Recessões são eventos econômicos relativamente comuns. O Brasil passou 35% dos trimestres desde 1981 em recessão. Pode parecer algo elevado, mas os EUA passaram por recessão em 34% do tempo também desde 1981. A diferença é a quantidade de recessões. Enquanto os EUA tiveram quatro delas, nós tivemos nove. Ou seja, em média tivemos uma recessão a cada quatro anos no Brasil. Não saberia dizer se é recorde, mas certamente é uma referência preocupante.
Essas recessões foram geradas por um conjunto de eventos domésticos e externos, sendo a maioria das causas, como era de se esperar, domésticas. As origens domésticas são variadas, mas nos remetem a algum grau elevado de má condução da política econômica. O caso mais recente veio do governo Dilma, cuja conjunção de inabilidade política com esgarçamento das políticas fiscal e monetária levou a maior recessão de nossa história.
Estamos saindo da última crise e novamente nos deparamos com a questão se há possibilidade de nova recessão no próximo mandato presidencial. Infelizmente, a resposta parece ser sim.
A eleição parece que ficará nas mãos de dois candidatos com visões extremistas. De um lado, difícil acreditar que Haddad vá conseguir domar sua tropa de keynesianos ávidos para desmontar o novo regime fiscal que foi iniciado em 2016.
A simples não realização das reformas necessárias, especialmente a da previdência, terá o papel de mostrar aos investidores que o governo não quer fazer o ajuste fiscal mesmo tendo uma dívida próxima de 80% do PIB e crescente. Não será fácil manter e aperfeiçoar o regime fiscal criado se não houver crença dentro do próprio partido do presidente que isso é necessário.
Aqui não me parece ser suficiente trazer um grande nome de mercado, pois o problema não é apenas econômico, mas político, como vimos no dueto Dilma-Levy que naufragou. A não aprovação das reformas necessárias afugentaria o mercado, causando depreciação cambial mais intensa, com a sequência inflação-juros altos-recessão que já conhecemos tão bem. Uma recessão num governo Haddad poderia vir mais rapidamente.
A simples não realização das reformas necessárias, especialmente a da previdência, terá o papel de mostrar aos investidores que o governo não quer fazer o ajuste fiscal mesmo tendo uma dívida próxima de 80% do PIB e crescente. Não será fácil manter e aperfeiçoar o regime fiscal criado se não houver crença dentro do próprio partido do presidente que isso é necessário.
Aqui não me parece ser suficiente trazer um grande nome de mercado, pois o problema não é apenas econômico, mas político, como vimos no dueto Dilma-Levy que naufragou. A não aprovação das reformas necessárias afugentaria o mercado, causando depreciação cambial mais intensa, com a sequência inflação-juros altos-recessão que já conhecemos tão bem. Uma recessão num governo Haddad poderia vir mais rapidamente.
Do outro lado, o ultraliberalismo de Paulo Guedes parece não casar com seu chefe. Pelas idas e vindas da equipe econômica de Bolsonaro, poderemos perder tempo enquanto se tenta a enésima versão de uma reforma da previdência que, aqui também, terá dificuldade de passar pela parca composição política do possível presidente.
Seu temperamento certamente provocará dificuldades com o Congresso permanentemente. Sem falar nos riscos de autoritarismo que podem surgir de um governo Bolsonaro. Por exemplo, no ano do autogolpe de Fujimori no Peru em 1992 o PIB caiu 0,5%. Pode parecer absurdo falar em autogolpe, mas basta lembrar que isso foi sugestão do candidato a vice-presidente, general Mourão. Uma recessão num governo Bolsonaro poderia vir mais tarde, após as tentativas frustradas de reforma.
Seu temperamento certamente provocará dificuldades com o Congresso permanentemente. Sem falar nos riscos de autoritarismo que podem surgir de um governo Bolsonaro. Por exemplo, no ano do autogolpe de Fujimori no Peru em 1992 o PIB caiu 0,5%. Pode parecer absurdo falar em autogolpe, mas basta lembrar que isso foi sugestão do candidato a vice-presidente, general Mourão. Uma recessão num governo Bolsonaro poderia vir mais tarde, após as tentativas frustradas de reforma.
Nos dois casos, a falta de um controle nos gastos da previdência pode forçar a um ajuste mais severo na arrecadação. Mas diversos estudos têm mostrado que ajustes fiscais baseados em aumentos de impostos em uma economia ainda enfraquecida só aprofundam a recessão.
Mais preocupante ainda, não parece haver vontade de nenhum dos dois lados de baixar as armas. O clima de destempero que estamos vivendo atualmente e que pode voltar às ruas tem grande probabilidade de continuar com qualquer um que vença. 2019 e os anos seguintes poderão ver novas manifestações populares, talvez em um grau mais elevado do que se viu até 2016. Durma com uma crise dessas.
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