A pandemia fez muitos perceberem que podem realizar a mesma tarefa a distância, sem deslocamentos, trânsito ou o frio dos últimos dias.
Essa revolução tecnológica terá efeitos duradouros em vários campos. Em um deles, permitirá que as diferenças sociais daqui para a frente não sejam apenas de classe e renda, mas também de regime de trabalho. Profissionais mais qualificados poderão escolher onde, como e quando trabalhar.
Pesquisa recente do Talenses Group com 676 pessoas revelou que apenas 5% dos entrevistados gostariam de voltar ao regime presencial.
Melhores salários, achar sentido no trabalho e buscar qualidade de vida estão entre os principais motivos para aumentos de pedidos de demissão que ocorrem em vários países, como EUA, França e China.
No Brasil, há tendência parecida ao examinarem-se dados do Caged dos primeiros meses de 2022. Apenas em fevereiro, foram 560 mil pedidos de demissão voluntária, maior número da série histórica, iniciada em janeiro de 2004.
No setor de tecnologia, a fuga de talentos é nítida. Uma pesquisa feita pelo LinkedIn mostra que houve um crescimento de 273,59% na ida de profissionais brasileiros para os EUA de maio de 2020 a abril de 2021.
As empresas fazem movimentos para contemplar essas insatisfações. O Airbnb liberou seus funcionários para trabalho remoto permanentemente. O Goldman Sachs vai permitir que os chefes tirem folgas quando quiserem. A empresa de tecnologia NovaHaus, de Franca, no interior de São Paulo, adotou semana de trabalho de quatro dias.
O cenário para os próximos anos no Brasil é de terra arrasada. Temas como inflação alta, educação de péssima qualidade, violência constante e corrupção são de difícil resolução, não importe o governo.
Um país desigual permite aos mais qualificados largar o trabalho ou o país e aproveitar os confortos da tecnologia. Enquanto isso, o Brasil segue com uma taxa de desemprego em torno de 13%.
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