terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Quem deveria ficar "nervosinho"

CLÓVIS ROSSI

Um estranho país em que os ricos batem recorde de pessimismo, mas os pobres parecem contentes
Há algo de profundamente errado em um país, um certo Brasil, em que os ricos choram (e de barriga cheia), ao passo que os pobres parecem relativamente felizes. Na ponta dos mais ricos, refiro-me à pesquisa da consultoria Grant Thornton que o caderno "Mercado" publica hoje, páginas adiante, e que mostra um absurdo recorde de pessimismo entre os executivos brasileiros.
Na ponta dos pobres, valem as sucessivas pesquisas que mostram satisfação majoritária com o governo Dilma Rousseff, a ponto de 11 de cada 10 analistas apostarem, hoje por hoje, na reeleição da presidente. Como ninguém vota em governo que o faz infeliz, só se pode concluir que uma fatia majoritária dos brasileiros, especialmente os pobres, está rindo.
Que a economia brasileira tem problemas, ricos, pobres e remediados estão cansados de saber. Problemas conjunturais (o crescimento medíocre dos anos Dilma ou a forte queda do saldo comercial, por exemplo). Problemas estruturais que se arrastam há tantos séculos que nem é preciso relacioná-los aqui. Daí, no entanto, a um pessimismo recorde vai um abismo. Um país em que há pleno emprego e crescimento da renda não pode ser campeão de pessimismo nem pode ficar em 32º lugar, entre 45, no campeonato mundial de pessimismo. É grotesco.
Grotesca igualmente é uma das aparentes razões para o surto de pessimismo que vem grassando desde meados do ano passado. Seria a diminuição do superavit primário, ou seja, do que sobra de dinheiro nos cofres públicos depois de descontadas as despesas e tem servido exclusivamente para o pagamento dos juros da dívida. Foi por isso que o ministro Guido Mantega apressou-se a divulgar os dados de 2013, para acalmar os "nervosinhos".
Quem deveria ficar nervoso, mas muito nervoso, não apenas "nervosinho", é exatamente quem está contente com o governo.
Basta fazer a comparação: os portadores de títulos da dívida pública (serão quantos? Um milhão de famílias? Cinco milhões no máximo?) receberam do governo, no ano passado, R$ 75 bilhões. É exatamente quatro vezes mais do que os R$ 18,5 bilhões pagos às 14 milhões de famílias (ou 50 milhões de pessoas) que recebem o Bolsa Família.
Quatro vezes mais recursos públicos para quem tem dinheiro para investir em papéis do governo do que para quem não tem renda. Seria um escândalo se os pobres tivessem voz. Mas quem a tem são os rentistas que ficam reclamando da redução do que recebem, como se houvesse de fato a mais remota hipótese de que o governo deixe de honrar sua dívida. Fazem um baita ruído com os truques contábeis que permitiram o superavit, mas não dizem que, com truque ou sem truque, a dívida líquida diminuiu este ano, de 35,16% do PIB em janeiro para 33,9% em novembro, última medição disponível.
Ou, posto de outra forma: o governo, supostamente irresponsável, gasta menos do que arrecada e ainda pinga 1,3% de tudo o que o país produz de bens e serviços na conta dos mais ricos e apenas 0,4% na dos pobres entre os pobres. E os ricos ainda choram.

Serasa apura queda de pedidos de falência em 2013

DENILSON AZZONI - Agencia Estado
SÃO PAULO - O número de pedidos de falência caiu 8,9% no ano passado em relação a 2012. Foram registrados 1.758 pedidos em todo o País em 2013, informou nesta terça-feira, 7, a Serasa Experian. Em 2012, o número total havia ficado em 1.929 requerimentos. O resultado do ano passado foi o segundo melhor desde 2005, quando entrou em vigor a nova Lei de Falências, atrás somente dos 1.737 pedidos efetuados em 2011.
Na distribuição de acordo com o porte das empresas, as micro e pequenas lideraram o volume de falências em 2013, com 1.014 registros. As médias empresas responderam por 433 pedidos e as grandes, por 311.
Em nota distribuída à imprensa, os economistas da Serasa Experian observaram que "a trajetória de recuo dos níveis de inadimplência do consumidor ao longo do ano passado e o crescimento econômico maior que o observado em 2012 compensaram a elevação do custo financeiro para as empresas e proporcionaram redução dos pedidos de falências".

Produção de veículos soma 3,7 milhões em 2013 e bate recorde, diz Anfavea

No ano, crescimento foi de 9,9%; vendas, porém, caíram 0,9% em 2013

07 de janeiro de 2014 | 11h 05

Beatriz Bulla e Carla Araujo, da Agência Estado
SÃO PAULO- A produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no mercado brasileiro somou 3.740.418 unidades em 2013, o que representa uma alta de 9,9% em relação a 2012, um novo recorde, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No último mês do ano passado, a produção somou 235.858 unidades, o equivalente a uma queda de 18,6% na comparação com novembro e a um recuo de 12,7% ante dezembro de 2012.
Considerando apenas automóveis e comerciais leves, a produção em 2013 atingiu 3,5 milhões de unidades - Estadão
Estadão
Considerando apenas automóveis e comerciais leves, a produção em 2013 atingiu 3,5 milhões de unidades
Em 2012, a produção havia recuado 1,9%, para 1,9%, para 3,34 milhões de unidades. O recorde anterior havia sido em 2011, quando foram produzidos 3,406 milhões de carros.
Apesar do bom resultado da produção, as vendas decepcionaram. As vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus acumularam um total de 3.767.370 unidades em 2013, o que equivale a um recuo de 0,9% em relação ao total comercializado em 2012. Na semana passada, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) havia afirmado que o IPI menor impediu uma queda ainda maior das vendas.
Em dezembro, as vendas superaram em 16,8% as do mês anterior, com 353.843 unidades, e recuaram 1,5% na comparação com dezembro de 2012, quando foram vendidas 302.939 unidades.
Considerando apenas automóveis e comerciais leves, a produção em 2013 atingiu 3.510.003 unidades, o que representa uma alta de 8,6% sobre 2012. Em dezembro, a produção desses veículos alcançou 226.108 unidades, queda de 16,8% ante o mês anterior e recuo de 11,9% sobre o último mês de 2012.
A produção de caminhões atingiu 190.304 unidades em 2013 - o que representa um avanço de 43,1% ante 2012 - e somou 8.105 veículos em dezembro - diminuição de 43,9% ante novembro e queda de 9,0% sobre dezembro de 2012. No caso dos ônibus, foram produzidas 40.111 unidades no ano passado, aumento de 9,5% sobre 2012, e ainda 1.645 unidades em dezembro, queda de 50,4% ante novembro e diminuição de 37,4% sobre dezembro de 2012.
Flex. A fatia de automóveis e veículos comerciais leves bicombustíveis (flex) sobre o total comercializado atingiu 88,4% em dezembro de 2013, acima da participação registrada em novembro (88,0%). Ao todo, os veículos flex somaram 297.333 unidades no mês passado. Em dezembro de 2012, a participação das vendas de veículos flex foi de 88,4%. Na média de 2013, a fatia comercializada de veículos flex ficou em 88,5%, com 3.169.111 unidades, ante 87,0% na média do ano anterior, ou 3.162.874 unidades.
Emprego. O setor automotivo encerrou dezembro com 153.474 empregados, o que representa uma baixa de 1% em relação a novembro. Na comparação com dezembro de 2012, houve avanço de 2,7% no contingente de empregados, considerando autoveículos e máquinas agrícolas.
O segmento de autoveículos registrou, em dezembro, uma queda de 1,1% ante novembro no contingente de empregados, totalizando 131.632. Em relação a igual mês de 2012, o avanço foi de 1,3%.
Já o segmento de máquinas agrícolas finalizou dezembro com a diminuição de 0,5% no número de empregados na comparação com novembro e registrou 21.842 funcionários. Na comparação com dezembro do ano anterior, houve uma alta de 11,7%.