Ela é a única saída para esta calamidade que estamos vivendo
Governos correm para garantir a vacinação de suas populações no menor tempo possível. O problema não é, necessariamente, a aquisição das doses, mas obtê-las de maneira célere o suficiente para frear o avanço da pandemia, salvar vidas e permitir a reorganização da atividade econômica.
O segundo desafio é a logística da vacinação. Mesmo países que asseguraram volume suficiente de vacinas para o curtíssimo prazo, como EUA e Reino Unido, caminham em ritmo ainda lento, certamente mais lento do que o necessário para reduzir rapidamente a transmissão. A notável exceção é Israel, que já imunizou 78% da população acima de 70 anos e quase 25% da população total. Suspeito de que a iminência de um processo eleitoral em março e um governo cambaleante tenham sido incentivos extras para que se buscassem soluções fora da caixa.
Há, porém, um desafio talvez mais importante para o resultado final na luta contra a pandemia: a baixa disposição da população em se vacinar. De maneira espantosa, isso se manifesta também entre os profissionais de saúde, em alguns casos em proporção superior à da população em geral.
Segundo reportagem do Financial Times, metade das enfermeiras, um quarto dos médicos e cerca de 35% dos alemães declaram que não querem se vacinar. Na França, são 76% dos funcionários de asilos e 60% da população em geral.
Ficamos tão perplexos com o descaso e a desinformação sistemática, inclusive de autoridades públicas, sobre como lidar com a pandemia que deixamos de atentar para o fato de que o Brasil, embora pareça, não é desconectado do mundo.
Os números apontam um problema muito maior e mais importante, um melancólico sentimento de descrédito na ciência e nas instituições. É difícil acreditar que americanos e europeus rejeitem a vacina porque temem virar jacaré ou por desconfiança em relação ao país do qual ela se origina.
Nunca foi tão importante a transparência sobre as vacinas —suas tecnologias, dados e efeitos— e a missão de levar essa informação a todos para, esperançosamente, convencer a população sobre a segurança da única saída para esta calamidade que estamos vivendo.
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