sexta-feira, 14 de setembro de 2018

As locomotivas da produção, Abifer

As novas locomotivas para a VLI. Foto: Divulgação
Na última semana de agosto, uma das principais empresas de transporte ferroviário do País, a VLI Logística, anunciou a chegada de 26 novas locomotivas para sua mais movimentada ferrovia, a Centro-Atlântica (FCA). As supermáquinas foram colocadas nos trilhos para aumentar a capacidade de escoamento de cargas de açúcar e grãos, além de transportar produtos de siderurgia e equipamentos industrializados para o Porto de Tubarão, no Espírito Santo, e para o terminal Tiplam, na Baixada Santista. “Graças aos grandes investimentos incentivados pelo governo e realizados pela iniciativa privada, a infraestrutura logística brasileira, seja em ferrovias, seja nos portos, tem condições de atender com tranquilidade ao aumento da produção brasileira para os próximos anos”, afirma o baiano Marcello Spinelli, presidente da VLI.
A aquisição das locomotivas pela VLI, que tem a mineradora Vale, o fundo canadense Brookfield, o grupo japonês Mitsui e o fundo de investimento do FGTS como controladores, não foi a única boa notícia dos últimos meses. No embalo de uma receita de R$ 4,5 bilhões no ano passado, cerca de R$ 1 bilhão a mais do que o registrado em 2016, a companhia está com apetite por investimentos e aquisições. Entre 2014 e 2017, a VLI desembolsou R$ 9 bilhões para turbinar todas as suas operações, cifra que poderá ser ainda maior com o aguardado sinal verde do governo para a renovação antecipada dos contratos de concessão de nove malhas ferroviárias no País. Por esta e outras razões, a empresa foi campeã da categoria Serviços de Transporte no anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2018. “O setor é um mercado muito fértil para novos investimentos, já que é um consenso de que há necessidade de recursos para a expansão das ferrovias e modernização das linhas já existentes”, diz Spinelli.
“Estamos preparados, com o apoio dos acionistas, para multiplicar todos os números de nossa operação”.
Outro feito comemorado pela VLI foi a parceria com a multinacional Tereos, segunda maior produtora de açúcar do mundo. Juntas, elas investirão R$ 205 milhões para a construção de dois armazéns para a estocagem de açúcar no Estado de São Paulo, em decorrência da assinatura de um contrato de longo prazo para o transporte de 1 milhão de toneladas de açúcar bruto por ano. Os armazéns serão instalados no sistema ferroviário da VLI, que vai de Guará, no interior paulista, até o Porto de Santos. O acordo é válido por 30 anos. “A volatilidade das commodities agrícolas sempre irá existir, e a demanda por alimento será crescente nas próximas décadas”, diz Spinelli.
A parceria mais do que se justifica. O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, com uma participação de mercado próxima a 50% das exportações mundiais. Segundo Alexis Duval, presidente da Tereos, o investimento anunciado representa um alicerce para o grupo francês no segmento logístico. “É uma grande oportunidade para a Tereos ter uma parceria de longo prazo com uma empresa líder em logística, com um sistema integrado de última geração”, afirma.
“Esse investimento fortalecerá a nossa presença no Brasil.”
Entre todas as apostas da VLI, no entanto, a que mais empolga é a renovação antecipada das concessões. A ideia do governo é oferecer às atuais administradoras das malhas ferroviárias – que mantêm contratos que vencem entre 2028 e 2034 – um prazo de concessão de três décadas em troca do compromisso dos novos investimentos na modernização das linhas férreas e da construção de novos trechos. As renovações, que deverão começar a ser assinadas ainda neste ano, podem atrair de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões em novos recursos, pelos cálculos da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). “Essa iniciativa dará início à maior onda de investimentos no modal ferroviário de todos os tempos no Brasil”, afirma Spinelli.
Segundo um estudo elaborado por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas, a prorrogação antecipada das concessões ferroviárias será benéfica ao País. Pelos cálculos da FGV, a antecipação de investimentos traria, de imediato, benefícios de cerca de R$ 10 bilhões. Desse total, uma fatia de 75% estaria relacionada à redução dos custos de transporte, que migraria do caminhão para o trem. A redução de acidentes, diminuição de congestionamentos e da poluição, segundo Fernando Marcato, um dos autores do estudo, responderiam pelos 25% restantes. “O efeito multiplicador é imenso e se refletirá em outros setores, com aumento da competitividade do agronegócio e a eficiência dos portos”, diz. De acordo com o estudo, os investimentos gerados pelas renovações injetarão R$ 42,6 bilhões na economia, podendo gerar 700 mil empregos e arrecadar R$ 3,1 bilhões em impostos.
Fonte: IstoÉ Dinheiro
Data: Setembro/2018

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