Jornalista narra participação no ato contra Bolsonaro neste sábado (29) em São Paulo
Sentimento de alma lavada. Para a mulherada que é chegada numa festa, o sabadão teve gosto de vingança. Um contingente considerável de brasileiras já percebeu que as eleições não serão aquela celebração da nossa democracia que o Tribunal Superior Eleitoral, e sua biometria de calada da noite, insiste em nos fazer crer.
Tudo indica que seremos obrigados à escolha de Sofia entre a chapa do Recruta Zero e seu vice, o Sargento Tainha, e seus antípodas, reduzidos a um Exército de Brancaleone que não dá a mínima para a responsabilidade fiscal e computa contratação de funcionários públicos como criação de emprego.
Mas, hélas, se os candidatos não são exatamente duas fulguras no Brasil, florão da América dos dias que correm, as mulheres brilharam.
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Eu estava entre a “minha gente” na enorme mancha humana na avenida Faria Lima. Todo mundo ali queria a mesma coisa: continuar a caminhar em direção ao futuro, sem desvios aventureiros ou armadilhas autoritárias.
Por uma tarde, vestindo uma camiseta confeccionada especialmente para o evento (com a imagem de Caco, o Sapo e o slogan da resistência #ELENAO) pude sentir o Brasil de novo unido como na campanha das Diretas Já.
Neste sábado, estávamos todas na mesma onda. Ninguém foi para defender candidato ou partido específico. E os políticos que tentaram tirar uma lasquinha acabaram sendo rechaçados.
Eles podem nos tapear a cada eleição ao incluir na agenda de temas multiculturais (aborto, maioridade penal, defesa das minorias) como desculpa para não falar do que realmente interessa.
Até agora, nenhum dos dois que, ao que tudo indica, estarão no segundo turno apresentaram propostas para as urgentes, urgentíssimas: reformas política, trabalhista e fiscal. E ficamos à mercê do vento, tendo de optar sempre pelo mal menor.
Ocorre que resolvemos antecipar em uma semana a celebração da defesa dos nossos ideais e o firme apoio às instituições democráticas. Nosso recado foi claro.
Trogloditas não passarão. Saudosistas de métodos medievais, torquemadas de ocasião, atentem: o verde-oliva não estará na moda na próxima temporada.
Barbara Gancia é repórter
especial do canal GNT
especial do canal GNT
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