sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Obras devem eliminar gargalos antigos de trânsito


O Estado de S.Paulo
Reivindicado há mais de 20 anos pelos moradores da zona sul, o pacote de obras proposto para melhorar a mobilidade da região deve, enfim, desafogar parte dos gargalos enfrentados todos os dias por motoristas e passageiros do transporte público. São dez projetos listados, com destaque para duplicação e prolongamento da Estrada do M'Boi Mirim e da Avenida Belmira Marin, que travam fora dos horários de pico e até em fins de semana.
Juntas, as duas vias receberão mais 6,3 quilômetros de pista e a mesma extensão de ciclovias. Na Belmira Marin, a duplicação será no sentido da Avenida Senador Teotônio Vilela. No futuro, a Prefeitura ainda prevê construir uma ponte ligando o Jardim Gaivotas ao Jardim Ganhambu, outra exigência local para acesso mais rápido ao centro.
Na M'Boi Mirim, a duplicação deve dar mais espaço aos ônibus. Em determinado trecho, a via ganhará uma faixa de cada lado. Em outros, duas. Em paralelo, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras diz que vai reformar o corredor dos coletivos.
"Haverá uma requalificação. A ponte usada para ultrapassagem, por exemplo, será melhorada e ganhará faixa dupla para ônibus. Do jeito que está, a M'Boi Mirim não dá vazão nem aos carros nem aos ônibus", afirma o secretário Elton Santa Fé Zacarias. Segundo ele, caso o governo estadual opte por construir um monotrilho na avenida - e não um metrô subterrâneo, como reivindicado pela população -, o canteiro central ainda será alargado.
Rankings. O caos na M'Boi Mirim se explica porque a estrada é a única via que atende regiões populosas, como o Jardim Ângela. A rota, compartilhada por carros, ônibus e pedestres, lidera vários rankings negativos: via com mais atropelamentos, menor velocidade no corredor de ônibus e uma das campeãs de congestionamentos. Não por acaso são comuns protestos contra a má qualidade do transporte público local. No último, em abril de 2010, a via ficou três horas fechada.
Mas, para urbanistas e engenheiros de trânsito, a falta de estrutura da área só pode ser resolvida com um plano adequado de transporte público - e com o viário destinado aos automóveis adequado a esse projeto.
"Para construir um metrô que não seja enterrado, como um VTL (ou monotrilho), é preciso uma faixa de domínio maior, o que a região não tem. A Avenida Carlos Caldeira Filho foi construída em um fundo de vale e ficou bem resolvida. Já na M'Boi Mirim, a via vai se estreitando e fica confusa. Uma avenida que sai na carona de uma ampliação para melhorar o transporte público é válida", afirma o urbanista Cândido Malta Campos Filho, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
Com a canalização do Córrego Ponte Baixa, uma pequena marginal, com duas faixas de tráfego, permitirá o prolongamento da Avenida Carlos Caldeira Filho em 3,2 km até a M'Boi Mirim, reduzindo o trânsito registrado na região do Hospital de M'Boi.
No novo plano viário municipal, a Avenida Guarapiranga é a que ganhará a maior extensão. Serão 9,9 km margeando a represa, no entroncamento com a Estrada da Baronesa, a um custo estimado de R$ 310 milhões. Segundo a Prefeitura, esse será o primeiro trecho de um anel viário a ser construído.
Outra meta jogada para frente no plano é a ligação da região de Cidade Ademar com as estradas que levam ao litoral. A Prefeitura diz que vai duplicar a Estrada do Alvarenga em 6,3 km, mas ainda não acertou com o município de Diadema, no ABC, um cronograma conjunto para estender a via até a Rodovia dos Imigrantes, o que completaria o planejamento.
Ao todo, a Prefeitura pretende construir 43 km de novas faixas, incluindo o investimento previsto para a Marginal do Pinheiros. "A zona sul é a região mais carente de mobilidade urbana, pela própria característica de ocupação, com muitas invasões sem qualquer planejamento. O resultado é que o viário da região ficou muito acanhado e deficiente", diz Zacarias. / ADRIANA FERRAZ e BRUNO RIBEIRO

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

USP é universidade que mais forma doutores no mundo



Agência Fapesp
Publicado em 23 de Fevereiro de 2012
A Universidade de São Paulo (USP) é a universidade que mais forma doutores mundialmente. A constatação é do Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU, na sigla em inglês) por indicadores, elaborado pelo Centro de Universidades de Classe Mundial (CWCU) e pelo Instituto de Educação Superior da Universidade Jiao Tong, em Xangai, na China, que aponta a universidade paulista como a primeira colocada em número de doutorados defendidos entre 682 instituições globais. 

O ranking também indica a USP como a terceira colocada em verba anual para pesquisa, entre 637 universidades, além de a quinta em número de artigos científicos publicados, entre 1.181 instituições em todo o mundo, e a 21ª em porcentagem de professores com doutorado em um universo de 286 universidades. 

Na avaliação de Vahan Agopyan, pró-reitor de Pós-Graduação da USP e membro do Conselho Superior da FAPESP, a liderança mundial na formação de doutores, apontada pelo levantamento global, deve-se à tradição da pós-graduação da USP no Brasil. 

Em 1965, quando foram definidas as novas diretrizes da pós-graduação no país, baseadas no trabalho de Newton Sucupira (1920-2007) – responsável pela criação do Conselho Federal de Educação, atualmente Conselho Nacional de Educação – a USP já possuía um número muito expressivo de docentes com doutorado, e se destacou como a universidade que viria a suprir a demanda do país por mestres e doutores. 

“Nas décadas de 1970 e 1980, praticamente metade dos doutorados no Brasil eram realizados na USP, e hoje mais de 20% dos pós-graduandos no país também obtém o título de doutor aqui. Isso permitiu que a universidade se tornasse um grande centro mundial de pós-graduação, agora confirmado por esse ranking internacional”, disse Agopyan à Agência FAPESP. 

Nos últimos dez anos tem diminuído o número de mestrandos e de doutorandos na USP. Em 2011, pela primeira vez o número de doutorandos na universidade, que celebrou em agosto a concessão de 100 mil títulos de pós-graduação, foi maior que o de mestrandos. 

“É um reflexo do aumento no número de programas de mestrado oferecidos em todo o país. Em função disso, os pós-graduandos estão preferindo realizar mestrado em sua própria região e procuram a USP para fazer doutorado ou alguma outra atividade mais especial”, avaliou Agopyan. 

Por outro lado, o número de estudantes de pós-graduação da USP tem se mantido estável nos últimos anos. Atualmente, a universidade conta com cerca de 23 mil alunos de pós-graduação stricto-sensu e titulou 2.192 doutores e 3.376 mestres em 2011 – números que oscilaram pouco nos últimos 15 anos. 

“Nós já somos grandes e estamos trabalhando no máximo da nossa capacidade há vários anos. Cada um dos nossos docentes tem, em média, mais de cinco orientandos, que é um número elevadíssimo”, afirmou Agopyan. 

Segundo o pró-reitor, esse fenômeno também é comum às principais universidades no mundo, como as norte-americanas, europeias e chinesas listadas no ranking, cujo número de pós-graduandos também está bastante estável e seus programas de pós-graduação operam no limite de suas capacidades. 

Um dos fatores atribuídos por Agopyan para a USP continuar liderando a formação de doutores é a atuação da universidade em todas as áreas do conhecimento, sendo que as universidades no exterior normalmente têm algumas áreas de especialidade. “Somos uma instituição pluridisciplinar”, destacou. 

Na avaliação de Agopyan, o desafio agora é ser não apenas a maior, mas a melhor em formação de doutores no mundo. Para isso, a USP tem buscado padrões internacionais de qualidade, por meio da promoção da mobilidade de seus docentes e alunos para outros países, da avaliação e do apoio aos seus programas de pós-graduação. “Não queremos apenas quantidade, mas sim qualidade”, afirmou. 

A FAPESP desembolsou R$ 277,3 milhões em 2010 com Bolsas no país, dentro de seu Programa de Bolsas. Desse total, por vínculo institucional do pesquisador responsável pelo projeto ou do bolsista, a USP recebeu R$ 132,7 milhões (ou 47,87%). Em 2010, a FAPESP concedeu 1.362 bolsas de Doutorado e Doutorado Direto. 

Destaques das universidades paulistas 

Além da USP, o ranking elaborado pela CWCU apontou a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) como a 38ª colocada em número de doutorados defendidos, a 138ª em número de artigos publicados e a 62ª em percentual de professores com doutorado. 

Por sua vez, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) obteve a 55ª posição em doutorados concedidos, a 150ª colocação em número de artigos publicados e o 31º lugar em percentual de professores com título de doutor. 

Um outro ranking divulgado em janeiro, o Web of the World Universities, conhecido como Webometrics, que mede a visibilidade das universidades nos principais mecanismos de busca da internet, apontou a USP como a 20ª colocada e a primeira da América Latina, seguida na região pela Universidade Nacional Autônoma do México, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Unesp. A Unicamp obteve a 9ª colocação entre as universidades latino-americanas. 

Outras universidades brasileiras que figuram entre as dez mais bem colocadas no ranking latino americano são a Universidade Federal de Santa Catarina, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Universidade de Brasília e a Universidade Federal do Paraná. 

Dormentes de plástico começam a ganhar espaço nos trilhos do país


A Wisewood, empresa de madeira plástica, com sede em Itatiba (SP), está em busca de investidores para promover sua expansão no país. Primeira fabricante de dormentes de plásticos a partir de lixos residuais em escala industrial, a companhia tem contrato fechado com a concessionária de ferrovias MRS Logística e seus produtos já estão sendo testados pela Vale.
Controlada pelo empresário Rogério Igel, um dos acionistas controladores do grupo Ultra, a empresa está em conversações com alguns fundos de investimentos, entre eles, o Stratus. Esse fundo já é sócio de outra empresa de Igel, a Ecosorb, especializada em gerenciamento ambiental.
Criada em 2007 e com primeiro contrato fechado no início deste ano com a MRS, a Wisewood aposta agora no segmento de pisos industriais, utilizados em larga escala pela construção civil e também na fabricação de “decks” (revestimentos para áreas externas).
A Wisewood é especializada em dormentes para reposição. Igel explica que a malha ferroviária é de cerca de 29 mil quilômetros no país, dos quais entre 1,5 milhão e 2 milhões de peças são repostas por ano. “Os dormentes de madeira que ficam em regiões que alagam, como a de Santos (SP), por exemplo, precisam de reposição a cada dois anos porque apodrecem.”
Em sua ampla fábrica instalada em Itatiba, interior de São Paulo, a companhia recebe o lixo residual, entre os quais rebarbas de fraldas descartáveis, recipientes de óleo combustíveis e de detergentes, bombonas e sacos de embalagens para transformá-los em dormentes. “Lixo vale dinheiro”, diz. Todo esse material é coletado de cooperativas, sucateiros e das próprias indústrias. A produção das peças de plástico ainda é marginal, mas já tem atraído interesse de grandes companhias.
Com 95% de participação na empresa, Igel quer obter os 5% restantes, que ainda estão nas mãos dos antigos controladores da companhia – episódio que o empresário faz questão de esquecer. “Não pretendo ficar com 100% do controle, por isso, negocio a entrada de novos investidores.” Procurada, a Stratus, uma das possíveis candidatas, não comenta o assunto.
Com faturamento projetado em R$ 6 milhões para este ano, a expectativa é atingir R$ 20 milhões em 2011 e alcançar R$ 50 milhões no ano seguinte. Para buscar essa meta, além dos novos investidores e diversificação dos negócios, Igel aposta em novos contratos. “Conversamos com diversas ferrovias e estamos dispostos a efetuar todos os testes necessários para colocarmos nossos produtos no mercado.”
Antes de instalar os dormentes de plástico nos trilhos, os produtos foram testados pelo IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológica), PUC-Rio e Unicamp. A expectativa é de que a receita com a venda dos dormentes da Wisewood ceda espaço nos próximos anos para os pisos industriais, que já estão em fase de testes.
Aos 63 anos, Igel não nega o espírito empreendedor de sua família, controladora do grupo Ultra. O empresário trabalhou no grupo até os anos 90, depois decidiu pela “carreira solo”. Em 1997, fundou a Ecosorb, especializada em socorro ambiental, no qual tem uma participação de 40%, outros 40% estão nas mãos do fundo Stratus, cujo perfil são investimentos em projetos com apelo ambiental, e o restante está nas mãos dos executivos da companhia. “Também quero reestruturar o modelo de negócio da Ecosorb”, diz, aproveitando para dar recado ao mercado.

Fonte: Valor Econômico