quinta-feira, 10 de maio de 2012

Governo via Twitter


LENTE   The New York times , na FSp

Mais contato com eleitores, menos atuação política
Os comentários de cunho social dominam seu Twitter, implorando para que você retuíte mensagens e mostre que é contra as leis que restringem a imigração. Amigos do Facebook fazem lobby para você curtir sua publicação denunciando uma guerra entre Israel e o Irã.
Clique. Você acrescentou sua voz às milhares, ou talvez milhões, que pedem mudanças aos políticos.
A mídia social amplifica as vozes de cidadãos a tal ponto que os políticos estão constantemente reagindo às exigências mutáveis do público on-line. Essas vozes tornam mais difícil para o governo planejar para o longo prazo.
Howard Wolfson, vice-prefeito da cidade de Nova York, disse ao "Times" que a mídia social "cria ao mesmo tempo oportunidades -de compartilhamento de informação e de empoderamento dos cidadãos- e desafios para os governos, as empresas e a mídia enxergarem além do próximo tuíte ou do próximo post no blog".
Por outro lado, o envolvimento social permite que a classe dominante envolva os cidadãos, refutando a noção de falta de contato com as pessoas comuns, escreveu Paul Geitner no "Times".
A Iniciativa de Cidadãos Europeus, que começou em 1˚de abril, é um esforço da União Europeia para permitir que as pessoas proponham leis. As propostas enviadas até agora incluem declarar o acesso a água e ao esgoto um direito humano, proibir plantações geneticamente modificadas, estabelecer o Dia Europeu da Obesidade e proibir trabalho aos os domingos, relatou o "Times".
Tony Venables, diretor de uma instituição sem fins lucrativos que trabalha com órgãos da UE para promover a iniciativa, disse ao "Times": "Acho que com o tempo veremos uma lei europeia mais voltada para os valores".
Com todos os interesses especiais, torna-se uma batalha de influência versus importância. Os políticos enfocam os projetos mais benéficos ou aqueles que chamam mais atenção?
"A notícia em si tornou-se tão onipresente, tão constante, que nossos olhos só se arregalam quando um objeto realmente brilhante vem flutuando pelo rio", disse ao "Times" o diretor da Vox Media, Jim Bankoff. "As pessoas não apenas consomem, elas 'curtem', retuítam e mandam por e-mail. Todo esse compartilhamento leva a mais compartilhamento, que define uma tendência, que gera mais cobertura."
A antiga precedência deu poder aos usuários da internet, escreveu Brian Stelter no "Times", como se viu quando o vídeo "KONY 2012", da organização Invisible Children, atraiu a atenção internacional para Joseph Kony, chefe de um grupo guerrilheiro que ataca civis há décadas no leste da África. Em três dias o vídeo computou mais de 50 milhões de acessos, relatou o "Times".
Assim como a mídia social inspira os usuários a se envolver com a atualidade, o volume de vozes que se levantam pode sufocar os legisladores que tentam usar essa energia para fazer política.
Em um discurso em março em Cingapura, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse: "Estamos basicamente tendo um referendo sobre todas as coisas que fazemos diariamente. E é muito difícil para as pessoas enfrentarem isso e dizer: 'Não, não, é isto que vamos fazer', quando há críticas constantes e um processo eleitoral que você precisa enfrentar periodicamente".
Os políticos podem tentar ignorar o ruído. A União Europeia pretende rejeitar as propostas de cidadãos que considere "abusivas, frívolas ou vexatórias". Mas a Twittersfera apaixonada não é facilmente silenciada. As conversas entre cidadãos e políticos podem parecer disputas de gritos digitais: que vença a facção mais ruidosa.
CHRISTINE DiGANGI

terça-feira, 8 de maio de 2012

Linha 6 vai desapropriar até 350 imóveis


Rodrigo Brancatelli e Eduardo Reina - O Estado de S.Paulo
O Metrô concluiu o projeto funcional da futura Linha 6-Laranja, que vai ligar a Estação São Joaquim (Linha 1-Azul), na zona sul, ao bairro da Brasilândia, na zona norte. O mapa obtido pelo Estado mostra por onde vão passar os novos trilhos, quais imóveis serão desapropriados e onde serão as estações.
 
A linha terá 16 quilômetros e 14 estações. No total, o Metrô pretende desapropriar até 350 imóveis comerciais e residenciais, além de mais de uma dezena de grandes terrenos - de acordo com as primeiras indicações da companhia, haverá mais de 50 desapropriações em áreas nobres de Consolação, Higienópolis e Perdizes. Esse número pode ser um pouco menor, de acordo com as negociações - entre os possíveis desapropriados durante o trajeto, estão prédios residenciais, a sede da escola de samba da Vai-Vai, estacionamentos e o supermercado Pão de Açúcar da Avenida Angélica.
A linha começa na Estação São Joaquim e passa pelas Estações 13 de Maio/14 Bis, Higienópolis/Mackenzie, Angélica, Cardoso de Almeida, Perdizes, Pompeia, Água Branca, Santa Marina, Freguesia do Ó, João Paulo I, Itaberaba, Cardoso e Brasilândia. Segundo as projeções de demanda do Metrô, a linha deve ter um movimento diário de 598.426 pessoas. A maior estação a ser construída será a Santa Marina, perto da Marginal do Tietê, que deve receber 73.157 pessoas por dia.
Todos os dados da Linha Laranja estão contidos no edital para contratação do plano macro das desapropriações, lançado no fim de maio. Analisando o material, é possível notar grande preocupação em evitar desapropriações de imóveis residenciais em bairros centrais e mais valorizados, enquanto na periferia isso não ocorre. Também chama a atenção o fato de que o Pacaembu continuará sem estações, enquanto a região do Parque Antártica ganhará mais uma linha, próxima da Estação Barra Funda.
Segundo a companhia, os nomes das estações ainda devem passar por mudanças, mas não a localização - historiadores vão ajudar a batizar as novas paradas. A assessoria do Metrô também afirma que o projeto básico ainda "está em andamento e, enquanto não for concluído, não é possível afirmar quantos e quais imóveis serão necessários desapropriar para a construção".
Prazo. A Linha Laranja terá seu projeto executivo terminado até o segundo semestre de 2011 e as primeiras estações serão entregues entre 2013 e 2014. Alguns engenheiros do próprio Metrô, no entanto, já falam em 2016.

Cientistas desenvolvem ferramenta para estudo do genoma da cana-de-açúcar


Agência Fapesp
Estudo avalia relação genética entre cana-de-açúcar, milho e sorgo - AE
AE
Estudo avalia relação genética entre cana-de-açúcar, milho e sorgo
 Uma ferramenta desenvolvida por um grupo de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos deverá ajudar a comunidade científica a estudar inúmeros aspectos do complexo genoma da cana-de-açúcar.

Um artigo publicado pelo grupo no veículo de acesso aberto Bio Med Central Research Notes descreveu a construção e sequenciamento da biblioteca de Cromossomo Artificial de Bactéria (BAC) de uma importante variedade comercial de cana-de-açúcar.

As bibliotecas BAC são consideradas ferramentas fundamentais para a caracterização detalhada de regiões cromossômicas que contêm genes de interesse. O uso de clones dessas bibliotecas possibilita o mapeamento físico em ampla escala do genoma.

Participaram do estudo cientistas do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) e do Departamento de Genética e Evolução do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Embrapa Informática na Agricultura e do Instituto de Genômica da Universidade do Arizona, em Tucson (Estados Unidos).

Segundo o autor principal do estudo, Paulo Arruda, professor do IB-Unicamp e coordenador do Laboratório de Estudo da Regulação da Expressão Gênica do CBMEG, o sequenciamento de um genoma complexo como o da cana-de-açúcar poderá ajudar a comunidade científica a identificar genes úteis e compará-los com os genomas de outras plantas.

“Usamos essa ferramenta para entender a relação filogenética - isto é, o parentesco evolucionário - entre os genomas da cana-de-açúcar, do sorgo e do milho. O artigo descreve como foi preparada a biblioteca, desde a fragmentação de um trecho do genoma até a clonagem e a análise. Essa ferramenta poderá ser utilizada por grupos que estudam diferentes aspectos do genoma da cana-de-açúcar”, disse Arruda à Agência FAPESP.

O grupo liderado por Arruda tem trabalhado há anos com diversos aspectos do genoma da cana-de-açúcar. Atualmente, uma das principais questões de interesse envolve a relação genética, ao longo da evolução, entre a cana-de-açúcar e outras espécies importantes para a evolução, como o milho e o sorgo.

Há algum tempo, o grupo trabalha com a hipótese de que o milho tenha se originado a partir do cruzamento de duas espécies provenientes da mesma família.

“Nossa hipótese é que um ancestral da cana-de-açúcar pode estar envolvido nesse processo. Mas, para tentar responder a essa questão, precisamos sequenciar pelo menos uma parte do genoma da cana-de-açúcar”, explicou Arruda.

O genoma da cana-de-açúcar, no entanto, possui cerca de 750 milhões de nucleotídeos - as “letras” que formam o código genético -, o que torna seu sequenciamento extremamente complexo.

“Uma das possibilidades para se lidar com isso é construir uma biblioteca BAC. Primeiro, ‘fatiamos’ o genoma em pedaços menores, de cerca de 125 mil nucleotídeos em média. Depois, clonamos esses trechos menores em bactérias. Com uma coleção de bactérias com aqueles genes, podemos produzir rapidamente grande quantidade desse DNA para estudo”, contou Arruda.

Ferramenta disponível

No artigo agora publicado, os cientistas descrevem como prepararam uma coleção de 136 mil diferentes bactérias, cada uma delas carregando um trecho de 125 mil nucleotídeos do genoma da cana-de-açúcar.

“Mostramos como pegamos uma amostra dessa biblioteca, ao acaso, e sequenciamos as pontas desses fragmentos de 125 mil nucleotídeos e pudemos compará-los com o genoma do sorgo”, disse Arruda.

Os pesquisadores encontraram no genoma do sorgo o que seria a correspondência dos trechos clonados do genoma da cana-de-açúcar.

“Foi uma primeira análise bem rápida, mostrando que esses fragmentos se distribuem muito bem e revelam que é possível - do ponto de vista da constituição em nucleotídeos - que o correspondente haploide do genoma da cana-de-açúcar seja um pouco menor que o do sorgo”, explicou Arruda.

De acordo com Arruda, outros grupos poderão utilizar a ferramenta para estudar aspectos completamente diferentes do genoma da cana-de-açúcar, como, por exemplo, fragmentos específicos que controlam o desenvolvimento da planta, ou estudos de citologia focados na organização do cromossomo no interior da célula.

“Uma vez construídas, essas bibliotecas podem ser úteis para inúmeros tipos de estudos”, disse.

O artigo A BAC library of the SP80-3280 sugarcane variety (Saccharum sp.) and its inferred microsynteny with the sorghum genome, de Paulo Arruda e outros, pode ser lido em www.biomedcentral.com/1756-0500/5/185/abstract.