sexta-feira, 28 de março de 2014

Deputados estaduais viram alvo de investigação


Procuradores pedem ao TJ autorização para ouvir 6 suspeitos de terem recebido propina da Máfia do Asfalto

28 de março de 2014 | 2h 05

O Estado de S.Paulo
A Procuradoria-Geral de Justiça abriu investigação para apurar se cinco deputados estaduais e um ex-deputado receberam propina da Máfia do Asfalto. Comandada pelo empresário Olívio Scamatti, dono do grupo Demop, a quadrilha é suspeita de fraudar, em 78 prefeituras do noroeste paulista, licitações que eram pagas com verbas de emendas parlamentares.
Os seis investigados são os deputados Carlos Cezar (PSB), Ênio Tatto (PT), Gilmaci Santos (PRB), Jooji Hato (PMDB) e Sebastião Santos (PRB), além do conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM) João Antonio, que foi empossado em fevereiro no tribunal após renunciar ao mandato de deputado estadual, cargo pelo qual foi eleito pelo PT.
Os procuradores pediram ao Tribunal de Justiça autorização para tomar depoimentos e obter novos documentos que mostrarão se emendas dos seis deputados pagaram licitações vencidas pela quadrilha.
Planilha de Scamatti apreendida pela Polícia Federal sugere pagamentos mensais da Máfia, entre 2011 e 2013, para deputados estaduais e federais, além de prefeitos. O documento consta de um pen drive do empresário recolhido pelos investigadores quando Scamatti foi preso, por ocasião da deflagração da Operação Fratelli, que apurou o caso.
Para os promotores que investigaram o caso, as planilhas com nomes e valores "são indicativo da possibilidade de pagamento de propinas". Eles não investigaram os parlamentares. Por causa da prerrogativa de foro, os deputados estaduais só podem ser investigados pela Procuradoria-Geral de Justiça.
Outros quatro deputados ou ex-deputados estaduais aparecem na planilha de Scamatti: o delator da venda de emendas, Roque Barbiere (PTB); Itamar Borges (PMDB); Geraldo Vinholi (PSDB), atual prefeito de Catanduva; e Donisete Braga (PT), atual prefeito de Mauá. O Ministério Público não explicou porque eles não foram incluídos na investigação.
Envelopes. No material apreendido na casa de outro integrante da quadrilha, Osvaldo Ferreira Filho, o Osvaldinho, apontado como intermediário entre a Máfia e o mundo político, foram encontrados diversos envelopes de prefeituras do interior solicitando verba de emendas a vários deputados. Também havia cartas de agradecimento a parlamentares pelas emendas.
Osvaldinho foi, por oito anos, assessor do atual chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido (PSDB), quando este era deputado estadual (2003-2006) e federal (2007-2010). Alguns dos parlamentares citados, como Gilmaci Santos, Ênio Tatto e Carlos Cesar destinaram emendas para cidades onde não tiveram nenhum ou quase nenhum voto.
Gilmaci, por exemplo, destinou, em 2011, oito emendas para sete cidades onde não teve nenhum voto, e outra na qual teve apenas dois, todas para realização de recapeamento asfáltico e todas no valor de R$ 150 mil, limite legal para que as prefeituras possam dispensar a licitação. Todas as obras foram executadas pelo grupo Demop. 

quinta-feira, 27 de março de 2014

por que derrubar o minhocão

Marcelo Rubens Paiva
26.março.2014 12:12:15



MINHOCÃO é das obras mais infelizes e horrorosas de São Paulo.
Com o infeliz nome de Elevado Costa e Silva, foi construído pelo então prefeito interventor não-eleito, o jovem engenheiro Paulo Maluf, no começo dos anos 1970, que passou o trator sobre parques, rios e praças, numa intervenção urbanística mal planejada, que destroçou com uma cidade bonita, europeia, modernista.
Como era ditadura, não se pôde protestar contra tamanho absurdo.
A ironia é que o elevado desembocava justamente na EUCATEX, fábrica de móveis da família Maluf.
Degradou a antes glamorosa Av. São João e destruiu a Praça Marechal Deodoro.
Simbólico: a praça em homenagem ao líder do movimento republicano foi atravessada por um elevado com nome de um ditador.
Existe um movimento para demoli-lo.
Como em muitas cidades (Londres, San Francisco, Nova York, Paris, até no Rio de Janeiro), mal planejados elevados foram posteriormente demolidos.
Projeto de Lei transforma o Elevado Costa e Silva num “Parque Suspenso”.
Para quem não sabe, por conta do barulho e poluição, já que atravessa uma densa área residencial, ele fica fechado às noites [à partir das 21h], e aos domingos.
Intervenções já organizaram festivais de comida, até uma piscina.
Mas a verdade é que ele deveria vir abaixo.
Basta checar a imagem de 1942, de Benedito Junqueira Duarte [acervo da Casa da Imagem].
E ver o que a cidade perdeu.

65% dos brasileiros acham que mulher de roupa curta merece ser atacada


Pesquisa divulgada pelo Ipea mostra percepção da população em relação a temas polêmicos

27 de março de 2014 | 15h 03

Lígia Formenti - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A maioria dos brasileiros concorda com a ideia de que marido que bate na esposa deve ir para a cadeia, revela pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 27, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o trabalho se baseou na entrevista de 3.810 pessoas, residentes em 212 municípios no período entre maio e junho do ano passado.
A pesquisa mostra que 91% dos entrevistados concordam total ou parcialmente com a prisão dos maridos que batem em suas esposas. O estudo alerta, no entanto, que é prematuro concluir, com bases nesses dados, que a sociedade brasileira tem pouca tolerância à violência contra a mulher. "Há uma ambiguidade do discurso", afirmam os autores.
Dos entrevistados, 63% disseram concordar com a ideia de que "casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre membros da família".
Causou espanto entre os próprios pesquisadores o fato de que 65% disseram concordar com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", algo que deixa claro para autores do trabalho a forte tendência de culpar a mulher nos casos de violência sexual.
Para autores, um número significativo de entrevistados parece considerar a violência contra a mulher como uma forma de correção. A vítima teria responsabilidade, seja por usar roupas provocantes, seja por não se comportarem "adequadamente."
A avaliação tem como ponto de partida o grande número de pessoas que diz concordar com a frase: se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros. O trabalho indica que 58,5% concorda com esse pensamento. A resposta a essa pergunta apresenta variações significativas de acordo com algumas características. Residentes das regiões Sul e Sudeste e os jovens têm menores chances de concordar com a culpabilização do comportamento feminino pela violência sexual.
A pesquisa não identifica características populacionais que determinem uma postura mais tolerante à violência, de forma geral. Os primeiros resultados, no entanto, indicam que morar em metrópoles, nas regiões mais ricas do país, ter escolaridade mais alta e ser mais jovem aumentam a probabilidade de valores mais igualitários e de intolerância à violência contra mulheres. Autores avaliam, porém, que tais características têm peso menos importante do que a adesão a certos valores como acreditar que o homem deve ser cabeça do lar, por exemplo.