domingo, 24 de fevereiro de 2019

Gestão Bruno Covas desiste de iluminação inteligente em São Paulo, FSP

SÃO PAULO


Após quatro anos de disputas judiciais, sem conseguir implementar seu projeto de modernização da iluminação pública, a Prefeitura de São Paulo desistiu da telegestão, tecnologia que transformaria a capital paulista no que os urbanistas chamam de cidade inteligente.
A gestão Bruno Covas (PSDB) lançou na quinta (21) a consulta pública para refazer a concorrência do projeto da nova iluminação pública da cidade, mas excluiu o sistema que permite o controle a distância e em tempo real da operação de toda a rede de luz.
Quando o projeto foi lançado, em 2015, na administração do então prefeito Fernando Haddad (PT), potenciais investidores diziam que a tecnologia traria a iluminação da cidade para o século 21.
Mas a concorrência foi anulada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em dezembro de 2018 após uma série de conflitos judiciais, escândalos e suspeitas de corrupção. Agora, o processo licitatório recomeça do zero sem obrigar os investidores a adotar a telegestão.
Falta de iluminação pública nas ruas próximas ao centro de São Paulo
Falta de iluminação pública nas ruas próximas ao centro de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress
Com ela, a rede de iluminação pública tem inteligência para detectar automaticamente quando uma lâmpada queima. Atualmente, a população precisa contatar o call center do Ligue Ilume para reportar a necessidade de reparos.
Outra vantagem da telegestão, destacada no lançamento da licitação anterior, é o fato de ela trazer tecnologia que no futuro poderia ser aproveitada para instalar sistema de detecção de tiros e monitoramento de tráfego a partir dos pontos de luz.
A consulta pública lançada na semana passada propõe uma PPP (parceria público-privada), assim como o projeto anterior que fracassou. Desta vez, porém, em vez de selecionar um único parceiro —que levaria um contrato superior a R$ 7 bilhões em 20 anos—, prevê a divisão em três lotes.
O primeiro tem valor estimado de R$ 1,6 bilhão, o segundo pode alcançar algo em torno de R$ 1,7 bilhão, e o terceiro, quase R$ 1,8 bilhão. A prefeitura espera que a licitação ocorra ainda neste primeiro semestre.
Outra mudança em relação à disputa anterior foi a inclusão de uma conta de passagem dos recursos da Cosip (contribuição para o custeio da iluminação pública) para servir de garantia aos pagamentos das contraprestações.
Na versão passada, a ausência dessa garantia espantou o interesse de grandes multinacionais, deixando na disputa apenas dois consórcios: FM Rodrigues e Walks (WTorre).
Após a vitória da FM, a PPP chegou a ser investigada por suspeita de fraude, mas o Ministério Público arquivou o caso neste mês. O Walks foi desclassificado porque tinha uma empresa que controlava outra empresa considerada inidônea e impedida de contratar com poder público.
A vantagem da conta vinculada é que ela pode ser apresentada como garantia pelo vencedor da concorrência ao banco que financiará o investimento, reduzindo os juros.
Procurada, a prefeitura diz que a implantação da telegestão pelo futuro vencedor da concorrência será opcional e que a exigência do investimento foi retirada porque elevaria o custo em R$ 50 milhões por ano. "Caso seja economicamente viável e necessária, essa tecnologia poderá ser implantada futuramente pela prefeitura", disse.

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