terça-feira, 5 de março de 2013

Maioria da classe média já tem casa própria



Levantamento do Data Popular também mostra que 7,9 milhões de famílias querem comprar um imóvel

19 de fevereiro de 2013 | 2h 07
LUIZ GUILHERME GERBELLI - O Estado de S.Paulo
A maioria das famílias brasileiras da classe média já possui casa e apartamento próprios. Segundo um levantamento nacional do Instituto Data Popular, 75% das famílias estão nessa condição, enquanto 18% vivem de aluguel, e 7% em moradias cedidas.
O instituto segue o critério de classificação socioeconômica da Secretaria de Assuntos Estratégicos. As famílias inseridas na classe média têm renda mensal entre R$ 1.110 e R$ 3.875. Elas somam 31,4% da famílias ou 54% dos domicílios brasileiros.
No recorte por região, a maior concentração de brasileiros com casa própria está no Nordeste (80%). O menor número está no Centro-Oeste. Nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e o Distrito Federal, a posse de casas e apartamentos é de 62%, enquanto 28% são residências alugadas e 10% cedidas.
"As pessoas no Nordeste passaram a ter uma relação mais forte com o seu local de moradia, com a sua terra. Isso também é consequência da diminuição da migração e do aumento do emprego na região", diz Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.
O levantamento também apontou que 7,9 milhões de famílias pretendem adquirir um imóvel nos próximos dois anos. "Essa demanda de quase 8 milhões não pode ser traduzida pela fuga do aluguel. Na verdade, estamos falando de novas famílias que estão surgindo e que não querem morar na casa dos pais", afirma Meirelles.
Na prática, de acordo com ele, existe uma nova geração de brasileiros que está constituindo família. "A classe C ganha 1,2 milhão de novas famílias por ano. Parte é de pessoas que estão casando e constituindo família e parte é de pessoas que saem da classe D", afirma o diretor do instituto.
Em 2009, de acordo com o Data Popular, a quantidade de brasileiros da classe média que pretendia adquirir um imóvel era bem inferior a atual, de apenas 2 milhões de famílias. "Esse crescimento pode estar relacionado com o Minha Casa, Minha Vida (programa habitacional do governo federal). Para uma parcela da população, o programa mostrou que é possível adquirir um imóvel", afirma Meirelles.
A pesquisa também mostra que 8 em cada 10 famílias que pretendem comprar um imóvel usariam um financiamento. As demais pagariam com recursos próprios à vista ou por meio de consórcio.
A alta demanda por financiamento imobiliário deve ajudar a impulsionar o crédito do setor. A expectativa é que o crédito habitacional represente a maior fatia da carteira da pessoa física a partir deste ano, ultrapassando o pessoal.
Em 2012, a diferença foi pequena, segundo dados do Banco Central. O crédito habitacional representou 25% de toda a carteira física. O resultado foi 0,3 ponto porcentual menor do que o pessoal. Os principais motivos que pesaram para o crescimento do crédito imobiliário nos últimos anos foram as taxas mais acessíveis e o aumento da renda e do emprego.

Aperfeiçoar o concurso público



04 de março de 2013 | 2h 10
O Estado de S.Paulo
A média salarial dos trabalhadores do setor público, em todos os níveis da administração, atingiu pouco mais de R$ 3.000 no final do ano passado, enquanto a iniciativa privada paga menos de R$ 1.600, segundo dados do IBGE. Eis a principal razão pela qual a carreira no funcionalismo tem atraído milhares de candidatos todos os anos. Aqueles que não cumprem os requisitos mínimos alimentam o negócio de empresas que se dedicam a treinar os candidatos para as provas. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) mostra que esses testes selecionam não os candidatos mais adequados para os cargos em disputa, mas os que se prepararam melhor para a prova, independentemente do currículo acadêmico ou profissional que tenham. Essa situação compromete a qualidade do serviço público.
Cerca de 12 milhões de pessoas estão interessadas em ingressar no funcionalismo, segundo a Agência Nacional de Proteção e Apoio ao Concurso Público (Anpac), que defende os interesses do setor e estima em R$ 30 bilhões o movimento anual. Essa multidão evidentemente está atrás dos benefícios associados ao serviço público, que vem sendo valorizado desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. Um consultor legislativo que assessora senadores, por exemplo, pode ganhar quase R$ 24 mil somando-se todos as vantagens a que tem direito. Além disso, o servidor tem estabilidade - fator frequentemente citado pelos candidatos como decisivo - e um salário inicial muito acima do oferecido pela iniciativa privada. Se tiver nível superior, o aprovado pode começar ganhando mais de R$ 10 mil.
Estima-se que, somadas, as esferas da administração pública terão de oferecer ao menos 400 mil vagas nos próximos dois anos, graças à perspectiva de aposentadoria de milhares de servidores - atualmente, 40% dos funcionários públicos têm mais de 50 anos de idade. Somente neste ano, a estimativa é que sejam abertos mais de 120 mil cargos públicos em todo o País.
A concorrência é muito forte. Um exemplo foi o concurso aberto pela Petrobrás em 2012, que ofereceu 1.521 vagas. Inscreveram-se 330.568 pessoas - ou seja, havia 217 candidatos por vaga, uma disputa muito superior à verificada para o ingresso nas carreiras mais concorridas nas grandes universidades públicas. Diante disso, são comuns as histórias de grande dedicação aos estudos por parte dos candidatos, chegando a mais de dez horas por dia durante dois anos para conseguir ingressar nas carreiras mais cobiçadas.
Em vez de ser garantia de que os melhores profissionais serão aprovados, no entanto, o modelo atual torna o concurso "um fim em si mesmo", conforme diz o estudo da FGV e da UFF, pois é incapaz de auferir as competências reais dos candidatos. Além disso, a pesquisa mostra que os melhores salários estão vinculados às provas mais difíceis e complexas, e não às exigências curriculares dos candidatos. Ademais, a administração pública não utiliza o estágio probatório, mecanismo que permite demitir os aprovados que, após três anos, demonstram não ter a necessária qualificação para a função.
Para mudar esse quadro, os pesquisadores sugerem que os concursos abandonem o modelo de prova de múltipla escolha, utilizado em quase todos os exames na última década. Em lugar disso, os candidatos seriam submetidos a provas dissertativas, que levem em conta situações reais da carreira. O estudo recomenda até a aplicação de provas práticas em alguns casos. Também sugere que haja diferentes tipos de concurso para encontrar jovens talentos no meio universitário, para funcionários que já estejam no serviço público e queiram mudar de função e para atrair e selecionar profissionais experientes do mercado.
Não se pode perder de vista que o concurso público é a maneira mais adequada para evitar que o compadrio e a politicagem rasteira definam quem ocupará os cargos públicos no Estado. Por esse motivo, é indispensável reformar o modelo, como propõem a FGV e a UFF, de modo a transformá-lo num instrumento de efetivo aperfeiçoamento da administração pública.

Dilma abre a porta para sindicalistas


Agência Estado
A presidente Dilma Rousseff seguiu o conselho de seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva , e iniciou um processo de reaproximação com as centrais sindicais. A agenda presidencial evidencia a nova estratégia: após dois anos sem muito espaço para reuniões com sindicalistas, Dilma tem tido agora uma série de encontros do gênero.
Agência Brasil
A presidente Dilma Rousseff
Só na semana passada, recebeu dois presidente de centrais sindicais - Vagner Freitas, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e Ricardo Patah, da União Geral dos Trabalhadores (UGT). No dia 12 ela deve participar da inauguração da nova sede do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, filiado à UGT e representante de um setor com cerca de 400 mil trabalhadores. A data foi acertada diretamente entre o Planalto e os organizadores.
Paralelamente, o Planalto está reunindo ministros de diferentes áreas para analisar as principais reivindicações dos trabalhadores e verificar quais podem ser atendidas a curto prazo. De acordo com alguns líderes sindicais, o governo corre para fazer o anúncio de alguma "boa novidade" até o Dia do Trabalho, comemorado em 1.º de maio.
Filiado ao DEM, o presidente da UGT, Ricardo Patah, sempre integrou o coro dos que criticavam o distanciamento entre Dilma e as centrais. Na quinta-feira passada (28), porém, ao deixar o Planalto, a opinião dele já era outra. Saiu "encantando" com as atenções que ele e seus acompanhantes, entre os quais quatro deputados ligados à central, receberam da presidente.
Além de tentar se reaproximar dos sindicalistas, Dilma mudou a atitude com outros setores também. Passou a receber mais empresários, além de ter estreitado relações com o MST, outro histórico aliado do PT, ao visitar neste ano um assentamento rural ligado à organização.