quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Português que foi a SP cobrir ato de Bolsonaro ficou em silêncio cinco vezes em interrogatório da PF, FSP

 O cidadão português Sérgio Tavares, que se apresenta como jornalista, ficou em silêncio em ao menos cinco momentos diferentes ao prestar depoimento à Polícia Federal (PF), no domingo (25).

Tavares foi detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no momento de seu desembarque. Ele afirmou que é jornalista e que veio ao Brasil para cobrir o ato de apoio a Jair Bolsonaro (PL) realizado na avenida Paulista. Seu passaporte chegou a ser retido pela PF.

O cidadão português Sérgio Tavares, detido neste domingo (25) no aeroporto de Guarulhos
O cidadão português Sérgio Tavares - @NoticiasTavares no X

Em depoimento, o português afirmou que veio ao Brasil a turismo, para acompanhar as manifestações bolsonaristas na capital paulista, e que pretendia ir a Brasília para participar de uma audiência pública no Senado, na segunda-feira (26), que debateu a obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19 em crianças.

Ele afirmou ainda que não havia reservado hotel em São Paulo nem em Brasília e que, se fosse necessário, se hospedaria na casa de seu advogado, localizada em Bauru (SP), distante em mais de 300 km da capital paulistana.

Tavares também relatou que possuía recursos financeiros e cartão de crédito para se manter no Brasil e que já tinha passagem comprada para retornar a Portugal na noite de segunda-feira.

Suas respostas, porém, cessaram a partir do momento em que a PF passou a inquiri-lo sobre publicações de sua autoria feitas nas redes, segundo um termo de declarações obtido pela coluna.

O português optou por ficar em silêncio ao ser questionado sobre uma afirmação feita em seu blog de que o Brasil vive uma "ditadura do Judiciário" e é "chefiado por criminoso".

Ele ainda não teria respondido, por orientação de sua defesa, ao ser indagado sobre supostos ataques contra a honra de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e sobre fatos ocorridos em 8 de janeiro.

Dono de um canal no YouTube que leva o seu nome e soma 264 mil inscritos, o português publica vídeos em que faz críticas a pessoas transexuais e a uma suposta "ideologia de gênero", se posiciona contra o ativismo ambiental e questiona a política de imunização contra a Covid-19 no Brasil, reproduzindo um discurso antivacina e difundindo informações falsas.

No dia 3 deste mês, Tavares publicou uma entrevista de 41 minutos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Sem a censura do STF na Europa, Bolsonaro fala sem filtros e conta tudo sobre a ditadura que o Brasil vive", afirma a descrição do vídeo disponibilizado em seu canal.

Após ser liberado pela PF no domingo, o youtuber português foi à avenida Paulista e subiu no trio elétrico reservado ao ex-presidente e a seus aliados de primeira hora.

"Eu vou garantir que a Europa e o mundo vai [sic] saber a verdade sobre o Brasil. O mundo vai saber que vocês precisam de liberdade", disse Tavares à multidão, após receber um microfone. "Que não pode ter censura, que não pode haver perseguição, que não podem obrigar bebês a serem vacinados."


VEJA O VÍDEO PUBLICADO POR TAVARES SOBRE SUA PARTICIPAÇÃO EM ATO BOLSONARISTA


Em nota emitida após o episódio, a Polícia Federal classificou como falsa a informação de que o português teria sido indevidamente impedido de entrar no Brasil.

"A PF conduziu o procedimento padrão para avaliar a situação do indivíduo, verificando se ele estaria no país a turismo ou a trabalho e por quanto tempo pretendia permanecer no país, seguindo o protocolo regular de admissão de estrangeiros", afirmou.

"Além disso, o estrangeiro foi indagado sobre comentários que fez sobre a democracia no Brasil, afirmando que o pais vive uma 'ditadura do Judiciário', além de outras afirmações na mesma linha, postadas em suas redes sociais", disse ainda a autoridade policial.

"Vale ressaltar que as mesmas medidas são adotadas por padrão na grande maioria dos aeroportos internacionais", finalizou a PF.

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