segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Caso Marielle: dados do Google podem levar aos mandantes do crime, Portal Viu!

 A exoneração dos promotores do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), anunciada na última sexta-feira, representa um revés para o inquérito sobre a autoria dos assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Gomes, cometidos em 14 de março de 2018.

Responsável pelas investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) sobre o duplo homicídio, o Gaeco se desfez justo quando queimava um dos últimos cartuchos para chegar aos mandantes: o cruzamento de dados digitais entregues pelo Google no recesso de fim de ano.

A remessa das informações encerrou uma longa e desgastante negociação com a Google americana, que relutava em fornecer dados sigilosos sobre seus usuários. Para dobrar resistências, o Gaeco então delimitou o campo de pesquisa. Traçou dois perímetros, com base na triangulação de antenas (ERBs), no local dos assassinatos, no Estácio, Zona Norte do Rio, e no local onde estava um dos principais suspeitos do mando do crime. Depois, reduziu a solicitação de clientes que pesquisaram na plataforma digital o nome de Marielle e outras combinações ligadas à vereadora dias antes dos crimes.

Linhas de investigação

O cruzamento dos dados dos perímetros, ainda sob análise, mostrará se houve algum contato entre o suspeito e os executores. Caso esse contato venha a ser comprovado, o inquérito sobre os mandantes estará resolvido.

Sobre a segunda linha de apuração, a das pesquisas no Google, a expectativa é apenas a de reforçar as provas já colhidas contra os executores, os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiróz, que estão presos e serão levados a júri popular pelos dois assassinatos.

Porém, se os cruzamentos fracassarem, restarão apenas as quebras de alguns celulares apreendidos durante as investigações, uma eventual confissão dos réus para abrandar as penas ou ainda uma delação de presos, acusados de integrar a milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, que teriam supostamente conhecimento sobre a autoria.

No momento, prevalecem três linhas de investigação sobre os mandantes. Todas estão relacionadas à atuação política de Marielle Franco, especialmente no campo dos direitos humanos e na questão fundiária. A vereadora pode ter esbarrado em interesses da milícia na Baixada de Jacarepaguá. Outra possibilidade é o crime de vingança, pela atuação do atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo, quando era deputado estadual pelo PSOL e presidiu a CPI das milícias. Também não está descartada a hipótese de que a autoria se esgote no próprio executor, Lessa.

Ao tomar posse, o novo ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que a investigação sobre o Caso Marielle seria prioridade em sua gestão. Como já existe decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido de reconhecer a competência das autoridades estaduais (MPRJ e Polícia Civil) para investigar o caso, a Polícia Federal (PF) só pode atuar se for chamada a colaborar pelas instituições fluminenses. Outra possibilidade, remota, seria a de comprovar graves falhas no trabalho de investigação.

Os 29 membros do Gaeco pediram exoneração na sexta-feira passada após a recondução ao cargo do procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos. Eles alegam que havia um compromisso, assumido por Mattos, de aceitar a indicação do nome mais votado da classe, a colega Leila Costa. Em nota, o procurador-geral criticou os colegas por usarem os cargos para “fins eleitorais” da política interna, “colocando em risco a higidez dos trabalhos em andamento”.

Pela terceira vez, em quase cinco anos de investigação, o MPRJ mudará os promotores responsáveis pelo caso. Na Polícia Civil, a Delegacia de Homicídios da Capital (DH) já teve cinco titulares desde a morte de Marielle. Essas mudanças eventualmente obrigam os novos encarregados a começarem do zero, lendo dezenas de volumes sobre os crimes.

Com informações do Jornal O GLOBO.


Pássaros e pedras - Sergio Roxo da Fonseca (Academia Ribeirãopretana de Letras)

 

 

                                                        

 

                                          Ao realizar uma viagem nas proximidades de Perito Moreno na Argentina conheci um senhor que mantinha fácil e simples comunicação com todos aqueles que visitavam aquela galáxia - uma das mais belas do mundo. Perguntei se não poderia me revelar uma frase para que pudesse levar para o Brasil. Respondeu afirmativamente, declamando:

                                          “Se os homens parassem de atirar pedras eu gostaria de ser pássaro, mas, se os homens parassem de atirar pedras eu gostaria de ser homem”.

                                          A frase transmite uma reflexão não apenas binária, mas especialmente universal, ou seja, “os homens não apenas atiram pedras nos pássaros, mas também em outros homens”. Assim não basta desejar que pedras não sejam atiradas apenas contra pássaros, mas, também contra outros homens, para que haja paz. O tema autoriza concluir que há homens que atiram pedras e quase sempre contra outros homens. E seguramente esta é a ideia conclusiva que encontro no discurso sintético feito pelo meu amigo que vive no meio das geleiras de Perito Moreno.

                                          Ampliando minha viagem pelos caminhos platinados, acabei adquirindo as Obras Completas do extraordinário autor argentino Jorge Luis Borges que, sobre ser cego, era a principal autoridade da Biblioteca de Buenos Aires, segundo se retira das publicações autorizadas. O livro, muito extenso, é composto tanto por poemas, como por reflexões muitas delas filosóficas. Ali se encontra “Uma nova refutação do tempo” que frequentemente ressuscita em minha memória.

                                          Jorge Luís Borges, já pelo título, transmite o que muito outros autores, antes dele, negaram a existência do tempo, levados por caminhos tão diversos que são identificados pelas suas patentes diferenças. Talvez porque o tempo deve ter tantas e inúmeras faces que impede ser identificado através de qualquer uma delas!

                                          Suponho que tenho compreendido a reflexão de Borges para dela extrair que podemos- ou até devemos – negar a existência do tempo que passa sob a nossa caminhada. Mas não podemos jamais negar a existência da “memória” onde depositamos pedaços dos tempos que ou encantaram a nossa vida ou a mergulharam em dores inesquecíveis. A “memória” é o arquivo do “tempo” que desaparece ao trilhar as voltas que damos ao caminhar.

                                          Neste sentido dizia o grande poeta espanhol Antônio Alberto: “caminante, no hay camino, se hace el camino al andar, al andar se hace el camino, y al volver la vista atrás, se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar”."Caminhante, não há caminho, o caminho se faz andando, o caminho se faz andando, e quando você olha para trás, vê o caminho que nunca mais deve ser trilhado."

                                          Retorno a Borges na sua refutação do tempo. Registra o grande literato que, muito embora cego, ao passar por determinada esquina de Buenos Aires, sente bater no seu peito a dor resultante da perda de um grande amor. Mas se sente ainda a perda de um grande amor, como negar a existência do tempo?

                                          O tempo não existe porque o caminhar esfumaça a sua concretude. Portanto, a perda ou a conquista de um grande amor no passado permanecem presente na memória e não mais no tempo que já evaporou. Insinua o grande mestre que nem o amor e nem o desespero permanecem no tempo, mas sim na memória de cada um. Marca a sua obra concluindo que “nunca se perde aquilo que um dia se teve”. O tempo não mata o amor ou o sofrimento que permanecerão para sempre na memória do caminhante especialmente daquele que não mais joga pedras nem nos pássaros e nem nos homens.

Morre Gina Lollobrigida, musa italiana que foi sex symbol do cinema, aos 95, FSP

 Morreu a atriz Gina Lollobrigida, musa do neorrealismo italiano e sex symbol na era de ouro de Hollywood, aos 95 anos. A confirmação foi feita pela agência de notícias ANSA nesta segunda-feira. A artista estava internada em um hospital em Roma.

A atriz Gina Lollobrigida em cena do filme 'Quando Explodem as Paixões' - AFP

Admirada por sua sensualidade, que lhe rendeu o apelido de "maggiorata" —termo utilizado para designar as voluptuosas atrizes italianas dos anos de 1950 e 1960 que deslumbravam o público—, Lollobrigida autou em filmes como "O Diabo Riu por Último", com Humphrey Bogart, e "Quando Explodem as Paixões", no qual contracenou com Frank Sinatra.

Posteriormente em sua carreira se tornaria fotógrafa e escultora depois de se afastar do mundo do cinema.