A cratera aberta nesta terça-feira na marginal Tietê é a mais nova vidraça tucana em obras do metrô de São Paulo. O buraco de agora se soma a promessas não cumpridas, interrupção de obra, rescisão de contrato e prejuízos diversos nessa mesma linha.
O anúncio da linha 6-laranja do metrô é de 2008, ainda na gestão de José Serra (PSDB) e um ano depois de um desabamento na linha 4-Amarela ter aberto uma cratera e matado sete pessoas em Pinheiros.
A promessa inicial para a linha 6 era entregá-la em 2012 para operação, o que não ocorreu dez anos depois e é provável que ganhe novos prazos com esse acidente.
Na época do anúncio, ela logo ganhou o apelido de linha das universidades. Em seu trajeto, de 15 km de extensão e 15 estações, estão instituições como PUC, Mackenzie e Faap. A promessa é que um dia essa linha ligará a Brasilândia, no extremo norte da cidade, à estação São Joaquim, da linha 1-Azul.
A linha 6, conhecida agora pela cratera na marginal, é aquela que levou moradores de Higienópolis a se organizarem contra a obra. Foi ali que usaram o termo "gente diferenciada" para descrever as pessoas do extremo norte da cidade que seriam atraídas ao tradicional bairro paulistano.
Essa linha também é aquela comemorada como a primeira PPP (Parceria Público Privada) plena do Brasil, quando o consórcio vencedor não apenas faz a obra, mas também é responsável pela operação dos trens.
Essa propaganda, porém, sofreu um forte abalo em consequência da Operação Lava Jato. As empreiteiras da PPP Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia passaram a ser investigadas e não conseguiram mais recursos para tocar as obras, o que levou a uma paralisação por anos.
Essa interrupção, além de uma disputa judicial, provocou a deterioração dos quarteirões em torno da obra, com lixo e mato alto. A linha 6, porém, é só um exemplo da conturbada relação do paulistano com o metrô.
Pontualidade, eficiência e limpeza são reconhecidas. Por outro lado, já faz parte do imaginário tanto o aperto de seus trens superlotados, a tarifa e as promessas de obras nunca cumpridas, além do caos em dias de greves e paralisações de seus funcionários.
A coleção de problemas mais recentes inclui o capenga monotrilho da linha 15-Prata (zona leste) e o sempre atrasado monotrilho da linha 17-Ouro (zona sul).
Com a cratera da marginal agora em sua conta política, o governador João Doria (PSDB) deixará o Governo de São Paulo até o início de abril para disputar o Palácio do Planalto.
Em 2018, quando o então governador tucano Geraldo Alckmin fez o mesmo, ele deixou para trás um passivo de atraso em todas as obras do metrô. Um legado do PSDB.
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