Não é necessário ser militante do movimento #MeToo ou apoiadora do #EleNão para querer elucidar a atitude de negação de Ana Cristina Valle, ex-mulher do candidato Jair Bolsonaro (PSL), às revelações de que ela relatou ao Itamaraty ter sido ameaçada de morte pelo deputado, fato que a fez deixar o país.
Um telegrama assinado pelo então embaixador brasileiro em Oslo e arquivado no ministério —órgão com extremado senso de respeito a protocolos oficiais— é objetivo: “A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos [em 2009] ‘por ter sido ameaçada de morte’ pelo pai do menor [Bolsonaro]. Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país [Noruega].”
Bolsonaro e Ana viviam à época uma separação litigiosa, em que a guarda do filho do casal era disputada. As alusões ao comportamento agressivo do parlamentar foram testemunhadas. Sabe-se agora mais. A querela judicial derivou para outras acusações contra o candidato por ocultação de patrimônio e por furto.
Uma Ana Cristina exasperada reage, nega, esquiva-se. “Pai do meu filho, meu ex-marido. Ele é muito querido, por mim e por todos. Ele não tem essa índole.” Por ora, o que aparece como motivação para a ex-mulher do presidenciável refutar o passado é um acordo com interesses financeiros e conveniência eleitoral —ela tenta uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Podemos e usa o sobrenome Bolsonaro.
O debate político nos EUA vem sendo dominado nas últimas semanas pela conturbada nomeação de um juiz à Suprema Corte. BrettKavanaugh, escolhido pelo presidente Donald Trump, foi acusado por ao menos três mulheres de agressões sexuais, o que impôs à indicação risco de ser gongada pelo Senado.
À Comissão Judiciária da Casa, a professora Christine Ford narrou o terror vivido há mais de 30 anos. “Estou aqui porque acredito ser meu dever cívico contar o que aconteceu comigo quando Brett Kavanaugh e eu estávamos no ensino médio.”
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