Luiz Inácio Lula da Silva sofreu nova condenação, desta vez a 12 anos e 11 meses, por corrupção e lavagem de dinheiro relacionadas ao sítio em Atibaia. Se, no caso do apartamento no Guarujá, defensores do ex-presidente ainda podiam recorrer a racionalizações do tipo “não existem provas”, “ele esteve uma única vez no imóvel”, isso fica mais difícil no rolo do sítio.
Há toneladas de provas materiais indicando que Lula, embora não detivesse a propriedade formal da chácara, frequentava-a com mais assiduidade que os donos. A quantidade de objetos de uso pessoal ali deixada pelo casal Lula e Marisa não permite dúvida sobre quem de fato usufruía do imóvel. Tampouco se pode contestar que o sítio recebeu reformas de considerável valor monetário, que foram pagas por empreiteiras.
Diante disso, esforços para defender Lula vão cada vez mais sendo empurrados para tecnicalidades do tipo “Curitiba não era o foro adequado para julgá-lo, já que não se demonstrou o elo entre as obras no sítio e desvios na Petrobras” ou “o processo andou rápido demais” ou “a pena estabelecida é desproporcional”.
Os advogados do ex-presidente têm o dever profissional de explorar esses caminhos, mas a vida fica complicada para o militante petista ou quem procurasse argumentar no campo ético. O discurso do “não se provou que ele tenha feito algo de errado” vai sendo substituído por formalismos jurídicos, que não dão muita base para uma defesa moral de Lula.
O maior problema nessa novela é que ela está ajudando a privar o Brasil dos benefícios de uma oposição. Numa democracia, idealmente, o governo apresenta projetos que são confrontados com planos alternativos elaborados pela oposição, na esperança de que emerja como resultado final uma proposta mais equilibrada e abrangente que a inicial. Enquanto o PT, um dos maiores partidos na Câmara, se perde entre as defesas de Lula e de Maduro, é baixa a probabilidade de que isso ocorra.
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