Publicado em: 13/11/2015 14:39:00
A barragem rompeu, a catástrofe se espalha ao longo do Vale do Rio Doce deixando como herança dezenas de milhões de metros cúbicos de lama ferruginosa. Uma lama que vai matar o rio, sua flora e fauna e que deverá inviabilizar o cultivo nas áreas afetadas.
A pergunta proativa que devemos fazer é: o que fazer com essa lama?
Remover e estocar ou será que essa lama, ao invés de uma maldição, não pode ser o início de uma atividade econômica de grande impacto positivo na população atingida?
Existem formas de transformar esta lama em riquezas?
A resposta é sim!
Rejeitos de minas de minério de ferro vêm sendo objeto de estudos em vários lugares do mundo e podem ser usados como matéria-prima de vários produtos industriais, alguns nobres como veremos abaixo.
Na China os rejeitos de minas de minério de ferro estão sendo usados, com sucesso, em concretos de ultra-alta performance os UHPC. Os chineses chegaram a conclusão que a lama dos rejeitos na proporção de 40% melhoram as propriedades físicas do concreto aumentando a flexibilidade dos mesmos.
Na Nigéria resultados altamente positivos foram obtidos com rejeitos de 20% de ferro misturados ao concreto.
Vários estudos sobre o uso de rejeitos de minério de ferro em concreto foram feitos e publicados no International Journal of Research in Engineering and Technology. Estes estudos concluíram que o concreto aumenta sua resistência à compressão e flexão.
Os indianos chegaram às mesmas conclusões recomendando o uso de lama ferruginosa nos concretos.
Além do concreto existem várias outras aplicações que usam a lama ferruginosa.
Um estudo feito na Universidade Federal do Mato Grosso por Bertocini e Aristimunho, mostra que a substituição da areia por pó de lama de rejeito seca (20%) aumenta as propriedades mecânicas do cimento Portland.
Estes pesquisadores também chegaram à conclusão que a substituição da areia entre 60 a 100% pode ser utilizada vantajosamente na construção de pisos e pavimentos.
O uso da lama ferruginosa na indústria cerâmica, na construção de telhas, lajotas e tijolos foi estudado em muitos laboratórios.
Tijolos de lama com silicato de sódio apresentaram desempenhos ótimos podendo ser comprimidos a 50,35Mpa, o que os torna superiores ao padrão internacional. Tudo isso com uma redução de custo de 40%.
O que se vê é que existem inúmeros estudos científicos, feitos em universidades e laboratórios certificados que demonstram sem sombra de dúvida que os rejeitos e a lama das barragens podem ser utilizados economicamente.
Em outras palavras é possível reverter o quadro de desgraça que assola o Vale do Rio Doce e iniciar uma atividade industrial econômica usando a lama como matéria prima.
Aquelas margens cobertas por metros de uma lama estéril poderão ser lavradas produzindo produtos de grande valor que irão enriquecer os habitantes dos locais atingidos.
Portanto fica aqui a nossa sugestão sobre o assunto, que deverá revolucionar a região e transformar uma desgraça em uma oportunidade:
• Criar um laboratório para estudos de caracterização e uso das milhões de toneladas de lama depositadas em Mariana. Este laboratório deve ser financiado pela Samarco ou pelo dinheiro apreendido da mineradora e pode funcionar em convênio com uma Universidade de Minas Gerais que tenha know-how na indústria cerâmica e cimenteira.
• Criar escola técnica para que os jovens locais possam desenvolver um conhecimento de como operar as indústrias a serem implantadas.
• Financiar indústrias cerâmicas e cimenteiras, (com o dinheiro de multas da Samarco) que atuem ao longo das margens devastadas onde existem grandes acumulações da lama matéria-prima. Preferencialmente o lucro destas indústrias deverá ser revertido às populações atingidas e à recuperação do meio ambiente.
• Criar um selo verde que irá caracterizar todos os produtos derivados da lavra e aproveitamento da lama de Mariana para que o consumidor saiba que está comprando um produto que está despoluindo.
• Isentar de impostos todos os produtos advindos destas indústrias.
Governantes de Minas, pensem nisso como uma oportunidade de mudar a vida de seus cidadãos e mitigar, pelo menos um pouco, as imensas perdas que estes estão sofrendo.
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Autor: Pedro Jacobi