terça-feira, 15 de agosto de 2023

Entenda o Erac, sistema que corta a luz para evitar efeito dominó no apagão, FSP

 

RIO DE JANEIRO

O apagão da manhã desta terça-feira (15) teve impactos contidos por meio de um mecanismo de proteção desenvolvido para evitar o efeito dominó após a queda de grandes blocos de geração ou de linhas transmissão de energia no país.

Chamado de Erac (esquema regional de alívio de carga), o mecanismo define o corte automático de consumidores previamente estabelecidos para evitar um desequilíbrio maior que leve ao colapso o sistema de transmissão de energia.

É considerado fundamental em um país de grandes dimensões que tem o sistema elétrico interligado por linhas de transmissão que chegam a percorrer mais de mil quilômetros para levar energia de centros produtores nas regiões Norte e Nordeste aos consumidores da região Sudeste, por exemplo.

Torres de transmissão de energia próximas à estação de Furnas na cidade de Itaberá (SP). - Danilo Verpa/Folhapress

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) define o Erac como um "sistema especial de proteção que, por meio do desligamento automático e escalonado de blocos de carga, utilizando relés de frequência, minimiza os efeitos de subfrequência decorrentes de perda de grandes blocos de geração".

Isto é, quando há uma variação de frequência na rede de transmissão, equipamentos chamados de relé derrubam áreas específicas das distribuidoras de eletricidade, seguindo um cronograma pré-definido de cortes de acordo com a intensidade da variação da frequência.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, o Erac determina diversos estágios de cortes de 7% da carga quando a frequência cai abaixo do padrão de 60Hz em que opera o sistema de transmissão brasileiro. O primeiro estágio é acionado quando a frequência atinge 58,5 Hz.

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As áreas afetadas são definidas previamente pelas distribuidoras, em um esforço para evitar, em um primeiro momento, a falta de luz em regiões com grande presença de serviços públicos essenciais, como hospitais ou aeroportos.

O sistema passou a ser reforçado a partir do início dos anos 2000, após um dos maiores blecautes da história recente do país: em março de 1999, cerca de 60 milhões de brasileiros ficaram no escuro após a queda do sistema de transmissão.

O problema atingiu dez estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e chegou ao Paraguai, já que os sistemas de proteção não impediram impactos também na usina de Itaipu.

O apagão afetou aeroportos, hospitais, gerou tumultos em estações de trens em São Paulo e interrompeu partidas de uma rodada da Copa do Brasil. O restabelecimento completo do sistema levou quatro horas.

O Erac define também um esquema seguro para a retomada gradual do fornecimento, que evita novas possibilidades de queda quando a frequência da rede de transmissão se estabiliza.

Nos primeiros estágios, os blocos de carga a serem restabelecidos devem ser iguais ou inferiores a metade das cargas desligadas em cada estágio. O intervalo de tempo entre o restabelecimento deve ser de no mínimo dez segundos.

Depois, os intervalos mínimos de restabelecimento sobem para um minuto e os blocos de carga restabelecidos podem ser iguais aos cortados.

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Suicídios atingem níveis recordes no mundo, The News

 O pior tipo de notícia para escrever. Quase 50 mil pessoas perderam a vida para o suicídio no ano de 2022 nos Estados Unidos, marcando o maior número de mortes desse tipo já registrado desde 1941.

  • Os dados americanos foram divulgados pelo CDC e mostram um aumento de 35% em relação ao ano 2000, o que chama bastante atenção.

Por aqui, o aumento nas taxas de suicídio do ano passado foi quase 12% maior do que a comparação com 2021Foram registrados 16.262 suicídios em 2022 — ou uma triste média de 44 mortes por dia.

Comparando com os EUA, as taxas proporcionais ainda são bem menores. Por lá, são 14,4 mortes a cada 100 mil habitantes. No Brasil, subimos para 8 suicídios a cada 100 mil em 2022.

Cooperação Brasil-Alemanha e Coppe inauguram planta piloto de produção de hidrogênio verde, Dal Marcondes, Envolverde

 A Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da GIZ (sigla em alemão para Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), inaugurará, na nesta sexta-feira, dia 11 de agosto, uma planta piloto de produção e aplicabilidade de hidrogênio verde na Coppe/UFRJ. A inauguração será realizada, às 9h30, no auditório da instituição, na Rua Moniz Aragão, 360, bloco 1, Centro de Tecnologia 2, Cidade Universitária.

Após a cerimônia no auditório, haverá apresentação da planta piloto que, instalada próxima à entrada no prédio anexo do Centro de Tecnologia, utiliza energia obtida por meio de placas fotovoltaicas para fazer a eletrólise da água e, assim, produzir o hidrogênio verde. Tal fonte sustentável terá sua aplicabilidade demonstrada em duas bicicletas elétricas, à base de bateria de H2 verde, que estarão disponíveis no local para “pedaladas” dos interessados.

A mesa de cerimônia da inauguração será composta pela coordenadora-geral de Energias e Tecnologias de Baixo Carbono e Inovação do Ministério de Minas e Energia (MME), Patrícia Naccache; pelo cônsul-geral adjunto da Alemanha no Rio de Janeiro, Joachim Schemel; pelo diretor do Projeto H2Brasil, Markus Francke; pela diretora da Coppe, professora Suzana Kahn: e pela professora Andrea Santos, coordenadora do projeto e do Laboratório de Transporte Sustentável (LabTS), ligado ao Programa de Engenharia de Transportes, do qual também é coordenadora.

Por meio da parceria, a Coppe irá ampliar as pesquisas na área de energias renováveis e da mobilidade urbana sustentável, a partir da produção do hidrogênio verde e de testes do uso em diversos processos industriais, em bicicletas movidas a H2, e em pilhas à combustível de óxido sólido. Entre os estudos da Coppe a serem ampliados estão os de catalisadores para a produção de biocombustíveis e combustíveis sustentáveis de aviação (SAF na sigla em inglês Sustainable Aviation Fuels), empregando H2 verde como matéria-prima renovável e CO2 capturado.

Este projeto, em parceria da Coppe com a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, irá fomentar inovações tecnológicas e direcionar o conhecimento científico para a ampliação do uso do hidrogênio verde e de seus derivados em cadeias produtivas, bem como para a redução da dependência dos combustíveis fósseis e a descarbonização da economia brasileira.

Implementação envolve quatro laboratórios da Coppe

Andrea Santos, coordenadora do projeto na Coppe

Para sua implementação, foram reunidas equipes de quatro laboratórios da Coppe: do Laboratório de Transporte Sustentável (LabTS) que, ligado ao Programa de Engenharia de Transportes, é coordenado pela professora Andrea Santos, a responsável pelo projeto na Coppe; do Laboratório de Eletrônica de Potência e Média Tensão (LEMT), ligado ao Programa de Engenharia Elétrica; do Núcleo de Catálise (Nucat), ligado ao Programa de Engenharia Química; e do Laboratório de Hidrogênio (LabH2), ligado ao Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais e ao Programa de Engenharia de Transportes.

Da parte da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, a parceria acontece por meio do projeto H2Brasil, que tem por objetivo apoiar a expansão do mercado de hidrogênio verde no país e é implementado pela GIZ.

“Para nós da GIZ, que atuamos há mais de 60 anos com o Brasil para ampliar a utilização de energias renováveis e para promover a transformação urbana justa e socioambiental no país, é muito gratificante estar aqui inaugurando uma planta de produção de H2 que além de energias renováveis e hidrogênio, vai produzir ciência, tecnologia, inovação e educação para centenas de estudantes que vão passar por aqui ao longo dos anos”, diz o diretor do projeto H2Brasil, implementado pela GIZ, Markus Francke. A participação de instituições acadêmicas, como a UFRJ, nos esforços que o Brasil vem empreendendo para garantir uma geração de energia limpa é fundamental para posicionar o país na direção da descarbonização. Ampliar o uso de hidrogênio verde é parte fundamental da nossa atuação”, conclui o diretor do projeto H2Brasil.

Entre os resultados já obtidos com o projeto estão a melhoria da infraestrutura da universidade, por meio da construção da Planta Piloto de Produção de H2 verde; o aprimoramento do laboratório de Transporte Sustentável (LabTS); e a compra de equipamentos que vão permitir a produção de H2V a partir da energia solar, e os estudos práticos sobre a viabilidade desta produção para gerar energia e atender as demandas do laboratório. O projeto pretende, ainda, identificar e analisar o uso de hidrogênio verde em processos industriais, na geração de energia elétrica e na busca por alternativas sustentáveis.

Estão previstos também uma série de estudos sobre a transformação do etanol numa variedade de produtos de maior valor econômico e industrial. Outro exemplo concreto da aplicação do H2V em mobilidade será o abastecimento de bicicletas movidas a hidrogênio, com um potencial de revolucionar a micromobilidade e last mile na logística das cidades.

“É uma honra estar liderando o projeto H2 verde, apoiado pela Alemanha, e que contou com a participação de diversos pesquisadores, entre alunos e professores, aqui da Coppe/UFRJ. Trata-se de um projeto em escala piloto, mas que possibilitará avaliar a tecnologia de produção do H2V por eletrólise, compressão e armazenamento, estudar as diferentes aplicações em energia e sistemas de transportes, além de propor soluções para os atuais desafios que o mundo enfrenta. Trata-se de um exemplo do papel da academia, que é realizar pesquisas, contribuir com a inovação tecnológica e na formação profissional. Devido à emergência climática, uma transição energética baseada em fontes renováveis de energia e tecnologias eficientes é o único caminho para tentarmos limitar o aquecimento global em 1,5°C até 2050”, diz a professora Andréa Santos, coordenadora do projeto.

O hidrogênio verde

O hidrogênio verde é produzido de fontes de energia renováveis e obtido a partir da eletrólise da água. Nesse processo, um dispositivo denominado eletrolisador usa uma corrente elétrica que passa pela água e permite a separação da água em oxigênio e hidrogênio, sem qualquer emissão de gases poluentes. A geração solar fotovoltaica foi apontada em recente estudo divulgado pela Bloomberg New Energy Finance como a capaz de oferecer o hidrogênio verde de mais baixo custo. Na geração solar fotovoltaica, a energia do sol é convertida diretamente em energia elétrica e, no Brasil, vem se popularizando e crescendo velozmente desde 2012, seja por meio dos telhados solares ou das usinas de grande porte.

As aplicações do hidrogênio verde vão desde sua utilização em células a combustível para a geração de eletricidade para qualquer aplicação, incluindo os veículos elétricos, até a produção de amônia verde e combustíveis sintéticos para a aviação. A tecnologia do hidrogênio verde promete uma revolução na descarbonização da matriz energética mundial, substituindo combustíveis fósseis e reduzindo assim a poluição ambiental e as mudanças climáticas ocasionadas pela emissão de gases de efeito estufa.

O H2V e a Cooperação Alemã A Cooperação Brasil-Alemanha para o desenvolvimento sustentável trabalha há décadas nas áreas de energia sustentável e eficiência energética. Mais recentemente, vem apoiando o aprimoramento das condições legais, institucionais e tecnológicas para a expansão do mercado de hidrogênio verde (H2V) e de seus derivados no país, incluindo os combustíveis renováveis. Nos próximos anos, com o apoio do Ministério de Minas e Energia (MME) e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), serão implementadas ações para a construção de laboratórios, desenvolvimento de novas tecnologias, fomento ao desenvolvimento e financiamento de ideias inovadoras e projetos tecnológicos, construção de laboratórios, estudos, educação profissional e capacitação na área do hidrogênio e seus derivados.

(Coppe/Envolverde)