Leio a notícia e me bate a sensação de déjà-vu. Após acordo com o Ministério Público, a Supervia, concessionária responsável pelo transporte ferroviário no Rio, irá reformar a estação da Leopoldina. O investimento prometido para obras na gare e nas plataformas é de R$ 5 milhões. O edifício histórico, abandonado há mais de 20 anos e caindo aos pedaços na cabeça de quem se aventura a passar por ali, é um retrato da falência e do desprezo pela cidade.
A empresa, campeã de reclamações e em briga aberta com o governador Cláudio Castro (que classificou o serviço de "podre"), terá de conservar e manter limpas as áreas sob sua responsabilidade. Ainda está prevista uma segunda etapa do projeto: a instalação, no prazo de um ano após a conclusão da reforma, de um centro cultural, com salas de exposição e teatro —ouço essa conversa fiada há três décadas.
A Leopoldina, ou a estação Barão de Mauá, está carregada de memória afetiva. Inspirada na gare Victoria, de Londres, foi inaugurada em 1926. Luxo de outros tempos, o amplo salão interior, que oferecia serviços de cafeteria, barbeiro, engraxate, charutaria e agência bancária, é dominado por uma abóbada de fina estrutura metálica. Os passageiros embarcavam para bairros do subúrbio (Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha) e também para Petrópolis, Friburgo, Campos. Entre 1994 e 1998, funcionou o Trem de Prata para São Paulo.
O passado do Rio que merece ser preservado é um permanente e nunca concluído projeto de "revitalização". Se o rio Carioca jorra litros de esgoto na baía de Guanabara, como ocorreu no mês passado, logo surge a promessa de limpar e salvar suas águas. E assim ficamos: na promessa.
Quando se contar a verdadeira história do samba na Lapa dos anos 90, Eduardo Galloti será o bamba daquele movimento. Ele morreu na quinta (12), sem desfrutar da glória em vida.
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