Rio de Janeiro – Multinacional francesa amplia atuação no Brasil e sob o guarda-chuva da eficiência energética foca os seus negócios no tripé formado por energias renováveis, transporte de gás e projetos sob medida
|
Atualmente, a Engie e um punhado de outras empresas gigantes têm a capacidade de provocar uma transformação na economia global ainda maior que a causada pelo Canal de Suez. Se naqueles tempos estreitar os laços de comércio e estender domínios eram prioridade das potências econômicas, agora a urgência em fazer frente ás mudanças climáticas, no caso da Engie diretamente ligadas às próprias atividades, assume a dianteira das preocupações. A potência da multinacional francesa para contribuir com essa mudança pode ser medida pela presença em 70 países, pelo faturamento de ?60,6 bilhões em 2018 (valor equivalente a R$ 268,9 bilhões em dezembro) e pela meta global de alcançar 9 GW de potencial de geração de energia com fontes renováveis até 2021. A Engie do Brasil, como segunda maior empresa do grupo e principal produtora de energia elétrica privada do país, alinhou-se ao reposicionamento estratégico da controladora. Fez jus, assim, ao reconhecimento da empresa de pesquisa canadense Corporate Knights, que a incluiu entre as quatro empresas brasileiras da lista das cem mais sustentáveis do mundo em sua classificação de 2018, pelo segundo ano consecutivo e num universo de cerca de 7,5 mil companhias. Ao completar 20 anos de Brasil em 2018, e respondendo por 15% a 20% dos resultados da multinacional controladora, a Engie deu um passo importante e carregado de simbolismo ao decidir vender seus dois últimos núcleos de geração de energia fóssil no Brasil, as termelétricas a carvão Pampa Sul (em Candiota, Rio Grande do Sul), recém-entrada em operação, e Jorge Lacerda (em Capivari de Baixo, Santa Catarina) - transações ainda em andamento. Quase 90% da energia gerada pela Engie no Brasil atualmente se origina de fontes renováveis, como eólica, solar, biomassa e hidráulica. A empresa reservou R$ 1,6 bilhão em investimentos nessas áreas para os próximos dois anos. Sob o guarda-chuva da eficiência energética, o tripé de atuação da Engie no Brasil, cuja sede fica em Florianópolis, é agora formado por energias renováveis, transporte de gás e projetos sob medida. O amplo portfólio de realizações atualmente vai de geração de energia e climatização para residências e empresas a projetos de iluminação pública e mobilidade urbana. Com a diversidade, a empresa cresce mesmo em tempos de economia estagnada. A receita líquida em 2018 foi de R$ 8,8 bilhões, 25,5% superior à do ano anterior, e mostra também a consolidação da marca para o público em geral. "Antes vendíamos energia no atacado e para grandes distribuidoras", diz o presidente da Engie, Maurício Bähr. "Estamos ganhando visibilidade com a nova estratégia de atender o cliente final, sobretudo empresas e administrações públicas locais." De cinco clientes em 1998, a empresa chegou a 2018 com mais de mil compradores de energia elétrica.
Clique no link abaixo e leia a reportagem na íntegra
|
segunda-feira, 4 de novembro de 2019
31.10.19 | Muito sol, vento e água na energia da Engie, Época Negócios
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
Exposição conta a história da primeira fábrica de vagões ferroviários do país, FSP
A FNV (Fábrica Nacional de Vagões), primeira fábrica brasileira de vagões ferroviários, é tema de uma exposição que está aberta ao público até a próxima sexta-feira (1) em Cruzeiro (a 219 km de São Paulo).
Surgida em 22 de outubro de 1943 no Rio de Janeiro, no governo Getúlio Vargas (1882-1954) a FNV foi transferida para Cruzeiro dois anos depois e tem um histórico de atuação no setor ferroviário, mas não só nele.
As imagens fotográficas de “Fábrica: história, memórias e vidas em Cruzeiro” contam a história da primeira indústria brasileira de vagões e o cotidiano da cidade do interior paulista. A exposição foi aberta na última sexta-feira (25) no museu Major Novaes.A exposição de parte do acervo fotográfico está sendo realizada pela AmstedMaxion, originária da FNV.A empresa surgiu num período em que Vargas buscava fortalecer a indústria nacional e ampliar as ferrovias no país. Os primeiros vagões com estrutura metálica da FNV datam de 1948.
O surgimento, em meio à Segunda Guerra, precede o início da piora da situação econômica do sistema ferroviário, iniciada nos anos 50, como mostramos aqui. Naquela década, começaram demissões em massa em companhias de trens, além de transformações de estações em simples pontos de parada de composições.
HISTÓRIA
A empresa, na década seguinte à transferência para Cruzeiro, diversificou a sua linha de atuação e ingressou no segmento rodoviário, que se desenvolveu muito desde então no Brasil.
Em 1956, começou a fabricar caminhões e automóveis e, em 1958, longarinas. Já em 1990, o grupo Iochpe-Maxion assumiu o controle da empresa, que em 1998 foi dividido em duas empresas distintas, uma voltada para setor ferroviário e fundição e outra para autopeças e implementos rodoviários. Em 2000, a partir de uma joint venture entre a Iochpe-Maxion e a norte-americana Amsted Industries, surgiu a AmstedMaxion.A exposição, gratuita, pode ser visitada das 8h às 17h (av. Jorge Tibiriçá, s/nº, Vila Canevari, Cruzeiro).
Surgida em 22 de outubro de 1943 no Rio de Janeiro, no governo Getúlio Vargas (1882-1954) a FNV foi transferida para Cruzeiro dois anos depois e tem um histórico de atuação no setor ferroviário, mas não só nele.
As imagens fotográficas de “Fábrica: história, memórias e vidas em Cruzeiro” contam a história da primeira indústria brasileira de vagões e o cotidiano da cidade do interior paulista. A exposição foi aberta na última sexta-feira (25) no museu Major Novaes.A exposição de parte do acervo fotográfico está sendo realizada pela AmstedMaxion, originária da FNV.A empresa surgiu num período em que Vargas buscava fortalecer a indústria nacional e ampliar as ferrovias no país. Os primeiros vagões com estrutura metálica da FNV datam de 1948.
O surgimento, em meio à Segunda Guerra, precede o início da piora da situação econômica do sistema ferroviário, iniciada nos anos 50, como mostramos aqui. Naquela década, começaram demissões em massa em companhias de trens, além de transformações de estações em simples pontos de parada de composições.
HISTÓRIA
A empresa, na década seguinte à transferência para Cruzeiro, diversificou a sua linha de atuação e ingressou no segmento rodoviário, que se desenvolveu muito desde então no Brasil.
Em 1956, começou a fabricar caminhões e automóveis e, em 1958, longarinas. Já em 1990, o grupo Iochpe-Maxion assumiu o controle da empresa, que em 1998 foi dividido em duas empresas distintas, uma voltada para setor ferroviário e fundição e outra para autopeças e implementos rodoviários. Em 2000, a partir de uma joint venture entre a Iochpe-Maxion e a norte-americana Amsted Industries, surgiu a AmstedMaxion.A exposição, gratuita, pode ser visitada das 8h às 17h (av. Jorge Tibiriçá, s/nº, Vila Canevari, Cruzeiro).
Uma certa dimensão do desastre, Fernando Gabeira, OESP
O desastre no Nordeste não é apenas desconcertante pelo mistério de sua origem, a imprevisibilidade da aparição do óleo. Ele encerra, espero, um ano de grandes turbulências ambientais no Brasil.
Tivemos incêndios na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado, em importantes parques nacionais, como o da Serra do Cipó, chamado de Jardim do Brasil pelo paisagista Burle Marx. Fora do Brasil as coisas também não foram tranquilas, sobretudo com os grandes incêndios na Califórnia.
Incêndios na Amazônia, no Pantanal ou mesmo na Califórnia acontecem quase todos os anos, mas têm sido mais intensos. E em alguns lugares cai a disponibilidade de água.
Tudo indica que entramos numa era irreversível de eventos extremos. Isso num momento em que temos um governo despreparado para encarar essa dramática dimensão. E dificilmente, a julgar pela reação às manchas de óleo no Nordeste, conseguirá acompanhar o seu tempo. Bolsonaro, por exemplo, não foi ao Nordeste, não entendeu a gravidade do problema, não esboçou um gesto pessoal de solidariedade. Isso é o bê-á-bá da conduta de um presidente.
Existem vários fatores que obliteram sua visão. Um deles é entender o desastre ambiental como uma luta política. Achar um culpado à esquerda, desafiar ONGs, enfim, em vez de se preocupar com o oceano, prefere alvejar seus adversários.
Bolsonaro não percebe a riqueza e a complexidade dos oceanos. Digo isso porque o observo com atenção. Logo após a vitória na eleição de 2018, seu projeto era fundir os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. A visão que tinha do meio ambiente se limitava às florestas, aos rios e às plantações. Ignorava não apenas os oceanos, como também os graves problemas ambientais das metrópoles.
Bolsonaro não apenas é incapaz de compreender os oceanos. Ele pensa em urbanizá-los. Multado por um fiscal do Ibama pescando na Estação Biológica de Tamoios, resolveu que a unidade de conservação deve acabar, pois Angra dos Reis será transformada numa Cancún com a grana da ditadura saudita. Por mais importante que seja para a pesquisa da vida marinha, Bolsonaro a vê como inútil.
Esse é o contexto de sua ausência no Nordeste. Por que, com essa bagagem cultural, iria importar-se com recifes e corais num território governado pela oposição?
O governo não apenas deixou de acionar o plano nacional de contingência para esse tipo de desastre, como se recusou a coordenar diretamente os esforços estaduais e municipais. Coordenar no nível mais alto, uma vez que a coordenação operacional até que existiu nos dois centros montados em Salvador e no Recife. O ministro do Meio Ambiente designou a Marinha como coordenadora 41 dias depois de ela estar de fato trabalhando no desastre. Se dependesse de ele acordar, seriam 41 dias perdidos.
Ele foi duas vezes ao Nordeste. Tanto em Sergipe como na Bahia, não falou com os governadores, nem mesmo com o prefeito de Salvador.
O ministro do Turismo foi ao Nordeste. Disse que uma praia estava própria para o banho sem consultar as autoridades ambientais de Pernambuco. Como se isso pudesse ser definido a olho nu.
Esse modo tosco de governar não impediu que, em algumas dimensões, a máquina tenha funcionado. O Ibama trabalhou pesado. Encontrei seus funcionários nas praias mais remotas e até trocamos informações.
A propósito disso, concluí nessas viagens que as melhores notícias vêm da sociedade. O voluntariado, que já existia no Brasil, aparece agora também como um dado irreversível, sobretudo apoiado nas redes sociais. Essa nova força é que nos pode inspirar na formulação de políticas para um tempo de mudanças climáticas. Na Universidade da Bahia um professor concebeu o sistema de coleta de óleo com redes de pescadores. Os pescadores dispuseram-se a trabalhar para evitar que o óleo chegue a Abrolhos. O Ibama liberou redes apreendidas no passado e que estavam estocadas. É uma tentativa válida.
Em Pernambuco os voluntários entregaram-se à tarefa com intensidade maior, por exemplo, do que vi na Galícia. Em compensação, lá todos estavam de macacão, luvas e óculos especiais.
Essa dificuldade parece ter sido superada pelos Guardiões do Litoral, um grupo que limpa as praias e tenta descontaminar mangues e corais. Ali estão equipados devidamente. O que não evita uma ou outra dor de cabeça, pela combinação do cheiro do óleo com o forte calor.
A conjugação dessas forças com um governo eficiente é que nos pode preparar nos tempos de aquecimento global. Talvez isso já exista no Japão. O desastre do Nordeste não tem ligação com isso. Mas acontece num oceano castigado, em rápida degradação. Aliás, a importância da proteção marinha já havia subido ao topo da agenda na Conferência Rio+20.
Esse governo é incapaz de encarar a tarefa que tem pela frente. Sua eficiência depende da articulação com a sociedade. O ministro do Meio Ambiente, que deveria manter uma relação direta com o voluntariado, passando informações, agradecendo aquele esforço, preferiu brigar com o Greenpeace, sugerindo que um barco da organização derramou o óleo. As pessoas retirando óleo das praias e ele produzindo fake news.
É um universo paralelo que duvida do aquecimento, desconfia que a organização social, com sua visão crítica do governo, seja um celeiro de marxistas. Aliás, por falar no velho Marx, ele dizia que a humanidade não se coloca um problema que não possa resolver. Ele não contava com transformações climáticas, escassez de recursos hídricos, enfim, com todas essas consequências da produção.
Se depender de certos humanos, como Bolsonaro e seu ministro, teríamos mais que um problema sem solução. Teremos algo que nos vai engolir e arruinar. Somos um grande país? Dinossauros também eram grandes. Apenas não souberam se adaptar.
* FERNANDO GABEIRA É JORNALISTA
Assinar:
Postagens (Atom)