Ricardo Hiar
SÃO PAULO
Quase um ano após a liberação de celulares em sala de aula nas escolas estaduais de São Paulo, a Secretaria de Educação afirma que ainda enfrenta desafios e que está em processo de adaptação do uso da ferramenta.
Apesar de considerar um caminho sem volta, o secretário João Cury Neto diz que a utilização dos celulares acontece com parcimônia na rede estadual de ensino.
"Estamos nos adaptando, discutindo o conteúdo adequado para cada ciclo, planejando melhorias na estrutura e também na aquisição de equipamentos", explica.
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Segundo Cury Neto, a tecnologia é muito útil, precisa ter espaço na educação, mas demanda tempo para que atinja efeitos positivos.
Em novembro de 2017, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB)sancionou uma lei que liberou o acesso dos celulares para fins didáticos em todo o estado.
A decisão deu fim a um dilema enfrentado por professores e alunos, que não tinham uma orientação legal ou técnica sobre os limites da utilização do equipamento dentro da escola.
Para o secretário, estudantes na faixa etária entre 6 e 13 anos devem usar os celulares com muita moderação enquanto estudam.
"Os mais novos requerem mais cuidados, pois o uso excessivo da internet pode comprometer o desenvolvimento de outras habilidades", disse.
Sobre os smartphones, Cury Neto afirma ainda que são necessários três pilares para estruturar seu uso didático: o conteúdo curricular à disposição de professores e alunos, a cobertura das escolas com a rede wi-fi, e a oferta dos próprios equipamentos —nem todos os alunos possuem um aparelho celular e menos de mil escolas têm acesso à internet sem fio.
Ele explica que, por se tratar de um fenômeno novo, fica difícil avaliar resultados nesses primeiros meses desde que a medida entrou em vigor.
Na escola estadual Ítalo Berarello, no bairro Jaraguá, zona norte da capital paulista, o uso do celular já se tornou uma prática comum desde a liberação no ano passado.
O diretor da unidade, Ariovaldo Guinther, diz que os professores precisaram se reciclar para aprender a melhor forma de aproveitar a ferramenta. Eles também ensinam aos alunos como podem fazer um melhor uso do celular.
"Trouxemos para o nosso lado uma ferramenta que amplia o leque de aprendizagem. Muitos alunos desconheciam as possibilidades que tinham no celular. Agora eles leem livros, fazem traduções durante a aula de inglês, calculam, além de terem experiências que geram debates na classe."
Segundo explicou, hoje a maioria dos alunos já entende que jogos e redes sociais devem ser acessados nos intervalos ou fora da escola. "Desde que foi liberado, eles passaram a respeitar mais", disse.
Na escola, que tem 1.500 alunos, a maioria já possui o aparelho. Por enquanto, a alternativa para os que não têm é fazer os trabalhos em grupo.
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