segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Projeto transfere ao governo parte do tratamento de voluntários em pesquisas, FSP

 Cláudia Collucci

SÃO PAULO

Após oito anos de discussões, a Câmara dos Deputados aprovou na quarta passada (29) o projeto de lei que cria novas regras para a pesquisa clínica com seres humanos. Com a mudança, deve ser reduzido o prazo para a aprovação dos ensaios clínicos.

O projeto, apresentado em 2015 pela ex-senadora Ana Amélia, segue novamente para o Senado com boas chances de aprovação por já ter sido aprovado anteriormente naquela casa.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), porém, fez manifestações contrárias ao projeto, endossadas pelo CNS (Conselho Nacional de Saúde).

Para eles, as novas regras podem enfraquecer salvaguardas que hoje defendem as pesquisas científicas com seres humanos, como a existência da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), que, segundo eles, perderia suas funções.

Pesquisadora em laboratório da Fiocruz, no Rio - Carl de Souza - 11.mar.2020/AFP

Em um posicionamento enviado ao Congresso, a atual gestão defende que a Conep continue à frente do acompanhamento de pesquisas em seres humanos.

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Criada em 1996, a comissão tem composição multidisciplinar com participação de pesquisadores, estudiosos de bioética, juristas, profissionais de saúde, das ciências sociais, humanas e exatas e representantes de usuários.

Outra questão polêmica do projeto diz respeito aos direitos dos participantes voluntários das pesquisas e aos deveres do pesquisador, patrocinador e entidades envolvidas.

Pelas regras atuais, o tratamento deve ser fornecido pelas farmacêuticas de forma permanente e gratuita aos pacientes que participaram dos experimentos clínicos.

Já o texto aprovado garante a continuidade do fornecimento do medicamento ao paciente participante pelas fabricantes durante cinco anos após a pesquisa ser certificada ou o remédio já estar no comércio. Depois disso, passa ser obrigação do governo garantir a continuidade do tratamento.

A Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) comemorou a aprovação do projeto e considera que ele é decisivo para pôr o Brasil entre os dez primeiros países no ranking global de pesquisa clínica.

Para Renato Porto, presidente-executivo da Interfarma, as manifestações do governo federal contrárias ao projeto são "contrapontos técnicos".

"O texto aprovado pela Câmara traz benefícios para os centros de pesquisa e pesquisadores, para a indústria e, principalmente, para os pacientes participantes dos estudos clínicos", diz ele.

Na sua opinião, as regras atuais para a pesquisa clínica têm uma série de "obstáculos técnicos", como a cobertura pós-estudo vitalícia, sistema duplo de avaliação de ética e pesquisa e tempo de análise e aprovação sanitária e ética.

"São pontos que nos colocam em desvantagem competitiva em relação aos outros países em busca de investimentos em saúde."

Em 2022, o Brasil ocupou a 20ª posição no ranking global, com apenas 2% dos estudos clínicos realizados no mundo. A colocação representa uma queda em relação ao percentual de estudos iniciados no país, que era de 2,3% em 2013.

Países como Turquia, Taiwan e Egito, com menor PIB, população e mercado farmacêutico, ultrapassaram o Brasil no ranking entre 2013 e 2022. "A aprovação do PL pode nos ajudar a atingir a 10ª colocação, ocupada atualmente pela Itália", diz Porto.

Segundo estudo da Interfarma, se alcançar a 10ª posição, o Brasil poderá atrair um investimento estimado de R$ 3 bilhões/ano, com efeitos na economia ainda maiores, em torno de R$ 5 bilhões/ano.

De acordo com o novo projeto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) terá 90 dias para analisar petições primárias de ensaios clínicos com seres humanos para fins de registro sanitário do produto sob investigação.

A exceção será para produtos complexos, cujo prazo sobe para 120 dias. Segundo estudos do setor farmacêutico, atualmente, o prazo de análise pela agência chega a ultrapassar 200 dias.

Sobre a participação voluntária e sem remuneração em pesquisas com seres humanos, o projeto diz que será necessário que os interessados apresentem um termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelo participante ou seu representante legal.

Se o participante vier a sofrer eventuais danos por sua participação na pesquisa, a nova legislação determina ainda uma indenização. Caberá ao patrocinador da pesquisa pagar essa indenização e também a assistência.

Caso a pesquisa seja patrocinada por governos, agências governamentais nacionais ou internacionais, ou instituições sem fins lucrativos, a instituição de pesquisa brasileira poderá assumir as responsabilidades pela indenização, isentando os patrocinadores.

Caso a pesquisa envolva ensaios clínicos de fase 1 ou de bioequivalência, como os realizados para atestar a funcionalidade de vacinas ou a efetividade de medicamentos genéricos, os voluntários poderão receber remuneração.

O voluntário poderá desistir a qualquer momento, sem ônus ou prejuízo para si. Além disso, ele terá direito ao ressarcimento de despesas com transporte ou alimentação, ainda que envolvam seus acompanhantes.

Segundo o projeto, se a pesquisa for de interesse estratégico para o SUS, ela terá prioridade na análise ética e contará com procedimentos especiais de análise.

Alckmin e Doria se encontram após rompimento no PSDB, FSP

 Presidente da República em exercício, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) se encontrou em São Paulo com o ex-governador João Doria, que se tornou seu desafeto na política e a quem já chamou de traidor.

O gesto de reaproximação dos ex-tucanos foi publicado pelo próprio Doria em suas redes sociais na manhã desta segunda-feira (4). A reunião, contudo, não foi registrada na agenda oficial de Alckmin, que participou, na capital paulista, do 28º Encontro Anual da Indústria Química e, à tarde, iria para Curitiba.

O ex-governador João Doria e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que se encontraram em São Paulo - 4.dez.23/jdoriajr no Instagram

De acordo com aliados de Alckmin, Doria foi quem pediu um encontro com o vice-presidente.

"Recebi a honrosa visita do presidente Geraldo Alckmin. Chegou dirigindo seu carro particular. Tivemos uma excelente conversa sobre o Brasil e suas boas perspectivas. Alckmin tem grandeza, capacidade e bom sentimento", escreveu Doria.

Segundo o ex-governador afirmou à Folha, os dois conversaram sobre economia e estão ambos otimistas com os rumos do país.

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Alckmin substitui Lula (PT) na Presidência da República até terça-feira (5), quando o petista retorna da Alemanha. Lula viajou na última segunda-feira (27) para visitas a Arábia Saudita, Catar e Alemanha, além de participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), em Dubai.

Alckmin, que era padrinho e entusiasta de Doria no PSDB desde 2016, quando o ex-governador venceu a eleição para a Prefeitura de São Paulo, rompeu com o outrora aliado em meados de 2021. Naquele momento, Alckmin viu seus planos de concorrer ao Governo de São Paulo pelo PSDB impedidos por Doria, que lançou seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que não se reelegeu.

Em dezembro de 2021, Alckmin deixou o PSDB após 33 anos e, numa costura para ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula, acabou se filiando ao PSB. Doria também deixou o PSDB, em outubro de 2022.

Foi em 2017 que o então prefeito de São Paulo começou a causar dores de cabeça ao seu padrinho, que seria o candidato tucano ao Planalto em 2018. Mas Doria, com viagens pelo país, chegou a tentar se cacifar para a disputa da Presidência da República.

Em 2018, Doria se elegeu ao Governo de São Paulo fazendo campanha colada com Jair Bolsonaro (PL), algo que Alckmin desaprovou. Após o primeiro turno, em uma reunião da cúpula tucana, Alckmin disse a Doria: "traidor eu não sou", em um episódio que marcou o afastamento entre eles.

Energia das rochas está alimentando servidores do Google, The News

 

(Imagem: Google | Reprodução)

Pela primeira vez na história, uma BIG TECH está usando energia que vem do solo para alimentar os seus data centersCalma que a gente explica melhor…

A energia geotérmica é aquela gerada pelo calor das rochas produzido dentro da Terra. Como ele é constante, a energia é 100% renovável e livre de qualquer tipo de emissão de carbono.

Esses primeiros servidores alimentados pela geotérmica ficam em Nevada, nos EUA, e são responsáveis por armazenar milhões de dados de usuários do Google.

  • A companhia fez uma parceria com a startup de energia Fervo em 2021, e desde então trabalha para expandir a capacidade de energia gerada.

Por enquanto, as perfurações geram 3.5 megawatts — como referência, 1 megawatt = 750 casas. A construção de um outro projeto prevê a geração de 400 MW até 2028, em Utah.

Por que isso importa? As BIG TECHs são responsáveis por mais de 50 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Logo… A chegada de uma alternativa limpa é um marco na indústria.

Looking forward: A meta do Google é zerar as emissões de carbono em todas as suas operações até 2030. Já a previsão global é de que as geotérmicas respondam por 3,5% da eletricidade no mundo até 2050.