É impossível escrever sobre as agendas dos candidatos a deputado e senador
Na eleição para presidente, somos apresentados a poucas opções de voto, e a agenda dos candidatos está o tempo todo na mídia. Muitas vezes, tomamos uma posição passiva de escolher o menos pior.
O voto legislativo, ao contrário, pede ação do eleitor. É preciso garimpar nomes, se mexer, tomar a iniciativa. Às vezes, frequentar reuniões, ouvir propostas e fazer campanha.
O Legislativo divide a culpa com o Executivo em todos os escândalos de corrupção recentes. Seja o mensalão, petrolão ou a compra de votos para a reeleição, os deputados e senadores impuseram sucessivas chantagens aos presidentes. Para obter maioria no Congresso e no Senado, é preciso pagar para alugar seu voto. Há raras exceções.
Pois é aí que a passividade do eleitor deve dar lugar à ação.
A cobertura da imprensa não dá conta de divulgar novos nomes para o Legislativo. Muitas vezes, as pautas priorizam o fato inusitado e projetam filhos de políticos presos ou nomes bizarros de candidatos.
A exceção é a excelente ferramenta da Folha que ajuda a achar nomes de acordo com suas visões de mundo.
Os caciques dos partidos têm uma estrutura para se reeleger. É nosso dever deixar os dinossauros fora do Legislativo. E os filhos dos dinossauros também.
Mantenha seu alerta de corrupção e fisiologismo ligado para os candidatos do MDB, PP, PR e outros partidos que estão até o pescoço envolvidos com a Lava Jato. De acordo com sua ideologia, atente para partidos como o PV, PSOL ou o Partido Novo. Pense num jogo político em que partidos priorizem o debate de ideias e representem diferentes setores da sociedade.
Confira as opções do movimento Agora!. Frequente reuniões, busque a micropolítica nas redes sociais.
Convém atentar também para análises como a do cientista político Jairo Nicolau, no El País, que não recomenda o voto na legenda de um partido. Pela nova lei eleitoral, o candidato precisa ter 10% do coeficiente para se eleger.
E se você ficou comovido com a morte da Marielle Franco, procure suas sucessoras. Algumas assessoras diretas dela estão concorrendo no Rio de Janeiro.
A renovação política democrática não acontece com salvadores da pátria na presidência. Não é um caminho mágico e rápido. Pelo contrário, precisa do nosso envolvimento diário. Mas ainda dá tempo de começar.
Renato Terra
Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.
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