Empresa quer desocupar até julho prédio na Paulista em que trabalham mais de 600 pessoas
Nicola Pamplona
RIO DE JANEIRO
A Petrobras decidiu desmobilizar sua sede administrativa em São Paulo e estuda a criação de novos planos de demissão voluntária para cortar custos. As medidas foram anunciadas em reunião nesta segunda-feira (25), na qual a companhia disse que procurará realocar o pessoal da sede paulistana.
“Ficará em São Paulo aquilo que é essencial, que é ultranecessário para a performance da companhia”, disse o gerente-executivo de Recursos Humanos da empresa, Cláudio Costa, segundo áudio ao qual a Folha teve acesso, cujo teor foi confirmado ao sindicato local por trabalhadores que estavam na reunião.
“Dá para absorver todo o mundo que está aqui? Não. Algumas pessoas não ficarão”, completou.
“Dá para absorver todo o mundo que está aqui? Não. Algumas pessoas não ficarão”, completou.
Segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, 400 trabalhadores do local são empregados próprios da Petrobras —o restante é de terceirizados.
Chamada de Edisp, a sede administrativa ocupa sete andares em um edifício na avenida Paulista e abriga empregados que prestam serviços a unidades operacionais da empresa no estado e no Sul, principalmente refinarias.
Costa sinalizou com programas para incentivar a redução de pessoal. “Algumas pessoas vão decidir por conta própria não permanecer na companhia. Os programas virão para ajudar nesse processo decisório”, afirmou. O contingente que permanecerá na capital paulista deve ficar em escritórios compartilhados.
Segundo ele, a medida visa cortar custos. Faz parte de estratégia global para reduzir a presença em alguns setores e focar a geração de valor para os acionistas. Desde que assumiu o cargo, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, tem dito que a empresa vai priorizar o pré-sal.
Em vídeo divulgado aos funcionários após a divulgação da notícia, Castello Branco disse que a empresa estuda como recolocar todos os empregados da sede em São Paulo.
“As pessoas que trabalham nesse prédio —nós temos uma estimativa de 655 pessoas, a não ser que eu esteja enganado— serão direcionadas para outros locais de custo mais baixo”, afirmou.
“Nós não temos a intenção, a priori, de demitir ninguém”, completou. O executivo confirmou, porém, que há estudos para a criação de planos de demissão incentivada. “Nós estamos estudando um programa de demissão incentivada de forma voluntária”, disse, alegando que ainda não há detalhes porque os estudos de custos estão em curso.
“Eles querem levar o máximo possível de pessoas para o Rio. Mas o ideal para o trabalhador seria buscar outro prédio mais barato em outro bairro”, afirmou Alexandre Castilho, diretor do sindicato paulista, que pede à empresa um estudo de viabilidade dessa alternativa.
Os trabalhadores se reunirão com sindicatos nesta quarta-feira (27) para debater o tema.“São duas questões distintas: uma é local, sobre o edifício, a outra é a privatização do sistema de refino. O Edisp e a primeira peça de um processo de desmonte do refino”, diz o sindicalista.
A Petrobras tem quatro refinarias em São Paulo e duas no Sul. Em 2018, colocou o controle das duas unidades no Sul à venda, mas o processo foi interrompido após liminar do Supremo que condicionava a venda do controle de estatais à aprovação do Congresso.
Em 17 de janeiro, a companhia decidiu retomar o processo de venda —que inclui também um pacote com fatias em duas refinarias do Nordeste—, mas não está claro ainda se o modelo será o mesmo. Castello Branco já disse que a Petrobras estudará a venda de outras refinarias.
A proposta inicial era se desfazer de 60% de duas novas empresas que controlam, cada uma, com duas refinarias, dutos e terminais. Dessa forma, a estatal repassaria a um parceiro privado 25% da capacidade nacional de refino.
A Petrobras diz que a desocupação do Edisp deve ser concluída até junho e vai gerar economia de R$ 100 milhões no período do plano de negócios, entre 2019 e 2023. Segundo a estatal, há estudos em curso para determinar atividades que podem migrar para outros imóveis.
“Os gestores responsáveis pelas atividades que hoje são realizadas no prédio estão avaliando quais delas realmente precisam permanecer na capital paulista e quais podem ser realocadas em outros imóveis da companhia no estado, como a sede da UO-BS [unidade operacional em Santos] ou as refinarias, ou mesmo na sede, no Rio”, afirmou a empresa, em nota.
No texto, a Petrobras confirma também estudos para programas de demissão incentivada para cortar custos, mas diz que ainda não há detalhes ou cronogramas definidos.
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