terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Bolsonaro não sairá do jogo com uma canetada, Silvio Cascione, OESP

 É consenso que os ataques de 8 de janeiro aumentaram o apoio, no curto prazo, ao governo Lula. O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados estarão às voltas com processos judiciais por meses, e o risco de Bolsonaro se tornar inelegível é real. Com parte expressiva da oposição atordoada e sob pressão, Lula terá mais espaço para implementar sua agenda econômica sem obstrução significativa nos próximos meses, podendo aprovar uma nova regra fiscal e um novo sistema para os impostos sobre consumo ainda em 2023.

Conforme a poeira baixar, porém, a oposição a Lula conseguirá se reagrupar e ainda lhe dará bastante trabalho. A rejeição ao PT ainda é grande, e os desafios econômicos são enormes. Se a economia não crescer de forma sustentada, a popularidade de Lula tende a cair, e a coalizão governista no Congresso se tornará mais instável. Trocas de ministros ficarão mais frequentes.

Operários ainda trabalham na retirada dos vidros do Palácio do Planalto em Brasília-DF. A sede do poder executivo foi alvo dos grupos de extremistas bolsonaristas durante manifestação antidemocrática
Operários ainda trabalham na retirada dos vidros do Palácio do Planalto em Brasília-DF. A sede do poder executivo foi alvo dos grupos de extremistas bolsonaristas durante manifestação antidemocrática Foto: Wilton Junior/Estadão

O que tem escapado a muitas análises é que, quando esse dia chegar, Bolsonaro ainda terá bastante relevância nesse jogo. Será difícil isolar completamente o ex-presidente, assim como tem sido difícil para uma ala do Partido Republicano tirar o ex-presidente Donald Trump do páreo. Isso acontece porque Bolsonaro, assim como Trump, exerce uma liderança carismática sobre parte expressiva da população que renega profundamente o atual sistema político. Não é à toa que Bolsonaro terminou o mandato com 39% de aprovação, segundo o Datafolha. Uma minoria trata o ex-presidente como “mito”, com comportamento de seita. Mas muitos outros apenas simpatizam com ele, e aprovam a maneira como governou.

Haverá, certamente, um esforço para minar esse capital político de Bolsonaro. As notícias sobre os gastos no cartão corporativo são um exemplo de como haverá um esforço coordenado para manchar a reputação do ex-presidente entre aqueles que ainda o apoiam. Mas os últimos quatro anos ensinaram que os eleitores de Bolsonaro não se impressionam facilmente com as críticas a ele.

Isso tudo é importante para pensar sobre a configuração da oposição a Lula, e o cenário de longo prazo da política brasileira.

A direita tem diante de si uma tarefa histórica importante – a de isolar os golpistas e extremistas e se reorganizar mais uma vez em bases democráticas, abandonando de vez a contestação às urnas e a invocação dos militares como “poder moderador”. Certamente haverá bastante apoio institucional, financeiro e ideológico para alternativas à direita, na oposição a Lula, que cumpram esses requisitos. Mas a direita que quer construir uma alternativa competitiva a Bolsonaro precisa considerar o elemento “carisma” na equação. Daqui a um ano ou dois, quando houver pesquisas de intenção de voto para 2026, Bolsonaro ainda deverá ser o mais popular candidato de oposição a Lula, e tudo o que disser terá repercussão na opinião pública – esteja ele com seus direitos políticos preservados, ou não.

Não escrevi esta coluna, foi uma inteligência artificial, OESP

 O avanço da inteligência artificial (IA) tem o potencial de transformar muitos setores da economia, incluindo o mercado de trabalho. A IA já está sendo usada para automatizar tarefas repetitivas e análises de dados, permitindo que os humanos se concentrem em tarefas mais complexas e de alto nível. No entanto, a IA também pode criar desafios para o mercado de trabalho, pois pode substituir certos tipos de trabalhos humanos.

No caso específico do trabalho de um colunista de economia, é possível que a IA possa ser usada para automatizar algumas tarefas, como coleta de dados e análise de tendências econômicas. A IA pode processar grandes quantidades de dados rapidamente e encontrar padrões e insights que os humanos podem ter dificuldade para detectar. Entretanto, é importante notar que a IA não possui opinião e julgamento, além de não conseguir interpretar e dar contexto aos fatos, que é um importante diferencial do trabalho de um colunista de economia.

IA produz um texto com muita rapidez, utilizando inteligência artificial
IA produz um texto com muita rapidez, utilizando inteligência artificial Foto: AP / AP

Enquanto isso, a IA pode auxiliar os colunistas de economia a encontrar informações relevantes e novas perspectivas, mas ela não pode substituir a capacidade humana de escrever, interpretar e dar contexto aos fatos. A IA e o trabalho humano podem trabalhar juntos, complementando-se mutuamente para produzir conteúdo jornalístico de alta qualidade.

É importante que haja uma adaptação e preparação para essa mudança, para que os trabalhadores possam se desenvolver para trabalhos que possam ser mais difíceis de serem automatizados, como criatividade, pensamento crítico e capacidade de lidar com tarefas complexas e incertas. Assim, o avanço da IA no mercado de trabalho é uma oportunidade para os humanos evoluírem e aprimorarem suas habilidades, ao invés de simplesmente ser visto como uma ameaça.

* * * *

A coluna, até aqui, foi integralmente escrita pelo ChatGPT, o chatbot do momento cujos criadores receberão agora um investimento de R$ 50 bilhões da Microsoft.

Inspirado por uma postagem de Leo Monasterio, fiz esta solicitação ao bot: “Escreve um texto sobre o avanço da IA no mercado de trabalho. Dê como exemplo o trabalho de um colunista de economia”. Ficou pronto em poucos segundos.

“Foi sua melhor coluna, Pedro”, dirá o leitor mais irônico. O texto, se não genial, impressiona pelo menos pela velocidade com que foi feito. O ChatGPT tem assustado e fascinado, apressando as discussões sobre o impacto da IA.

Esperemos que possamos discutir um pouquinho o futuro nesse País sempre tão às voltas com o passado.

Assembleia da Fiesp aprova destituição de Josué Gomes da presidência, fsp

 Fernanda Brigatti

SÃO PAULO

Assembleia extraordinária da Fiesp (Federação das Indústrias do estado de São Paulo) realizada nesta segunda-feira (16) aprovou a destituição de Josué Gomes da Silva da presidência da entidade. O resultado, no entanto, já é questionado por pessoas ligadas ao empresário, que afirmam que a decisão não tem validade.

A votação ocorreu à noite, após horas de assembleia —o encontro começou às 14h30. Votaram pela destituição representantes de 47 sindicatos, 2 se abstiveram e 1 votou contra, totalizando 50 votos. No início da reunião, havia 89 delegados de 80 sindicatos.

Ao todo, a Fiesp tem 116 sindicatos, dos quais 86 assinaram o pedido pela realização da plenária.

Josué estava entre os ausentes no momento da votação. Segundo participantes da reunião, ele deixou a assembleia por volta de 19h. A ausência de Josué e o quórum no momento da votação são vistos como problemas para a validade da decisão.

Já representantes dos sindicatos de oposição defendem que a plenária é válida. A oposição prevê registrar as atas em cartório nesta terça (17). Se a destituição for considerada válida, o estatuto prevê que o vice-presidente mais velho, Elias Miguel Haddad, assume o cargo interinamente até que a direção se reúna.

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Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) - Governo do Estado de São Paulo

Eleito com 97% dos votos, Josué assumiu a presidência da Fiesp em janeiro de 2022, substituindo Paulo Skaf, que ocupou o cargo por 17 anos. Há semanas o empresário enfrenta uma rebelião de sindicatos de oposição que criticam sua gestão à frente da entidade.

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Ainda no ano passado, as entidades enviaram a Josué uma relação de questionamentos que, na avaliação deles, justificava a realização da assembleia.

Entre os 12 pontos, haviam questões como o número de entrevistas concedidas por ele para falar da indústria e quantas visitas fez ao Congresso Nacional para debater pautas do setor. Em outro momento, os insatisfeitos pediam que Josué Gomes explicasse as atividades exercidas por algumas pessoas em órgãos ligados à Fiesp, como Sesi e Senai.

Segundo relatos de pessoas presentes à assembleia, um contrato da Fiesp com uma consultoria ligada ao ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho, que é conselheiro da federação, foi um dos pontos de discórdia entre o atual presidente e os sindicatos de oposição.

A composição dos departamentos e conselhos, apontados por aliados e opositores como uma fonte de tensão entre os sindicatos e Josué, também aparece no detalhamento do pedido. Para a oposição, Gomes deveria justificar a participação ou ausência dos sindicatos nesses espaços.

Os questionamentos dos sindicatos também incluíam o fato de Josué ter assinado, em nome da Fiesp, um manifesto pela democracia. Apesar de apartidário, o documento foi entendido como de oposição ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) –de quem Skaf foi aliado e apoiador nas eleições de 2022.

Já Josué é visto como próximo de Lula. Ele é filho do ex-vice-presidente nos mandatos anteriores de Lula, José Alencar (morto em 2011), e chegou a ser convidado para ser ministro da Indústria na gestão atual —o qual recusou.

Em uma de suas poucas entrevista a jornalistas, Josué fez críticas a Bolsonaro, marcando um novo momento político da entidade. No início de seu mandato, a Fiesp criticou o aumento da taxa básica de juros e defendeu a necessidade de "pensar além do Copom".

Participantes da reunião relatam que o clima foi ruim. Durante quase três horas, Josué se defendeu dos questionamentos que tinham sido apresentados pelos sindicatos que se opõem a ele e que solicitaram a realização da plenária. Ao fim, votaram se consideravam as explicações satisfatórias. O placar ficou em 24 votos a favor dos argumentos dele, e 62, contra.

Em uma tentativa de demonstração de força, o empresário recebeu na sede da federação nesta segunda o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo Alckmin (PSB), e o ex-presidente Michel Temer (MDB), para reunião da diretora da entidade.

Dirigentes da oposição, no entanto, viram o gesto como um sinal de fraqueza. Para um dirigente que votou pela destituição de Josué, a Fiesp sempre recebeu presidentes, ministros e secretários em sua sede. No ano de 2022, porém, critica o que teria sido a ausência dessas visitas e agendas, em uma das críticas feitas pela oposição à gestão de Josué.

A eleição do empresário para a presidência da entidade já havia sido conturbada. O grupo liderado por José Ricardo Roriz, da indústria plástica, acusou o processo eleitoral de ser atropelado, inviabilizando a formalização de sua chapa de oposição.

A participação de Skaf no pleito também foi disputada. No início de 2020, o então líder da entidade da indústria paulista começava a se movimentar para aprovar uma mudança no estatuto da federação que permitisse uma nova reeleição —que o levaria a um quinto mandato.

Desde sua primeira eleição, em 2004, Skaf havia aprovado duas mudanças no regimento da federação para poder se reeleger.

Depois da reação negativa quando a movimentação se tornou pública, Skaf acabou recuando e anunciou apoio a Josué. A escolha surpreendeu pelo perfil político dos dois.

Skaf estava à frente da Fiesp quando a federação instalou um gigante pato inflável em frente ao prédio da avenida Paulista contra a alta de impostos e o retorno da CPMF em 2015. O pato foi uma espécie de personagem no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Em 2019, já durante o governo Jair Bolsonaro (PL), Skaf se aproximou do então presidente. A Fiesp passou então a ser vista como uma entidade bolsonarista.

Josué, por outro lado, chegou a ser conhecido como o "menino do Lula". Em 2018, quando ainda era filiado ao PR, mesmo partido de seu pai, o empresário era disputado por partidos à esquerda e à direita, visto como um vice dos sonhos. Ciro Gomes (PDT) foi um dos que tentou atraí-lo para uma chapa.

Além de ter recursos próprios para financiar uma campanha eleitoral, Josué tem interlocução com o mercado financeiro e apoio em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. Na época, ele dizia que não seria candidato pois, à frente da Coteminas, passava muito tempo fora do Brasil. Em 2014, foi candidato ao Senado por Minas Gerais, mas não se elegeu.