Teve início na sexta-feira (1º) o segundo mandato de Bruno Covas como prefeito de São Paulo. Agora consagrado pelas urnas, o tucano dará seguimento à gestão iniciada em 2018, quando assumiu o comando da maior cidade do país no lugar de seu correligionário João Doria, que deixara o cargo para se candidatar ao governo do estado.
Embora tenha conquistado a confiança de larga parcela dos paulistanos para um novo termo à frente da capital, Covas reassume o governo sombreado por promessas não realizadas nos últimos anos.
Levantamento da agência Lupa mostra que o alcaide paulistano cumpriu apenas 29 das 71 metas firmadas para 2019 e 2020. Há ainda 12 itens que, por falta de informações, não puderam ser avaliados.
As áreas de mobilidade urbana e habitação estão entre as de pior desempenho. Quanto à primeira, o prefeito não atingiu 4 dos 6 objetivos traçados —como implantar 9,4 km de corredores de ônibus e construir 173 km de ciclovias.
Com relação à habitação, 3 das 5 metas não foram alcançadas. Covas entregou cerca de metade das 21 mil unidades habitacionais prometidas; sua gestão realizou só 9 das 14 retiradas de ocupações previstas. Tampouco houve a desocupação de 17 edifícios a fim de transformá-los em moradias populares.
As deficiências atingiram ainda a zeladoria, o atendimento à população de rua e a criação de parques, bem como saúde e educação.
Tais problemas passaram ao largo do discurso de posse do prefeito. Na companhia do novo vice, Ricardo Nunes, motivo de controvérsia na campanha, Covas optou por uma fala mais genérica que a de dois anos atrás, quando chegou a detalhar como pretendia estruturar a rede de saúde da família.
Sem embargo, merece ser louvado, em tempos de polarização extremada, o tom conciliatório de sua manifestação. Corretamente, condenou o ódio e a intolerância na política e lembrou o caráter frágil e transitório da democracia.
Mencionou também o câncer que o aflige. A postura transparente e aberta com relação a um drama compartilhado por milhões de brasileiros não por acaso suscitou a simpatia da população.
Faltou a Covas, entretanto, apontar um rumo claro para a sua gestão, capaz de fazer frente aos desafios de uma cidade complexa e ciclópica como São Paulo. É o que se espera dele a partir de agora.
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