segunda-feira, 13 de junho de 2011

Pós-consumismo, do blog José Roberto de Toledo

O brasileiro é antes de tudo um consumidor. Na economia, o consumo das famílias impulsionou o maior salto econômico do País em um quarto de século. Na Justiça, a maior parte da pilha acumulada é de ações movidas por consumidores insatisfeitos. Na política, o bolso do eleitor decidiu todas as campanhas presidenciais recentes.
As razões que comandaram esse processo são conhecidas: décadas de estagflação, séculos de exclusão. A histórica falta de renda e de crédito para a maioria da população criou uma demanda reprimida de dezenas de milhões de não-consumidores. Gente que só podia olhar a vitrine.
Quando o dique rompeu, a onda de consumo encheu as lojas, inundou os tribunais e levou de enxurrada tudo o que dificultava o acesso às gôndolas dos mercados. Não se pode dizer que ela lavou a política, mas fez naufragar alguns partidos. Outros emergiram.
As consequências de o Brasil estar se tornando uma nação de consumidores ávidos vão muito além do provinciano confronto PT-PSDB. É uma questão de prioridades, do que é mais importante para os habitantes de Pindorama.
Isso tem impacto direto sobre o exercício da cidadania. Tome-se a pesquisa que a Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas faz a cada três meses em todo o Brasil sobre a confiança no Judiciário e o que motiva alguém a pisar num tribunal.
Pouco menos de metade dos brasileiros adultos declarou já ter movido algum tipo de ação na Justiça. Desses, 1 em cada 3 foi movido por cobranças indevidas, serviços pagos e não realizados, ou seja, por julgarem que seus direitos de consumidor não foram respeitados.
Nenhum outro tipo de demanda judicial provocou a abertura de tantos processos. Nem mesmo as ações trabalhistas (25%), como pedidos de indenização. Tampouco as queixas relativas ao direito da família, como divórcios, pensões, guarda dos filhos.
Do ponto de vista do movimento da Justiça brasileira, o consumidor vem antes do trabalhador, do cônjuge, dos pais. Não se faz aqui juízo moral, não se pretende tachar esse movimento de bom ou ruim. Antes, é preciso constatar sua amplitude.
Fernando Henrique se elegeu presidente após controlar a inflação. Reelegeu-se quando os neoconsumidores temeram que ela voltasse. Quatro anos de estagnação econômica depois, os mesmos eleitores arriscaram uma mudança. Sob Lula, o consumo explodiu. Ele se reelegeu, fez a sucessora.
A cronologia que antepõe o acesso ao consumo à vitória eleitoral soa simplista, mas é factual. Difícil encontrar correlação mais forte nas eleições presidenciais. Em todas, ganhou o candidato que conseguiu vender a si mesmo como o caminho mais seguro do consumidor até o mercado.
Estão erradas todas as pesquisas que sempre apontam educação, saúde e segurança como os temas que mais preocupam os brasileiros? As pessoas mentem aos pesquisadores? Não e não (ao menos a maioria). Mas nem sempre o que se diz a si próprio ser o mais importante é o que se faz primeiro. O mesmo vale para o eleitor.
É politicamente correto declarar que o interesse individual deve se submeter ao coletivo. Mas não é apenas em Brasília que a ordem dessas prioridades é invertida. Na solidão da cabine de votação também.
O resultado da urna não é uma declaração de boas intenções, mas a soma dos interesses individuais da maioria. Se o principal símbolo de status social são os bens que cada um possui, não deveria espantar que o candidato que parecesse mais apto a distribuí-los a mais gente vença.
Pode-se imaginar que isso é uma etapa. Que quando a maioria puder comprar os mesmos carros, roupas e grifes, os sinais de diferenciação social tenderão a mudar.
Pesquisas mostram que uma das ambições do neoconsumidor é ser socialmente aceito nos ambientes que passou a frequentar. Saber “se comportar” é uma preocupação. É sinal de que priorizar de fato a instrução será o passo seguinte ao acesso ao consumo?
Pode ser otimismo, mas é também uma necessidade coletiva. Nenhum país conseguiu sustentar seu crescimento econômico sem investir na qualificação de sua mão-de-obra, ou seja, na educação da população.

Conar restringe propaganda enganosa de empresa ”verde”


08 de junho de 2011


Órgão que autorregula publicidade quer coibir banalização do tema sustentabilidade nas campanhas

Foto © Marc Dumas www.mixmarc.com

Andrea Vialli – O Estado de S.Paulo
A partir de 1.º de agosto, a publicidade veiculada no Brasil não deverá mais enaltecer os atributos “verdes” de um produto ou serviço se as empresas não puderem comprovar essas qualidades. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) definiu ontem um conjunto de normas para regulamentar a publicidade que contenha apelos de sustentabilidade.
O objetivo é coibir a banalização da propaganda sobre o tema e evitar que o consumidor fique confuso em relação ao que é um produto verde ou sustentável. “Um anúncio que cite a sustentabilidade deve conter apenas informações ambientais passíveis de verificação e comprovação”, diz a norma. Segundo Gilberto Leifert, presidente do Conar, não se trata de um boicote a esse tipo de publicidade.
“Não estamos buscando punir essas empresas, mas sim elevar o nível da publicidade sobre sustentabilidade”, diz. Leifert ressalta que países como Canadá, França e Inglaterra já limitam a publicidade ambiental, com o objetivo de reduzir o chamado greenwashing – termo que define a propaganda enganosa de atributos verdes de produtos ou serviços.
De acordo com as novas recomendações, as empresas também devem seguir critérios ao anunciar benefícios sociais e ambientais de determinados produtos. “Não serão considerados pertinentes apelos que divulguem como benefício socioambiental o mero cumprimento de disposições legais”, segundo os critérios.
Segundo Leifert, as empresas que descumprirem as normas ficam sujeitas a punições que variam de advertência à suspensão da campanha publicitária e divulgação pública do descumprimento da regulamentação.
Caso emblemático. A discussão sobre a regulamentação da publicidade verde tomou força após a suspensão, em abril de 2008, de duas campanhas publicitárias da Petrobrás. O Conar suspendeu as campanhas, que ligavam o nome da empresa a ações de responsabilidade ambiental, após pedido de análise de um grupo de instituições governamentais e ONGs.
As instituições acusavam a estatal de anunciar um comprometimento com o ambiente que não seria verdadeiro, pois na ocasião a empresa resistia em reduzir o teor de enxofre no diesel, fator de agravamento da poluição nos centros urbanos.
Após a suspensão das peças publicitárias, a empresa aceitar firmar um acordo com o Ministério Público Federal para reduzir o poluente no combustível.
Oportunismo. Na avaliação de Mariana Ferraz, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a medida é bem-vinda, pois traz clareza a empresas e consumidores. “Hoje vemos uma enxurrada de greenwashing na publicidade. As empresas se vendem como verdes, dizem que plantam árvores, mas ninguém fiscaliza essas ações”, afirma.
“Agora os consumidores poderão utilizar o Conar para denunciar empresas que estejam mentindo nesse campo”, completa a advogada.
Segundo Mariana, recente pesquisa sobre bancos realizada pelo Idec com consumidores mostrou que é grande o ceticismo em relação às boas práticas sociais e ambientais das instituições financeiras. “Nesse caso específico, o consumidor vê a publicidade verde como um oportunismo.”.
De acordo com a advogada, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) já prevê punições a empresas que veiculam propaganda abusiva.


sexta-feira, 10 de junho de 2011

Saco de lixo retornável é destaque em coleta

segunda-feira, 6 de junho de 2011 6:14


Andréia Meneguete 
Do Diário do Grande ABC

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Há uma semana os moradores do bairro São José, em São Caetano, iniciaram a experimentação do projeto de sacos retornáveis na coleta seletiva porta a porta.

A iniciativa, criada pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente  e Sustentabilidade, tem como objetivo potencializar o aproveitamento do lixo reciclável. 
A medida organizada pelos órgãos municipais apresenta como diferencial as diversas vezes que a sacola de 100 litros, confeccionada com polipropileno, pode ser utilizada pela população. 

Entretanto, nem tudo anda acontecendo conforme o que foi anunciado pelos responsáveis pelo projeto. 

O início da nova ação apresenta algumas falhas, conforme foi detectado pelo Diário. O morador Vanderlei Aparecido Rodrigues, 46 anos, por exemplo, só soube da campanha quando viu o saco amarelo jogado em seu quintal na última quinta-feira. "Encontrei o material na porta da minha casa com algumas instruções por escrito e guardei. Não entendi como tudo será feito", explicou o motorista. "Não separo o lixo, deixo tudo misturado mesmo", complementou. 

Contudo, em pouco tempo de atuação, a campanha em meio de alguns percalços conquistou adeptos e vai ganhando força de forma gradativa. 
A aposentada Aida Almendra, 77 anos, e a doméstica Sueli Dias de Freitas, 57 anos, não receberam em mãos o saco retornável, mas fizeram questão de ligar na prefeitura para ter o material em casa, com o objetivo de separar o lixo.

"Levava meu lixo até um local que tinha as lixeiras identificadas, agora posso entregar daqui mesmo, na minha própria casa", indicou Aida. Sueli começou a fazer separação de material há três dias. "Nunca me interessei por dividir o lixo, agora vi o quanto é importante", ressaltou. 
A retirada do material será feita toda segunda-feira na parte da manhã por caminhão específico e adaptado.