segunda-feira, 11 de julho de 2016

Osram fecha fábrica de lâmpadas, Valor Econômico


A última fábrica de lâmpadas tradicionais do Brasil fechou as portas na semana passada. A alemã Osram, que está em meio a um processo de reestruturação global, encerrou na sexta-feira a produção de lâmpadas incandescentes, fluorescentes e de vapor de sódio em Osasco (SP), que já foi um dos maiores complexos da indústria no país. Agora, apenas os funcionários das áreas de vendas, administrativa e de suporte permaneceram na operação brasileira, para dar assistência à marca na região.
A Osram foi também a última, entre as grandes do setor, a abandonar a produção local, que foi substituída por importações. Em 2009, a GE fechou as portas da fábrica de lâmpadas incandescentes do Rio de Janeiro. A Sylvania, cujo controle acaba de ser comprado pela Feilo Acoustic, de Xangai, também deixou de produzir e passou a importar o produto da China. No ano seguinte, a Philips anunciou o encerramento das atividades na fábrica de Mauá (SP).
Esse declínio da indústria no país, que hoje é formada por montadores de lâmpadas de LED (do inglês Light Emitter Diode) e fabricantes de luminárias com LED incorporado, foi influenciado pela demanda crescente por lâmpadas de menor consumo de energia. Mudanças na legislação, decorrentes de recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) dentro de seu programa ambiental, aceleraram esse processo.
No fim dos anos 2000, a grande concorrência às lâmpadas incandescentes vinha das compactas fluorescentes (CFL), que são produzidas principalmente na Ásia. Cada vez mais, porém, as lâmpadas de LED tendem a ficar com uma parcela maior do mercado.
“Essa transformação tem ocorrido porque as lâmpadas de LED têm grandes vantagens sobre as tradicionais, como maior eficiência, maior vida, não levar metais pesados, permitir a regulagem completa de luz”, enumera Isac Roizenblatt, diretor técnico da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Além da transformação tecnológica e da concorrência com os asiáticos, diz Roizenblatt, contribuiu para o fim da produção local o processo de retirada das lâmpadas incandescentes do mercado, iniciado em 2010 e que se completa em 1º de julho, conforme previsto em lei.
No ano passado, de acordo com a Abilux, o consumo de lâmpadas de LED no país foi de 80 milhões de unidades, com crescimento estimado de 30% para 2016. Essa alta, a despeito da perspectiva de encolhimento de 7% da indústria de iluminação, será impulsionada pelo avanço do LED no mercado dos demais tipos de lâmpadas.
Em 2015, o consumo de lâmpadas halógenas foi de 80 milhões de toneladas, atrás das CFL (250 milhões de unidades) e da fluorescente tubular (100 milhões). Lâmpadas de vapor de sódio e metálico responderam por outras 10 milhões de unidades. “Todas com perspectiva de queda em 2016″, diz o diretor da Abilux.
Em nota, a Osram confirma que, “devido a uma mudança estrutural no mercado que está se deslocando do negócio tradicional de iluminação para um novo modelo focado em produtos de iluminação mais econômicos com base LED”, foi preciso adotar novo posicionamento estratégico. “Essa estratégia inclui, entre outras, o realinhamento da companhia por meio da estruturação do negócio de lâmpadas como uma companhia independente e o início de iniciativas de inovação com base em tecnologias de base LED”, acrescenta.
Mundialmente, a companhia, que já foi parte da Siemens, está separando juridicamente a área de lâmpadas dos demais negócios.
A queda das vendas no mercado de iluminação tradicional, segue, teve impacto nas unidades produtivas, “que precisam refletir a demanda atual e futura de produtos”. “A decisão de encerrar esta operação [de Osasco] é um passo difícil mas necessário para focar nossos recursos em atender as necessidades do mercado e garantir um futuro necessário”, acrescenta.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, dos 240 funcionários da fábrica, 160 foram demitidos. Os demais foram transferidos para setores que continuarão em funcionamento, como o de logística, para manter o abastecimento do mercado brasileiro com lâmpadas de LED importadas.
Na última quarta-feira, trabalhadores da unidade aprovaram um pacote de benefícios negociado com o sindicato. Segundo o sindicato, a Osram estava instalada há 61 anos em Osasco, como uma das principais fabricantes de lâmpadas do país. “O fechamento da fábrica foi uma opção da empresa, que concluiu pela inviabilidade da fabricação de lâmpadas leds na unidade, preferindo importar este e outros tipos de lâmpadas”, diz.
Para Roizenblatt, da Abilux, há margem para que novas empresas importem o chip de LED e montem lâmpadas no país. Mas é improvável que o chip em si, hoje produzido sobretudo na China, tenha produção local. “Fazer o chip mesmo dificilmente vai acontecer, porque o Brasil perdeu o bonde da história ao não elaborar uma política industrial para iluminação”, afirma. [Fonte: Valor Econômico

Mapa dos investimentos em São Paulo 2014/15 Seade

https://www.seade.gov.br/produtos/midia/2016/02/Investimentos_anunciados_2014.pdf


PCC ficou com maior parte de R$ 138 mi roubados de transportadoras, OESP


Alexandre Hisayasu,
O Estado de S.Paulo
11 Julho 2016 | 03h01
SÃO PAULO - O Primeiro Comando da Capital (PCC) é o responsável pelos três grandes roubos a empresas de transportes de valores ocorridos nos últimos quatro meses e que renderam pelo menos R$ 138 milhões aos criminosos, segundo as investigações do Departamento de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de São Paulo. 
Os policiais têm uma lista de indícios que ligam as três ações, ocorridas em março, na sede da Protege, em Campinas; em abril, na Prosegur, em Santos; e a última, na semana passada, também na Prosegur, em Ribeirão Preto. Para os investigadores, os crimes foram planejados pelo mesmo grupo, que reuniria três bandos em uma espécie de consórcio criminoso.
Foto: Divulgação
ctv-tqk-roubo-12
Bando alugou chácara com piscina e churrasqueira para planejar roubo de R$ 65 milhões em Ribeirão Preto
Uma agenda apreendida com ladrões que roubaram a Protege, em Campinas, revelou que o chefe do bando recebeu R$ 2 milhões e uma pequena parte foi dividida entre os demais bandidos que participaram da ação – cada um recebeu até R$ 100 mil. Dos R$ 48 milhões levados, cerca de R$ 30 milhões foram direto para o PCC, segundo estimativa dos policiais.
A suspeita é que o mesmo aconteceu nos demais roubos. Segundo o delegado Fabiano Barbeiro, dentro do PCC existem grupos especializados em praticar crimes específicos. “Existe o bandido chamado ‘dono do trampo’, que tem a informação privilegiada de como conseguir roubar a empresa de transporte. Ele, junto com outros criminosos da chamada cúpula, contratam outras quadrilhas para executar cada etapa da ação. Uma cuida do aluguel das armas, outra dos carros blindados, outra do local para guardar os veículos, outra contrata quem sabe detonar explosivos, e assim por diante.”
Quando o roubo é bem-sucedido, o “dono do trampo” recebe uma boa parte do dinheiro, enquanto os demais ganham uma porcentagem menor. O delegado Barbeiro diz que o dinheiro do PCC é investido na compra de drogas e armas na Bolívia e no Paraguai. As armas são mantidas em paióis e alugadas para quadrilhas.
Foto: Divulgação
ctv-lmp-roubo-13
Policiais civis acharam arsenal na zona leste
Combate. Para enfrentar as quadrilhas do PCC, o Deic obteve do Comando Militar do Sudeste (CMSE) autorização para usar as armas apreendidas com os criminosos. Os policiais ficam como fiéis depositários de fuzis e metralhadoras.
Para o delegado, os policiais estão se adaptando para enfrentar as estratégias do consórcio de quadrilhas. Elas usam aplicativos (WhatsApp, por exemplo) para evitar interceptações telefônicas. Assim, os agentes retomaram costumes antigos, como o uso de informantes que se infiltram nos bandos. “Não há nada que impeça o policial de investigar um crime.”
Barbeiro traça um perfil das ações dos ladrões: eles alugam casas nas cidades onde preparam os roubos e usam armas das Forças Armadas, como metralhadoras calibre .50, capazes de perfurar blindagens de carros-fortes e derrubar helicópteros, além de fuzis AR-15 e AK-47. Os bandidos explodem cofres e portões das transportadoras e cercam as entradas principais das rodovias das cidades com homens armados, que incendeiam caminhões para barrar a chegada da polícia. Em todos os casos, houve longos tiroteios com policiais, e carros blindados foram usados na fuga. Três PMs e dois moradores de rua morreram nas ações.
Até agora, foram recuperados R$ 8,9 milhões, dinheiro que estava em um malote que os bandidos deixaram cair na fuga da Prosegur, em Santos, e quatro criminosos do roubo em Campinas foram presos.
Com André Roberto da Silva, o Dequinha, os policiais acharam maços de dinheiro com perfurações de tiro. Um técnico da Protege disse que as notas eram da sede da empresa. Samuel Santos e Airton Francisco de Almeida, o Ranfeim, foram presos em um dos carros usados na ação. Com eles foram apreendidos fuzis, um balde com cartuchos, inclusive de .50, radiocomunicadores, coletes à prova de bala e toucas ninja. Eles eram encarregados de garantir a segurança do bando.
Por fim, com Fábio de Souza, os policiais localizaram mais fuzis e munições. Em outra ação, em maio, o Deic apreendeu, na Cidade Tiradentes, zona leste, sete fuzis, metralhadora .50 e munições. Ninguém foi preso.
Perfil. Luciano Castro de Almeida, o Zequinha
Chefe de bando está foragido desde 2002
 O Departamento de Investigações Criminais tem convicção de que Luciano Castro de Almeida, o Zequinha (foto), é um dos organizadores dos roubos às empresas de transporte de valores. Em 13 de agosto de 2001, ele participou de um assalto a um banco, no Guarujá, no litoral sul. Os bandidos foram presos na casa de um político da cidade, também detido. Zequinha, que seria do PCC, foi condenado e fugiu da antiga Casa de Detenção, em 2002, e nunca mais foi preso. Ele, segundo a polícia, participou de um assalto ao Magazine Luiza, em maio de 2015, em Campinas. Os bandidos usaram dois caminhões para roubar eletrodomésticos e eletroeletrônicos. 

MAIS CONTEÚDO SOBRE: