segunda-feira, 23 de maio de 2022

Fracasso da venda direta de etanol x soluções para gasolina e diesel, EPBR

 Os resultados da venda direta de etanol das usinas aos postos de combustíveis são um material interessante para um estudo de caso do setor. Assim como as medidas atualmente em discussão sobre a gasolina e o diesel, os objetivos eram ampliar a concorrência e permitir a redução de preços ao consumidor.

Porém, os dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), coletados de novembro de 2021 a fevereiro de 2022, mostram que a permissão da venda direta foi inócua. O volume de etanol movimentado não foi significativo — apenas 15,4 milhões de litros, o que corresponde a menos de 1% do consumo nacional — e não foi possível mensurar o efeito sobre os preços.

Esses resultados foram previstos por estudos da Leggio Consultoria e é importante conhecer seus motivos.

As distribuidoras de combustíveis movimentam grandes volumes de uma só vez e, por isso, utilizam dutos e ferrovias, reduzindo assim os custos de transporte por metro cúbico. Em outros casos, são utilizados veículos de grande volume que têm uma produtividade alta tanto no transporte quanto na carga e descarga de produto.

Entraves à venda direta de etanol

Quando um posto compra etanol diretamente de um fabricante, é necessário usar caminhões de menor tamanho para transportar volumes pequenos, levando a custos maiores. Dessa forma, a almejada redução no preço final não acontece.

Outro ponto importante que explica a venda direta ser irrelevante é a localização geográfica das usinas, situadas nas regiões produtoras de cana e longe dos centros consumidores. Apenas postos “bandeira branca” e fisicamente próximos de usinas compram diretamente, pois para os mais distantes, essa logística é inviável. Ou seja, poucos postos estão aptos a comprar etanol diretamente dos fabricantes.

Há ainda um fator de mercado: os preços do combustível nas bombas tendem a se equiparar dentro de uma mesma área de influência, principalmente em um mercado de commodity. Assim, ainda que haja uma redução no custo final, essa não é repassada para o consumidor.

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