), as opções de lazer são bem mais escassas.
O Piscine terá 894 apartamentos de 40 a 70 metros quadrados, com plantas de um a três dormitórios. O valor médio de metro quadrado é de R$ 6.000.
Outro empreendimento com uma área comum pouco usual no Brás é o Praças da Cidade, da Cyrela, com apartamentos de um ou dois dormitórios e áreas privativas de 55 a 94 metros quadrados. O valor médio do metro quadrado é de R$ 5.200.
O condomínio conta com 15 praças de convivência. A ideia, segundo Eduardo Leite, diretor de incorporação da Cyrela, é dar uma atmosfera de bairro planejado ao empreendimento.
"Queremos oferecer um novo bairro, com praças, árvores, calçadas largas e espaços aconchegantes, para valorizar mais o entorno e a região", diz. A área comum do Praças da Cidade contará com brinquedoteca, churrasqueira, academia e piscina.
COMODIDADE
Os novos prédios do Brás têm outros atrativos além de opções de lazer. O BR Caetano, da Bracon, com apartamentos de um dormitório, com áreas de 27 a 38 metros quadrados, e preço do metro quadrado a R$ 7.000, oferecerá serviços de hotel como arrumação, limpeza, alimentação, personal trainer e gestão patrimonial.
"O principal público do empreendimento é o solteiro jovem", diz Alon Nussbacher, sócio-diretor da Bracon.
Marcelo Justo/Folhapress
SAO PAULO - SP - 18.11.2015 - A eNext, dos irmãos Dante Gabriel, oferece serviços e tecnologia para lojas virtuais. Pela internet, encontraram representantes comerciais nos EUA para oferecer os serviços da empresa naquele mercado.. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, TREINAMENTO)
O microempresário Jorge Minicelli em seu apartamento no BR Caetano, no Brás
Para o microempresário Jorge Minicelli, 36, que viverá sozinho em um apartamento de 32 metros quadrados do BR Caetano, a localização do prédio e a preocupação ambiental do empreendimento -que segue o conceito de "edifício sustentável" –pesaram mais na compra.
"Gostei muito de ideias como captar água da chuva, reaproveitar a água do chuveiro e usar painéis solares. É esse o tipo de vida que quero ter", afirma Minicelli.

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PSDB alimenta Bolsonaro, OESP

PSDB agoniza em praça pública e não consegue se apresentar como opção viável de poder

Vera Magalhães, O Estado de S.Paulo
24 Setembro 2017 | 03h00
Imerso em sua eterna crise existencial, sem conseguir decidir o que pensa sobre o governo Michel Temer, sem ser capaz de definir um calendário para a escolha de seu candidato a presidente e assistindo inerte a uma disputa que ainda é velada, mas tende a se tornar explícita, entre seus dois nomes mais viáveis para 2018, o PSDB vai perdendo relevância política nacional e alimentando o crescimento de Jair Bolsonaro.
Os tucanos parecem ter ficado aturdidos com a debacle do PT. Diante da revelação pela Lava Jato de que o PT, juntamente com seus aliados nos governos Lula e Dilma, ergueu um esquema para se perpetuar no poder à custa de contratos com estatais, o PSDB, em vez de se mostrar capaz de ser uma alternativa àquele modelo de clepto-estatismo, resolveu chafurdar na lama junto com seus arquirrivais.
A disseminação do instituto das delações premiadas fez com que, instados a falar de suas traficâncias com partidos e governos, empreiteiros dissessem o óbvio: que as práticas eram as mesmas no governo federal e em Estados governados por siglas de A a Z, inclusive e em grande medida o PSDB. 
Levados à ribalta da Lava Jato principalmente depois do impeachment, os tucanos passaram a agir em uma espécie de pacto dos afogados com petistas e peemedebistas para melar as investigações. O furacão colheu Aécio Neves, presidente do partido e seu mais bem-sucedido presidenciável desde Fernando Henrique Cardoso. 
Desde então, o PSDB agoniza em praça pública e não consegue se apresentar como uma opção viável de poder numa eleição que se dará sob o signo da reconstrução (política, econômica, ética, estrutural e institucional) do Brasil.
Surgido da costela do PMDB no fim da década de 80 justamente sob um discurso da renovação das práticas políticas e de negação do quercismo, o PSDB foi apenas um partido-butique até o Plano Real: os eleitores admiravam alguns de seus líderes, associados à luta pelas Diretas-Já e a uma centro esquerda iluminista, mas não sufragavam seus nomes em eleições majoritárias.
FHC virou ministro da Fazenda de Itamar Franco, escolheu a equipe que erigiu o Real e, de senador com dificuldade de se reeleger, se tornou presidente eleito em primeiro turno.
Desde aquela eleição e em todas as que se seguiram, o PSDB viu a necessidade de se aliar a partidos à sua direita para chegar ao poder e governar. Foi um Cavalo de Troia para ela, de bom grado.
A roubança promovida pelo PT, que desmoralizou a esquerda e implodiu até os ganhos sociais do primeiro mandato de Lula, encorajou a direita a sair do armário. E o antigo “hospedeiro”, o PSDB, não se mostra capaz de propor uma agenda econômica e política para reconquistar o eleitorado que esteve com ele nesses anos de polarização com o petismo.
Paradoxalmente, ainda são tucanos os dois nomes enxergados pelo mercado e pelas forças políticas tradicionais como viáveis para empunhar as bandeiras das reformas e com a austeridade fiscal. Mas Geraldo Alckmin e João Doria, aliados até ontem, já estão bastante avançados numa disputa por espaço interno e alianças que pode inviabilizar qualquer acordo e levá-los a disputar por partidos diferentes no ano que vem.
Enquanto grassa essa mixórdia no ninho tucano, Bolsonaro cresce sem contraponto, sem questionamento no campo da política e sem que se saiba o que propõe para a economia, educação, saúde ou qualquer tema que não seja segurança pública e uma duvidosa noção de “pureza” política.
Ondas políticas podem se tornar fenômenos irreversíveis se a sociedade se convencer de que não há alternativas. PSDB e seus aliados, de um lado, e o PT e a esquerda, de outro, insistem em fertilizar esse campo.