domingo, 4 de fevereiro de 2024

Facebook, 20 anos: 4 formas como rede social mudou o mundo, FSP

 BBC NEWS BRASIL

"The Facebook". Era assim que o Facebook era chamado quando Mark Zuckerberg e um grupo de amigos lançaram a plataforma enquanto viviam em moradias estudantis, há 20 anos.

Desde então, a rede social mais popular do mundo foi redesenhada dezenas de vezes.

Mas seu objetivo permanece o mesmo: conectar pessoas online. E ganhar muito dinheiro com publicidade.

 Mark Zuckerberg diante de página antiga do Facebook em evento.
Vinte anos após lançamento, plataforma tem mais usuários do que qualquer outra, mas manutenção do posto é desafio num mercado cada vez mais competitivo e regulado - Niall Kennedy

1. FACEBOOK MUDOU O JOGO DAS REDES SOCIAIS

Outras redes sociais, como o MySpace, já existiam antes do Facebook –mas o site de Mark Zuckerberg decolou instantaneamente quando foi lançado em 2004.

Isso mostrou a velocidade com que uma plataforma do tipo poderia se consolidar.

Em menos de um ano, ele tinha 1 milhão de usuários e, em quatro anos, ultrapassou o MySpace —alimentado por inovações como a capacidade de "marcar" pessoas em fotografias.

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Levar uma câmera digital para sair à noite e depois "marcar" os amigos em dezenas de fotos era uma rotina da vida adolescente no final dos anos 1990.

O feed de publicações em constante mudança também foi um grande atrativo para os primeiros usuários.

Em 2012, o Facebook ultrapassou a marca de 1 bilhão de usuários mensais e, exceto por uma breve queda no final de 2021 –quando os usuários ativos diários caíram pela primeira vez para 1,92 bilhão, a plataforma continua a crescer.

Ao expandir-se para países menos conectados e oferecer internet gratuita, a empresa manteve e aumentou o número de usuários.

No final de 2023, o Facebook informou que tinha 2,11 bilhões de usuários ativos diários.

É fato que o Facebook é hoje menos popular entre os jovens do que costumava ser. No entanto, continua a ser a rede social mais popular do mundo e inaugurou uma nova era de atividade social online.

Alguns veem o Facebook e seus rivais como ferramentas que estimulam conexões, outros os veem como agentes viciantes de destruição.

2. O FACEBOOK TORNOU NOSSOS DADOS PESSOAIS VALIOSOS… E MENOS PESSOAIS

O Facebook provou que coletar o que gostamos e não gostamos é extremamente lucrativo.

Atualmente, a Meta, empresa controladora do Facebook, é uma gigante da publicidade que, juntamente com empresas como a Google, detém a maior parte da receita publicitária global.

A Meta reportou quase US$ 40 bilhões (R$ 199 bilhões) em receitas no último trimestre de 2023, vindas principalmente de serviços de publicidade altamente direcionados; a empresa declarou ainda US$ 14 bilhões em lucros.

Mas o Facebook também mostrou como a coleta de dados pode dar errado.

A Meta foi multada diversas vezes por uso indevido de dados pessoais.

O caso mais divulgado foi o escândalo da Cambridge Analytica em 2014, que levou o Facebook a pagar US$ 725 milhões para encerrar uma ação legal devido a uma violação de dados significativa.

Em 2022, o Facebook também pagou uma multa de 265 milhões de euros (R$ 1,4 bilhão) à União Europeia por permitir a extração de dados pessoais do site.

No ano passado, a empresa recebeu uma multa recorde de 1,2 bilhões de euros da Comissão Irlandesa de Proteção de Dados, por transferir dados de usuários europeus para fora da jurisdição europeia. O Facebook está recorrendo.

3. O FACEBOOK TORNOU A INTERNET PARTE DA POLÍTICA

Ao oferecer publicidade direcionada, o Facebook tornou-se uma importante plataforma para campanhas eleitorais em todo o mundo.

Por exemplo, nos cinco meses que antecederam as eleições presidenciais dos EUA em 2020, a equipe do então presidente Donald Trump gastou mais de US$ 40 milhões em anúncios no Facebook, de acordo com dados do site Statista.

O Facebook também contribuiu para mudar a política entre pessoas comuns —ao permitir que grupos díspares de usuários se reunissem, organizassem campanhas e planejassem ações em escala global.

O Facebook e o Twitter foram considerados cruciais na coordenação dos protestos da Primavera Árabe, ao divulgar notícias sobre o que estava acontecendo nas ruas.

Mas há críticas às consequências do uso do Facebook com fins políticos.

Em 2018, o Facebook concordou com um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) que afirmava que a plataforma não conseguiu impedir que as pessoas a usassem para "incitar a violência offline" contra o povo Rohingya em Mianmar.

4. O FACEBOOK DEU INÍCIO AO DOMÍNIO DA META

Com o enorme sucesso do Facebook, Mark Zuckerberg construiu uma rede social e um império tecnológico que permanecem sem precedentes em termos de número de usuários e de poder.

Empresas como WhatsAppInstagram e Oculus foram compradas e turbinadas pelo grupo Facebook, que mudou seu nome para Meta em 2021.

A Meta diz que hoje mais de 3 bilhões de pessoas usam pelo menos um de seus produtos todos os dias.

E quando não consegue comprar seus rivais, a Meta tem sido frequentemente acusada de copiá-los para manter seu domínio.

O recurso Stories do Facebook e do Instagram é semelhante a uma ferramenta do Snapchat; o Instagram Reels é uma resposta da empresa ao TikTok; e a ferramenta Threads é a tentativa da Meta de imitar o X, anteriormente conhecido como Twitter.

As táticas tornaram-se mais importantes do que nunca, graças ao aumento da concorrência e a um ambiente regulatório mais rigoroso.

Em 2022, a Meta foi forçada a vender com prejuízo o serviço de criação de GIFs (imagens em movimento) Giphy após reguladores do Reino Unido impedirem que ela controlasse o serviço.

Os reguladores citaram temores de que a Meta exercesse um domínio excessivo do mercado.

E OS PRÓXIMOS 20 ANOS?

A ascensão e o domínio contínuo do Facebook são uma prova da capacidade de Mark Zuckerberg de manter seu site relevante.

Mas se manter como a rede social mais popular do mundo será um desafio monumental nos próximos 20 anos.

A Meta agora está se esforçando para construir seus negócios em torno da ideia do Metaverso, processo no qual está à frente de gigantes rivais como a Apple.

inteligência artificial também é uma grande prioridade para a Meta.

Assim, à medida que a empresa se afasta das raízes do Facebook, será interessante ver o que o futuro reserva para o onipresente aplicativo azul.

*Com reportagem adicional de Iman Mohammed

Esta matéria foi originalmente publicada aqui.

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