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Um americano lucrou US$ 1,76 milhão (R$ 8,76 milhões) após ter bisbilhotado uma ligação de trabalho remoto de sua esposa, uma executiva da petroleira BP, em que ela tratava sobre a aquisição da companhia de postos de gasolina TravelCenters of America.
Na semana passada, ele admitiu à SEC (CVM americana) ter cometido insider trading –como é chamado o uso indevido de informação privilegiada no mercado de capitais.
Além de devolver o lucro obtido na operação, ele pode ser multado em até US$ 250 mil e ser condenado a até cinco anos de prisão em julgamento marcado para maio.
Entenda: Tyler Loudon, 42, começou a comprar ações da TravelCenters em dezembro de 2022, após ter liquidado todos os investimentos que tinha.
- Em um período de cerca de um mês, ele comprou 46.450 papéis da companhia –tudo sem o conhecimento da esposa, que era uma executiva da área de fusões e aquisições da BP.
- O acordo entre as companhias foi anunciado em fevereiro de 2023, e as ações da TravelCenters dispararam 70%.
- Loudon rapidamente vendeu todos os papéis que tinha e embolsou o lucro, de acordo com as autoridades.
- Ele só confessou à esposa o que havia feito dois meses depois, época em que advogados da BP pediram a ela o endereço residencial e informações pessoais.
O que ele disse à esposa? Que ele tentava ganhar dinheiro para que ela não precisasse trabalhar tanto, de acordo com a SEC.
A executiva imediatamente informou seus superiores sobre a movimentação financeira de seu marido e cortou qualquer tipo de contato com ele.
↳ Não adiantou: ela foi colocada em licença administrativa e depois demitida, mesmo sem a empresa ter encontrado provas de que ela vazou conscientemente a aquisição ou sabia sobre as negociações de seu marido.
Sem dinheiro e sem esposa. A ex-executiva da BP também entrou com o pedido do divórcio em junho, conforme os documentos da SEC.
Em nota à CNN, o advogado de Loudon disse que ele "cometeu um grave erro de julgamento, pelo qual lamenta profundamente e assume total responsabilidade".
'NOVA AMERICANAS' NASCE COM PREJUÍZO DE R$ 4,6 BI EM 9 MESES
A Americanas registrou prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões nos primeiros nove meses do ano passado, num recuo de 23,5% frente às perdas de R$ 6 bilhões registradas no mesmo intervalo de 2022.
O balanço dos três primeiros trimestres foi divulgado pela varejista nesta segunda, após ter sido adiado por três vezes.
Também ontem a Justiça homologou o plano de recuperação judicial da companhia. Ele havia sido aprovado pela maioria dos credores em 19 de dezembro do ano passado.
Os destaques do balanço:
↳ O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que mede a geração de caixa, foi negativo em R$ 1,56 bilhão, contra R$ 1,28 bilhão negativo um ano antes;
↳ A Americanas demitiu um quarto da equipe desde janeiro, o que reduziu seu quadro de 43.123 colaboradores para 32.688;
↳ Foram fechados 132 pontos de venda de janeiro do ano passado até agora, o que representa cerca de uma loja encerrada a cada três dias;
↳ As vendas no canal digital somaram R$ 4,8 bilhões nos primeiros nove meses do ano passado, um tombo de 77% em relação ao mesmo período do ano anterior; nas lojas físicas, foram R$ 9,2 bilhões, num recuo de 4,4%.
"Nova Americanas": esse é o fator apontado pelo CEO Leonardo Coelho para justificar o tombo nas vendas online.
- Desde o ano passado a empresa passou a priorizar o canal físico, com uma operação mais enxuta e voltada a produtos de conveniência, como guloseimas, itens de limpeza e brinquedos.
- As vendas de mercadorias com tíquete mais alto ficaram para o online e por meio dos "sellers", vendedores terceiros responsáveis pelo produto e pela entrega.
- A varejista entra nesse caso apenas como uma vitrine.
- Também faz parte do plano o fechamento de mais 80 lojas e a venda da rede de hortifrútis Natural da Terral, Único (franquias de Puket e Imaginarium) e até da fintech Ame Digital.
COMO MÃE E FILHO AJUDARAM A REVELAR FRAUDE NA WIRECARD
O escândalo que levou a fintech alemã de pagamentos Wirecard à falência teve uma importante participação de um funcionário e sua mãe.
A história foi contada pelo serviço de notícias global da agência BBC.
Relembre: a Wirecard chegou a ser avaliada em 24 bilhões de euros, mas a revelação de fraudes contábeis fez a empresa se tornar a primeira do índice acionário alemão DAX a declarar insolvência.
O esquema envolvia um processo em que a companhia vendia ativos para uma companhia laranja e em seguida os recomprava. A manobra inflava artificialmente os indicadores financeiros da fintech.
Qual a participação do filho na revelação? Pav Gill assumiu em 2017 o cargo de chefe do departamento jurídico da região Ásia-Pacífico na Wirecard, baseado em Singapura.
Não demorou muito para que um colega o abordasse relatando acusações sérias, como a de que um diretor financeiro da Wirecard explicava a funcionários como cometer fraudes.
Gill informou à matriz na Alemanha sobre o ocorrido e foi incumbido de levar adiante uma investigação, que envolvia acesso a documentos do diretor envolvido nas acusações.
Quando encaminhou os indícios de fraudes à companhia, com boletos falsos emitidos por empresas laranja nas Filipinas, a empresa pouco fez e passou a pressionar Gill.
É aí que entra o papel de Sokhbir, a mãe dele. Ela procurou vários jornalistas para contar o que estava acontecendo na empresa e foi encaminhada a Dan McCrum, repórter do Financial Times que já investigava a Wirecard.
Como resultado da apuração jornalística e das informações fornecidas por Pav, a Wirecard teve que permitir uma auditoria nas suas contas, que encontrou um rombo de US$ 2 bilhões.
- Os papéis da empresa despencaram 99% e um tempo depois ela foi à falência.
Hoje, Markus Braun, ex-CEO, aguarda julgamento na Alemanha acusado de fraude, quebra de confiança e manipulação contábil. Ele afirma que é inocente e que também foi vítima de fraude.
Jan Marsalek, ex-chefe de operações, desapareceu um dia após o colapso da empresa. A pedido da Alemanha, a Interpol emitiu um aviso vermelho para a sua prisão em agosto de 2020.
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