sábado, 14 de janeiro de 2017

Carlos Neder: Modelo de Alckmin para o Brasil inclui até empresário ficha suja, VIOMUNDO


13 de janeiro de 2017 às 11h25
  
neder, alckmin, quirós edória
Neder: Até dezembro de 2016, o empresário endividado Juan Quirós presdiu a Investe SP, do governo Alckmin; agora, Joâo Doria chamou-o para cuidar dos processos de concessões e privatizações no município de São Paulo. É o modelo tucano de gestão
por Carlos Neder*
Todo mundo sabe. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pretende disputar a presidência da República em 2018.
É fundamental, portanto, que a população, particularmente a de outros estados, saiba como tem sido a gestão dele e do PSDB em São Paulo nos últimos anos.
Para começar, Alckmin age o tempo todo para levar a proposta do Estado mínimo às últimas consequências, ao seu limite. É a sua principal característica.
Nesse processo, é possível identificar três fases que mostram a sua evolução, embora elas coexistam.
A primeira fase diz respeito à gestão privada por meio de Oscips – são organizações da sociedade civil de interesse público — e Organizações Sociais – as OS, teoricamente sob gestão e controle públicos.
Diante das críticas de estar promovendo privatização da gestão e dos fundos públicos, frequentemente o governo Alckmin argumenta que, para evitar isso, existem agências reguladoras. E que basta aprimorar os mecanismos de controle para que o interesse público seja preservado.
Ou seja, Alckmin reconhece que a gestão por Oscip e OS, em diferentes áreas de políticas públicas, é, sim, gestão privada. Mas que o interesse público poderia ser preservado, por meio de bons mecanismos de controle, da atuação das agências reguladoras e da própria atuação do Poder Público.
Infelizmente, várias administrações do Partido dos Trabalhadores embarcaram nessa ladainha de que era necessário lançar mão de mecanismos mais ágeis de gestão – na política de compras e na contratação de pessoal – por OS, mas que, em contrapartida, poderíamos aprimorar o controle sobre elas. Não é o que a experiência tem mostrado e seus custos são crescentes.
A segunda modalidade é a extinção e privatização de órgãos públicos, que já observamos não apenas em São Paulo, mas em vários outros estados, sobretudo em gestões do PSDB e PMDB.
Em decorrência, aumentam as compras no mercado de consultorias e serviços que passam a ser prestados por agentes econômicos em torno de seus interesses privados.
Em São Paulo, destaco a extinção do Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal) e da Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo) e a alienação de patrimônio público autorizada pela Assembleia Legislativa, em detrimento dos institutos públicos de pesquisa, das fundações públicas e autarquias.
Uma terceira modalidade é trazer o setor privado – em especial, grandes grupos econômicos que financiam partidos e campanhas eleitorais — para operar dentro do aparelho de Estado.
Nele, grandes grupos econômicos operam com liberdade e têm acesso privilegiado aos recursos de poder, de modo a adequar o marco legal e as políticas públicas aos seus próprios interesses privados.
Um exemplo dessa política é o que acontece hoje na Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade – mais conhecida como Investe São Paulo –, cujo titular até dezembro era o empresário endividado Juan Quirós [veja PS do Viomundo].
Agora, ele foi chamado pelo prefeito eleito, João Doria (PSDB), para cuidar dos processos de concessões e privatizações no município de São Paulo.
Já se anunciam inúmeras privatizações e concessões, onerosas ou não, que vão dar o caráter da gestão essencialmente privada, de cunho empresarial, no município de São Paulo.
Assim, essas três modalidades coexistem: a gestão por meio das OS, a extinção e privatização de órgãos públicos e a opção por trazer grandes grupos econômicos para operarem dentro do aparelho do Estado.
Em decorrência, o que observamos?
Medidas como PEC 55, recém-aprovada no Congresso Nacional, terão correspondência também no estado de São Paulo, com o encaminhamento de projetos de lei para rever e limitar gastos estaduais e municipais, em detrimento do que está definido nas respectivas Constituições.
Portanto, espera-se que haverá um movimento conservador e elitista para modificar a Constituição do Estado e as Leis Orgânicas dos Municípios, além de um forte movimento contra a vinculação de receitas e a expansão das políticas de inclusão social.
Outro aspecto a ser destacado é o controle que esse tipo de governo exerce sobre o parlamento, bloqueando a qualquer tentativa de investigação com autonomia.
Vimos isso na Assembleia Legislativa em relação a várias questões, entre as quais as sobre a Siemens, a Alstom, a merenda escolar e, agora, a Odebrecht e as propinas denunciadas nas obras do Rodoanel e no DER – Departamento de Estradas e Rodagem -, como é o caso de agentes públicos que estão presos na região de Bauru.
Por fim, há que se registrar outra característica desses governos autoritários, elitistas e antipopulares, como de Alckmin: criminalização e repressão aos movimentos sociais, entidades estudantis, sindicatos, e o crescente esvaziamento político e das conferências e conselhos de gestão compartilhada e cogestão.
Ao longo de 2017, os parlamentos no Brasil e, em especial, a Assembleia Legislativa de São Paulo, deverão se debruçar sobre a candidatura Alckmin, uma das possibilidades para 2018.
Alckmin tentará levar para o plano nacional aquilo que, infelizmente, já observamos no Estado de São Paulo e tende a acontecer na capital.
Carlos Neder é médico e deputado estadual pelo PT-SP.
PS do Viomundo:  Reportagem  publicada em 8 de outubro de 2016, sob título Homem forte de Doria tem bens bloqueados e dívida de R$ 60 milhões, a Folha de S. Paulo diz:

Em novo recurso, Alckmin diz que integração do transporte não precisa de estímulo, OESP

O governador Geraldo Alckmin. Foto: Felipe Rau/ESTADÃO
Em um novo recurso à Justiça para tentar reverter a suspensão dos reajustes nas tarifas do transporte público de São Paulo, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) afirma que as integrações de ônibus com trem e metrô não precisam mais de estímulo financeiro aos passageiros e que o veto aos aumentos propostos vai causar um prejuízo de R$ 1,9 bilhão ao sistema de transporte metropolitano em 2017.
Hoje, o desconto na segunda passagem para o usuário que faz integração ônibus e trilhos (metrô e trem) é de 22,1%, que corresponde a diferença entre duas tarifas cheias (R$ 7,60) e tarifa integrada atual, de R$ 5,92. Com o reajuste de 14,8% aplicado no domingo, 8, e suspenso na terça-feira, 10, que elevou o valor da integração para R$ 6,80, esse descontou caiu para 10,5%, o menor em dez anos.
“Estas reduções do desconto passaram a ser aplicadas a partir do momento em que, entre os anos de 2011 e 2012, foi constatada uma estabilização no número de usuários que utilizam os benefícios da integração tarifária, comprovando que o principal objetivo do oferecimento do desconto, o estímulo à utilização dos diversos modos de transporte público, havia sido alcançado”, afirma o governo Alckmin em seu agravo de instrumento à Justiça.
Agravo. O recurso pedindo efeito suspensivo da liminar que barrou os reajustes foi distribuído nesta sexta-feira, 13, ao desembargador Spoladore Dominguez, da 13.ª Câmara de Direito Público. Ele pode decidir ainda hoje sobre o processo que suspendeu os aumentos de 14,8% na integração ônibus e trilhos, de até 35,7% nos bilhetes temporais, e de 7,1%, em média, nos ônibus intermunicipais da EMTU.
No recurso, o governo paulista negou que a decisão de encampar a promessa de campanha do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e manter a tarifa básica congelada em R$ 3,80, tenha sido política e argumentou que tanto o Metrô quanto a CPTM perderiam passageiros e receita se a gestão estadual tivesse aplicado um reajuste linear pela inflação e elevado o bilhete unitário para R$ 4,05.
“É inegável que as alterações trazidas a efeito pela Resolução STM nº 001/2017 guardam alguma relação com a decisão do Sr. Prefeito do Município de São Paulo de manter o valor da tarifa básica dos ônibus municipais. Todavia, esta decisão foi tomada em caráter exclusivamente técnico, entendendo-se que, a partir do momento em que congelado o valor da tarifa municipal, o aumento da tarifa básica do transporte metropolitano, no sistema metroferroviário, traria efeitos deletérios às próprias companhias, prejudicando o serviço adequado de transporte público metropolitano de passageiro”, afirma.
Ao todo, Alckmin sofreu três derrotas na Justiça envolvendo os aumentos das tarifas. Todas as decisões mencionaram que o governo paulista não havia apresentado razões técnicas que justificassem o reajuste parcial, que fez com que moradores de regiões mais afastadas do centro da cidade pagassem mais caro por suas viagens, enquanto a população da região central, que não precisam fazer integração, foram beneficiados pelo congelamento da tarifa básica em R$ 3,80.
No novo recurso, que conta com 1.148 páginas, a Procuradoria-Geral do Estado anexou todos os contratos de concessão de linhas de ônibus intermunicipais da EMTU, além de tabelas de custos, projeções de receita e de passageiros nos cenários de congelamento total das tarifas e ou reajuste linear de todas as passagens pela inflação.
Leia o recurso aqui:

Documento

Derrotas. O Estado já sofreu três derrotas jurídicas na tentativa de implementar reajuste parcial nas tarifas. A primeira foi uma liminar concedida no dia 6, pelo plantão judiciário, atendendo ação popular movida pela bancada do PT na Assembleia Legislativa, que pedia a suspensão dos reajustes. A efetividade a decisão, no entanto, só ocorreu no dia 9, uma vez que o governador Alckmin não foi localizado pelo oficial de Justiça para ser intimado e o governo recusou a notificação.
Mesmo sem ser citado, o governador ingressou com uma ação cautelar pedindo a suspensão da liminar diretamente ao presidente do Tribunal de Justiça, Paulo Dimas. Mas o desembargador indeferiu o pedido alegando falta de detalhamento técnico que justificasse o aumento da integração acima da inflação como compensação ao congelamento da tarifa básica.
Já no dia 10, após a citação de Alckmin e a redução das tarifas, houve a terceira derrota: a juíza Simone Viegas Moraes Leme, da 15.ª Vara da Fazenda Pública, ampliou os efeitos da primeira decisão liminar para todas as linhas de transporte coletivo sob responsabilidade do governo estadual — o que incluiu os ônibus intermunicipais da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) de todo o Estado, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista e o trólebus do Corredor ABD, que liga o ABC à zona sul da capital.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Justiça afasta professor da USP por ‘uso de aparelho para fins particulares’ Oesp


USP. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
USP. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
O Ministério Público do Estado conseguiu na Justiça decisão que afasta provisoriamente o professor Antonio Herbert Lancha Júnior do cargo que ocupa na Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo (USP). O pedido de afastamento havia sido feito pela Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da capital no âmbito de uma ação sobre o uso, ‘para fins particulares, de uma máquina de propriedade da USP’.
De acordo com investigação realizada pelo Ministério Público, Lancha Júnior usou o aparelho ‘Bod Pod’ em consultas particulares, realizadas nas dependências da Vita Clínicas, empresa conhecida como Instituto Vita. O ‘Bod Pod’ serve para medir porcentuais de massa magra e de gordura por meio do deslocamento do ar.
Antonio Herbert Lancha Junior. Foto: Reprodução/USP
Antonio Herbert Lancha Junior. Foto: Reprodução/USP
Ainda segundo o Ministério Público, o professor ‘cobrou de seus pacientes por exames de plestimografia realizados com o aparelho da USP, revertendo os valores obtidos à empresa Quality of Life, constituída pelo próprio professor e por sua esposa, e também ao Instituto Vita’.
Ainda segundo a Promotoria, ‘o profissional fez uso de meios fraudulentos para impedir que o uso particular da máquina fosse de conhecimento das autoridades competentes, chegando a ameaçar e causar embaraços a quem tentava utilizar o equipamento de forma regular’.
Apesar de ter sido adquirida com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e doada à Escola de Educação Física e Esporte da USP, ‘a máquina nunca chegou a ser instalada nas dependências da faculdade, fato que foi alvo de investigação interna’, destacou a Promotoria.
Na sindicância, Lancha Junior alegou que uma das justificativas para manter o ‘Bod Pod’ no Instituto Vita ‘era a indisponibilidade de local apropriado para instalação do equipamento da faculdade’.
“Isto, destaca-se, em nenhum momento ficou comprovado ou demonstrado, sequer levantado como justificativa no pedido oficial realizado pelo demandado”, afirma a petição inicial da ação, assinada pelo promotor de Justiça Nelson Luís Sampaio de Andrade.
Na decisão que determinou o afastamento do professor, a 15.ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo considerou que existe ‘prova inequívoca suficiente para convencimento da verossimilhança da alegação’ e ‘fundado receio de dano de difícil reparação’.
A reportagem não localizou o professor Lancha Júnior. O espaço está aberto para manifestação do professor.