Inovação é imprescindível à competitividade da indústria e da economia em geral. País que inova pode disputar o mercado internacional num mundo em que políticas protecionistas podem aliviar um ou outro setor momentaneamente, embora a medida logo imponha um alto custo à própria estrutura produtiva.
Logicamente o país pode bem usar seu mercado interno, mas se isso torna-se recorrente o mundo reage e se fecha. Ou seja, inovar é fundamental. A inovação é a matéria prima da competividade.
Quando esta inovação ocorre sintonizada com uma vertente dinâmica da economia nacional e internacional torna-se ainda mais virtuosa.
Muitos acreditam, inclusive eu, que a economia de baixo carbono será eixo da dinamização da economia ao impor novos padrões energéticos, de transporte, de consumo, etc.
Assim, rimar inovação com sustentabilidade soa muito bem, ademais porque o Brasil tem vantagens comparativas extraordinárias (nossa biodiversidade, matriz energética limpa, o etanol).
Ao participar do seminário Mentes Verdes, evento organizado pela revista Voto com apoio da Brasken, para debater a temática da inovação e da sustentabilidade, reafirmei estes aspectos fundamentais para voltarmos a crescer e enfrentar o risco da desindustrialização.
Porém, fico temeroso ao ver que continuamos a investir pouco em inovação. Recuamos nove posições no ranking dos países inovadores, de acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual e Instituto Ensead. O Brasil ocupa a 58ª colocação e, entre os Brics, fica na lanterna.
Se ocupamos a sétima posição entre os países mais atrativos para investimento em tecnologia, de acordo com a consultoria britânica Grant Thornton UK, isso ainda não se traduz em estimulo a inovação de ruptura, aquela ligada à criação de novas tecnologias, produtos e serviços. As importações de tecnologia, nos últimos seis anos, cresceram 177% e a produção doméstica apenas 40%.
Temos um longo caminho a percorrer para atingirmos o patamar de investimentos em inovação dos países desenvolvidos. Hoje, o Brasil só destina 1,15% do PIB em inovação tecnológica – as empresas aplicam 0,55% e o governo, em média, 060% do orçamento público. As companhias coreanas investem 2,58%; as alemãs, 1,87%; as chinesas, 1,22%; e as francesas 1,18%.
O país conta com um conjunto de leis para impulsionar a inovação (Lei da Inovação Tecnológica, Lei do Bem e Fundos Setoriais) com sustentabilidade (Política de Mudanças Climáticas, Lei do Saneamento, Lei dos Recursos Hídricos e a Política Nacional de Resíduos Sólidos). Esse arcabouço legislativo nos permite buscar a competitividade centralmente em setores nos quais temos vantagens comparativas: agroindústria, pré-sal e energias renováveis.
Os ganhos em competitividade, principal problema enfrentado pela indústria nacional, depende de novas tecnologias, de pesquisa aplicada e ainda assim, pode não ter valor para o mercado. Precisa estar sempre associada a um plano de negócios para promover sua inserção no mercado. O “ciclo de inovação” assim proporcionará ganhos efetivos de competitividade.
Somos considerados um país mais criativo do que inovador. Em recente entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o diretor-geral da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, Francis Gurry, disse que seremos “potência da inovação, mas no futuro”. A declaração serve de alerta para configurarmos um sistema de inovação aberta, “base para o êxito econômico”.
Definitivamente incorporamos este diferencial: integrar inovação e sustentabilidade e combinar resultados econômicos, desenvolvimento social e preservação do meio ambiente. A sustentabilidade, todos sabem, veio para ficar e consolidou-se na ECO-92, no Rio de Janeiro.
Além de turbinar os investimentos em P&D, será preciso difundir também a cultura da inovação e da sustentabilidade nas pessoas, nas empresas e nas políticas públicas. Isto é, introduzir um novo modelo de produção e de padrão de consumo.
A atividade inovadora com foco em sustentabilidade é vital para o futuro do Brasil, para o planeta. Vamos implementá-la!
ARNALDO JARDIM - Deputado Federal (PPS/SP)
Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional