Existe no país massa de 79,5 milhões de pessoas que não pretende votar em nenhum dos dois candidatos
Caso a tendência indicada pelas pesquisas eleitorais se mantenha, parte dos brasileiros vai seguir para o segundo turno das eleições presidenciais como se estivesse indo para o cadafalso.
São os eleitores que não querem nem Jair Bolsonaro (PSL), nem a volta ao poder do PT, de Fernando Haddad e do ex-presidente Lula.
Existe hoje no país uma massa de 79,5 milhões de pessoas, ou 54% da população, apta a votar que, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, não pretende votar em Bolsonaro ou Haddad no primeiro turno (já excluídos os 5% ainda indecisos).
É claro que nem todos têm ojeriza aos dois candidatos ao mesmo tempo. Eleitores de João Amoedo (Novo) declaram voto em Bolsonaro no segundo turno. E boa parte dos simpatizantes de Ciro Gomes (PDT) não teria problema em escolher Haddad.
A rejeição a Bolsonaro chega hoje a 43% do eleitorado, enquanto a de Haddad está em 29% e subindo, conforme o Datafolha. É difícil saber qual o percentual de pessoas que rejeitam os dois. É possível intuir, contudo, que não são poucos os que classificam esse eventual segundo turno como um pesadelo.
Ainda assim, esses eleitores parecem caminhar à mercê daqueles que defendem propostas extremistas. Seus votos estão espalhados entreGeraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), candidatos nanicos, e até mesmo entre aqueles que preferem não escolher ninguém tamanha sua revolta –um percentual que chegou ao recorde de 12%.
“O sistema político está esfacelado depois das revelações da Operação Lava Jato. E quem mais sofreu nesse processo foi o centro, que não consegue se organizar”, explica o cientista político Fernando Abrucio.
O ex-presidente Fernando Henrique (PSDB) fez um apelo aos demais candidatos para que se unam em uma ampla aliança contra os extremistas. Até agora parece que suas palavras caíram em terreno seco.
Os candidatos não parecem dispostos a abrir mão de seus projetos de poder em prol da sociedade. Vão deixar aos eleitores a difícil tarefa de evitar a crise por meio do voto útil. Só que, até agora, sem um terceiro colocado competitivo, as pesquisas não dão muita pista de para quem esse voto útil poderia migrar.
Raquel Landim
Repórter associada da Folha, escreve sobre economia há 18 anos.
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