Você acredita que a globalização, afinal, é nossa aliada ou nossa inimiga?
SÃO PAULO
A globalização, afinal, é nossa aliada ou nossa inimiga? As respostas variam, e de forma às vezes surpreendente. Os primeiros a cerrar fileiras contra a globalização foram sindicatos e partidos de esquerda. A eles se somariam Donald Trump, movimentos xenófobos e, mais recentemente, nosso novo chanceler, Ernesto Araújo.
Robert Kuttner, autor de “Can Democracy Survive Global Capitalism?” (a democracia sobreviverá ao capitalismo global?), também integra esse time. Mas Kuttner pelo menos apresenta argumentos racionais para defender sua posição.
“Can Democracy...” pode ser descrito como uma mistura de manifesto político e história econômica. A parte historiográfica é melhor do que a política. Kuttner discorre com propriedade sobre temas árduos como finanças, tributação, movimento sindical e consegue a proeza de nos manter interessados.
Penso que ele monta um bom caso em favor de uma regulação mais rígida de alguns produtos financeiros e nos convence da importância de ter sindicatos fortes e governos que proporcionem algum tipo de colchão social a seus cidadãos. Mostra como, no passado, as ansiedades econômicas de grandes contingentes de trabalhadores levaram a experimentos antidemocráticos.
Receio, porém, que o autor seja um pouco injusto com a globalização. É verdade que ela é um dos fatores (mas não o único) que explicam o relativo empobrecimento —e a ira— de grupos de eleitores de países ricos. Mas o autor ignora o outro lado da moeda. A globalização é um dos elementos que permitiram ao mundo avanços notáveis na redução da pobreza de países em desenvolvimento, em especial na Ásia. É uma dimensão em que o planeta claramente melhorou, e no sentido que a esquerda sempre defendeu.
Kuttner também exagera, a meu ver, ao sugerir que governos gastem mais sempre que a economia desandar. Dilma seguiu essa receita ao pé da letra e deu no que deu.
Hélio Schwartsman
Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".
SÃO PAULO
A globalização, afinal, é nossa aliada ou nossa inimiga? As respostas variam, e de forma às vezes surpreendente. Os primeiros a cerrar fileiras contra a globalização foram sindicatos e partidos de esquerda. A eles se somariam Donald Trump, movimentos xenófobos e, mais recentemente, nosso novo chanceler, Ernesto Araújo.
Robert Kuttner, autor de “Can Democracy Survive Global Capitalism?” (a democracia sobreviverá ao capitalismo global?), também integra esse time. Mas Kuttner pelo menos apresenta argumentos racionais para defender sua posição.
“Can Democracy...” pode ser descrito como uma mistura de manifesto político e história econômica. A parte historiográfica é melhor do que a política. Kuttner discorre com propriedade sobre temas árduos como finanças, tributação, movimento sindical e consegue a proeza de nos manter interessados.
Penso que ele monta um bom caso em favor de uma regulação mais rígida de alguns produtos financeiros e nos convence da importância de ter sindicatos fortes e governos que proporcionem algum tipo de colchão social a seus cidadãos. Mostra como, no passado, as ansiedades econômicas de grandes contingentes de trabalhadores levaram a experimentos antidemocráticos.
Receio, porém, que o autor seja um pouco injusto com a globalização. É verdade que ela é um dos fatores (mas não o único) que explicam o relativo empobrecimento —e a ira— de grupos de eleitores de países ricos. Mas o autor ignora o outro lado da moeda. A globalização é um dos elementos que permitiram ao mundo avanços notáveis na redução da pobreza de países em desenvolvimento, em especial na Ásia. É uma dimensão em que o planeta claramente melhorou, e no sentido que a esquerda sempre defendeu.
Kuttner também exagera, a meu ver, ao sugerir que governos gastem mais sempre que a economia desandar. Dilma seguiu essa receita ao pé da letra e deu no que deu.
Hélio Schwartsman
Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".
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