domingo, 9 de janeiro de 2011

O lixo, agora entre avanços e dúvidas

Washington Novaes - O Estado de S.Paulo  07/01/2011
Dois dias antes do último Natal, ao regulamentar por decreto-lei a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que já sancionara, o então presidente da República, acertadamente, incluiu a não geração do lixo, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento de resíduos sólidos como opções prioritárias, antes de se pensar em incineração. Restabeleceu, assim, a direção correta, ameaçada pelo Senado, que, ao aprovar o projeto da política, suprimiu dispositivo que só permitia a queima de resíduos sólidos quanto esgotadas as outras opções. O projeto deveria ter voltado à Câmara dos Deputados - já que fora modificado. Mas não se fez isso, como já acontecera com a Lei da Ficha Limpa. O projeto foi à Presidência e ali sancionado, sem nenhum reparo.
Agora, corrige-se a má direção, mas ainda com uma ameaça no ar: o decreto-lei deixa uma brecha ao estabelecer que "a recuperação energética" de resíduos sólidos "deverá ser disciplinada em ato conjunto dos Ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia e das Cidades", no máximo, em 180 dias. Embora ovacionado pelos membros de cooperativas de catadores ao assinar o decreto durante congresso que reunia seus membros, o então chefe do governo federal deixou essa brecha, que pode até prejudicá-los. Porque cabe perguntar: que acontecerá no ato disciplinador, sabendo-se a força dos lobbies de empresas de incineração de lixo, quase todas ligadas a megaempreiteiras da área de construção, hoje com forte influência nas mais altas políticas brasileiras, principalmente nas áreas de energia, projetos habitacionais e até meio ambiente (vide licenciamento de controvertidas hidrelétricas na Amazônia)? Corretamente, porém, o decreto distingue da incineração de resíduos o aproveitamento em biodigestores ou a utilização de gases oriundos da decomposição de matéria orgânica em aterros sanitários.
De qualquer forma, além de estabelecer aquelas prioridades, o decreto-lei prevê penalidades se não cumprida a obrigação de coleta seletiva (44% dos municípios brasileiros não a fazem) e a logística reversa que torna obrigatório o retorno aos fabricantes de itens como pilhas, pneus e produtos eletrônicos, entre outros. Haverá multas pesadas, de até R$ 50 milhões, para quem lançar resíduos sólidos em locais como praias ou não der destinação adequada a resíduos perigosos. Será obrigatória a substituição de lixões (existentes em pelo menos 50% dos municípios) por aterros, assim como a elaboração de planos de gestão também nos municípios e Estados. A coleta em qualquer lugar precisará, no mínimo, separar lixo orgânico (úmido) do lixo seco, para facilitar a reciclagem. E as cooperativas de catadores - há cerca de 1 milhão deles no País - terão linhas preferenciais de financiamento.
É um terreno no qual precisamos avançar muito e com urgência. As usinas de reciclagem do poder público no País só reciclam entre 1% e 2% do lixo domiciliar e comercial (o total é de pelo menos 230 mil toneladas diárias, segundo o IBGE 2002). A situação - como tem sido dito tantas vezes neste espaço - só não é mais dramática graças à atuação desse milhão de catadores, que, sob sol e chuva, sete dias por semana, recolhem e encaminham a empresas que os reciclam mais de 30% do papel e papelão e parcelas consideráveis do plástico, do vidro, do pet, do alumínio e de outros materiais.
Mas os catadores precisam de projetos integrados em que, com financiamentos públicos, tenham equipamentos adequados de coleta seletiva (caminhões com contêineres separados para lixo úmido e seco), convênios remunerados pelas prefeituras, além de usinas de reciclagem onde possam transformar papel e papelão em telhas revestidas de betume (para substituir com vantagens as de amianto), reciclar o PVC e produzir mangueiras pretas, compostar o lixo orgânico e transformá-lo em fertilizante, moer o vidro e encaminhá-lo para recicladoras, assim como latas de alumínio. Onde isso é ou já foi feito (como em Goiânia), a redução de lixo encaminhado ao aterro chega a 80%, com enorme economia para o poder público, livrando-o da dependência de grandes empresas, que hoje recebem mais de R$ 15milhões por dia para coletar e levar os resíduos para aterros ou lixões.
Esse processo permite também evitar o desperdício de materiais. Já se mencionou aqui estudo da Unesp de Sorocaba concluindo que 91% dos resíduos contidos no lixo de Indaiatuba (mais de 100 toneladas/dia) seriam reaproveitáveis ou recicláveis. Permitiria ainda aliviar parcialmente o drama das grandes cidades brasileiras, quase todas com seus aterros esgotados ou próximos disso e, alegadamente, sem recursos para implantar novas unidades. A partir daí, surge a pressão das empresas de incineração. E por esse caminho o Recife já parte para uma usina de incineração de 1350 toneladas diárias (no momento, com licença ambiental embargada pelo município do Cabo). Unaí (MG) tomou o mesmo caminho. Barueri já está promovendo licitação para incinerar 750 toneladas diárias. São Sebastião ameaça seguir o mesmo rumo, assim como Brasília e a Baixada Fluminense (nesta, inclusive, com um projeto em Santa Cruz para incinerar resíduos perigosos).
Muitos estudiosos da área, como Cícero Bley Jr., já se cansaram de citar os problemas da incineração: custos muito altos, emissão de cancerígenos como furanos e dioxina (a não ser que a temperatura esteja acima de 900 graus - o que é difícil com a mistura de lixo úmido, que baixa a temperatura), produção de escória altamente perigosa (com metais pesados e outros tóxicos, que são carreados para os rios), geração de gases em proporção maior do que em usinas termoelétricas - entre outros problemas. Não é acaso que a resistência a esse processo cresça no mundo e já haja países que o proíbam. Sem falar em dependência tecnológica.
Vamos ver agora o que farão os três Ministérios encarregados de regulamentar a "recuperação energética" de resíduos.
JORNALISTA
E-MAIL: WLRNOVAES@UOL.COM.BR 


Usina para tratar lixo produzirá eletricidade


Construção da unidade será na Baixada Santista; estudos sobre o custo da obra devem ficar prontos ainda em 2011

07 de janeiro de 2011 | 0h 00
Renée Pereira - O Estado de S.Paulo
O governo de São Paulo iniciou os estudos para construir uma usina de tratamento de lixo que produzirá energia elétrica na Baixada Santista. O projeto vai beneficiar 13 municípios da região e tratar mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia. "Esta é a área mais complicada do Estado, pois não há espaços disponíveis para serem licitados", afirma Ricardo Lima, consultor da Andrade & Canellas, responsável pela estruturação do projeto.
O lixo de muitos municípios da Baixada Santista percorre até 150 km para ser despejado em áreas localizadas no planalto. Os resíduos de São Sebastião são depositados em Jacareí; os de Mongaguá, em Mauá, na Grande São Paulo. Nesta rota, as prefeituras chegam a pagar até R$ 180 por tonelada de lixo.
O projeto do Estado vai tentar eliminar esse problema e ainda gerar eletricidade. A expectativa é produzir 40 megawatts (MW) com a incineração dos resíduos - suficiente para abastecer uma cidade de 250 mil pessoas. Segundo dados da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), os resíduos produzidos por uma família de cinco pessoas durante um ano são suficientes para gerar energia equivalente ao consumo de quase quatro meses.
Além da energia, a usina produziria vapor, que pode ser vendido para indústrias localizadas próximas da unidade. Outra fonte de receita são os créditos de carbono, já que a central de tratamento evitará a decomposição dos resíduos, processo que produz metano (gás de efeito estufa). O empreendimento contará com instalações para transformar o lixo em adubo orgânico e separar materiais recicláveis.
Lima diz que há 700 plantas desse tipo espalhadas pelo mundo. No Brasil, existem iniciativas para tentar resolver o problema do lixo e gerar energia, como a usina termelétrica do aterro sanitário São João, em São Mateus, zona leste da capital. Mas a tecnologia aplicada é diferente da proposta para a Baixada Santista. Nesses casos, usa-se o metano para produzir a energia.
Na nova central, a técnica seria de incineração. O calor resultante da queima é aproveitado para gerar vapor, que aciona turbogeradores e produz energia. Cálculos do governo federal mostram que o lixo das 300 maiores cidades brasileiras poderia gerar 15% da energia elétrica consumida no País, conforme o Plano Decenal 2008/2017. Na Baixada Santista, a ideia é criar uma Parceria Público-Privada (PPP). O valor dos investimentos depende da conclusão dos estudos, em junho de 2011.
Custo
R$ 180 é valor que as prefeituras sem usinas de tratamento chegam a pagar pelo transporte de cada tonelada de lixo
40 megawatts podem abastecer 250 mil pessoas. Toda essa energia pode ser obtida com a incineração dos resíduos 


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Internet ultrapassa TVs como principal fonte de notícias para pessoas entre 18 e 29 anos

QUINTA-FEIRA, 6 DE JANEIRO DE 2011//// do Poder On line
Sem categoria | 10:57

Internet ultrapassa TVs como principal fonte de notícias para pessoas entre 18 e 29 anos

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Pesquisa sobre fontes de leitura de notícias, divulgada na newsletter eletrônica O Ex-Blog do Cesar Maia de hoje:

PESQUISA ‘PEW RESEARCH’: INTERNET PRIMEIRA FONTE DE NOTÍCIAS – 18-29 ANOS!
A Internet é hoje a principal fonte de notícias nacionais e internacionais e nacionais para as pessoas com idades entre 18 a 29, mostra um estudo do Pew Research Center. Em 2010, 65% das pessoas com menos de 30 já usam a internet como sua primeira fonte para as notícias, quase dobrando dos 34% em 2007. O número dos que consideram a televisão como principal fonte caiu de 68% para 52% durante esse período. Dos 1.500 adultos norte-americanos pesquisados, 41% dizem receber as suas notícias nacionais e internacionais a partir da Internet, eram 17% em 2007. 66% citam televisão – caindo dos 74% – indicando que a tendência está se espalhando entre outros grupos etários.
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AUDIÊNCIA DA TV ABERTA NA DÉCADA!
(Keyla Jimenez-Folha SP, 06) Comparando a audiência nacional das TVs abertas na década, as mudanças foram grandes. O SBT perdeu quase 50% de seu público de 2000 até 2010. Caiu de 10,4 pontos de média no país para 5,9 pontos, média do ano passado. Já a Record cresceu 31% na década. Pulou de 5,5 pontos no PNT para 7,2 pontos, média de 2010. A Globo caiu na década 8,5%: registrou em 2000 média de 19,9 pontos e em 2010, 18,2.
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E AS REDES SOCIAIS CRESCEM DE FORMA EXPLOSIVA!
A contagem de Tweets aumentou de 5.000 por dia em 2007 para 90.000.000 diários em 2010, enquanto Facebook passou de 30 milhões de usuários em 2007 para mais de 500 milhões de usuários hoje. Além disso, a cultura da audiência de televisão tem mudado nos últimos anos. Entre os serviços de streaming de mídia na web e, mais recentemente, TV, dispositivos de conexão de Internet como Roku e Boxee, as pessoas têm mais opções do que nunca. Com a capacidade de personalizar notícias e entretenimento que você consome, estas mudanças na forma de assistir televisão tem se tornado mais desejável para muitos.