A empresa Casa dos Ventos vai investir R$ 12 bilhões em ativos renováveis até o final de 2026. A companhia, dona de três parques eólicos concluídos e três em desenvolvimento, todos no Nordeste, soma 3,1 gigawatts (GW) de energia renovável.
A injeção de capital visa dar fôlego novo à expansão da companhia, ancorada na parceria com a petroleira francesa Total Energies, que comprou um terço da brasileira no começo de 2023.
"O total de R$ 12 bilhões inclui novos projetos de energia solar, que vão gerar 1 GW de energia, além da conclusão das eólicas em construção", afirmou o diretor-executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe.
Entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões serão aportados com capital próprio e o restante contará com financiamento de longo prazo via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), BNB (Banco do Nordeste) e mercado de capitais, disse o executivo, filho do presidente da empresa, Mário Araripe, ex-dono da fabricante brasileira de jipes 4x4 Troller.
A marca automobilística foi vendida para a Ford em 2007.
Segundo Lucas, apesar de a Total Energies ser voltada ao mercado de óleo e gás, a multinacional está comprometida com a transição energética. "Eles têm planos ambiciosos para a energia limpa", disse. "Até 2030, a meta da Total é gerar 100 GW em energias renováveis."
Em outubro, durante o 1º Fórum Esfera Internacional, em Paris, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a Total Energies deve investir R$ 500 bilhões em projetos para produção de petróleo, gás e energia limpa no Brasil até 2026.
Com a acionista francesa, a Casa dos Ventos obtém mais garantia para financiamentos, acesso a novos clientes, sinergia com fornecedores e maior conhecimento técnico, afirmou Lucas.
"Nós fomos pioneiros em desenvolver projetos de energia renovável, inclusive para outras empresas do setor que se dedicavam à geração e distribuição de energia", disse o executivo. "Mas decidimos nos dedicar a essas outras etapas do processo, nos tornando uma empresa completa, que pode tanto gerar energia limpa quanto ajudar indústrias de outros setores a se descarbonizarem."
Neste último caso, Lucas se refere especialmente ao uso do hidrogênio verde e derivados em projetos de transição energética.
"A amônia verde, por exemplo, é uma mistura de hidrogênio verde com nitrogênio, que pode ser empregada tanto em motores de trens e navios quanto na produção de fertilizantes nitrogenados", afirmou.
De acordo com ele, se a energia eólica está muito concentrada no Nordeste, a energia solar permite que a empresa expanda suas operações para as regiões Centro-Oeste e Sudeste.
A ideia é formar parques híbridos, expandindo o portfólio de geração solar em parques que já operam projetos eólicos. Segundo o executivo, a projeção é que a carteira total de projetos nas fontes eólica e solar chegue a 4,2 GW até 2026.
A energia eólica representa 13% da matriz energética brasileira, segundo dados do Siga —Sistema de Informação de Geração da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). É a segunda mais importante, depois da energia oriunda de hidrelétricas, que domina a matriz brasileira, respondendo por 53% do total.
A energia de biomassa vem em terceiro lugar (9%), seguida pelas geradoras de energia elétrica de pequeno porte —chamadas de PCH (Pequena Central Hidrelétrica)— e CGH (Central Geradora Hidráulica), que somam 5%. A fotovoltaica (solar) representa apenas 3% da matriz energética nacional.
O Brasil tem hoje 31 GW de capacidade instalada em operação comercial de energia eólica, segundo dados da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). São 1.625 parques eólicos no total, com mais de 10,8 mil aerogeradores, em 14 estados do país.
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