sexta-feira, 1 de junho de 2018

Parente por Nassif

Encontrei pela ultima vez Pedro Parente meses atrás, em uma padaria dos Jardins. Aparentava ar cansado e estava a caminho do hospital. Nos cumprimentamos formalmente.
Conheci-o, e bem, no governo Fernando Henrique Cardoso, substituindo Clóvis Carvalho na Casa Civil. Era, de longe, o técnico mais preparado. É injusto taxá-lo de “pai do apagão”. Na verdade, coube a ele coordenar a Câmara que tentou resolver o imbróglioinfernal criado por FHC, com a desregulamentação do setor elétrico, que promoveu um choque tarifário similar ao que Parente tentou reeditar com o petróleo agora.
Historicamente, grandes funcionários públicos se tornaram executivos de grandes grupos econômicos. Nenhum mal nisso. Durante muito tempo, Banco do Brasil e Itamarati tiveram os melhores quadros técnicos da República. Muitos deles passaram a servir o setor privado sem perder a perspectiva de país.
Não foi o caso de Parente.
Sua atuação na Petrobras teve um mérito inegável: serviu para expor as vísceras de um modelo de corrupção público-privado que, nos tempos modernos, só encontra paralelo no que aconteceu na ex-União Soviética – e, antes disso, com o setor elétrico brasileiro.
Por aqui, a descontratação da energia das hidrelétricas significou uma explosão nas tarifas, tirando completamente a competitividade de setores relevantes da economia. Depois, a privatização para um bando de aventureiros internacionais, que abriam empresas em paraísos fiscais e tomavam financiamentos amplos do BNDES, dando como única garantia as ações das empresas privatizadas. Aliás, esse saque consumou-se no caso Celmar, adquirido pela Equatorial - do grupo Lehman – já no governo Lula. O resultado foi a crise de 1999, obrigando o país, como um todo, a pagar pela corrupção instalada no governo FHC.
Na Petrobras, a ação de Parente foi mais escandalosa. Elevou os preços dos derivados para viabilizar a importação e criar uma capacidade ociosa nas refinarias, de maneira a comprometer seus resultados e facilitar a venda.
Para uma empresa sem problemas de crédito no mercado, passou a queimar ativos usando o falso argumento de que a Petrobras estaria quebrada. Teve participação ativa na mudança da legislação do petróleo, ajudando a enterrar todos os investimentos feitos na indústria naval.
A estratégia de desmonte da Petrobras, no entanto, mostrou suas limitações. Era o gerentão, capaz e fazer andar um projeto desde que o CEO lhe desse as referências. Quando coube a ele montar a estratégia, o resultado foi o desastre, que não apenas desmascarou a corrupção soviética instalada no país, como acabou de vez com a farsa de Michel Temer.
E ainda deixou rastros que, em algum momento, deflagrarão investigações do Ministério Público. E sem poder recorrer à vara de Curitiba, de seu amigo Sérgio Moro.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Brasil - A geração de energia solar cresce e traz economia na conta de luz de residências e empresas — mas o potencial no país está longe de ser explorado


06.04.18
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Quando o sol vira dinheiro

Brasil - A geração de energia solar cresce e traz economia na conta de luz de residências e empresas — mas o potencial no país está longe de ser explorado

Brasil - Em Janaúba, no Norte de Minas Gerais, a agropecuária é a principal atividade econômica da cidade de 70.000 habitantes. Ali a fruticultura, a soja e a pecuária vêm sendo castigadas pela maior seca da história na região. Localizada no semiárido mineiro e sob um sol inclemente durante boa parte do ano, com temperatura média de 33 graus, Janaúba faz parte do chamado Polígono das Secas. Mas o sol forte que bate ali, antes visto apenas como um infortúnio que só agrava a falta de chuva no lugar, virou uma oportunidade aos olhos de investidores. Agora, parte das pastagens improdutivas da região é fonte de renda para os pecuaristas, que arrendam suas terras para empresas que querem gerar energia solar.

Hoje, as companhias que estão investindo em fazendas de painéis fotovoltaicos miram a redução dos gastos com a conta de luz. É o caso das empresas de telefonia Oi e Claro. Por meio de geração de energia solar, as companhias projetam uma redução de 30% no valor das contas de luz.

A despeito do movimento das operadoras de telecomunicações, foi o consumidor residencial quem puxou para cima o número de sistemas fotovoltaicos em operação no país — a chamada “geração distribuída”. Em 2012, apenas 13 locais geravam eletricidade dessa fonte no Brasil (antes, os raios solares eram utilizados apenas para sistemas de aquecimento de água). Atualmente, são mais de 23.000 unidades, sendo 80% em residências.
Clique no link abaixo e leia a reportagem na íntegra

Revista Exame_Março 2018.pdf

Sobre Empathiae

No fim de 2015, a professora Lia Zita Orsinski, 36, dava à luz a seu segundo bebê, Helena, hoje com 1 ano e um mês. Mãe de Joaquim, 2, Lia percebeu que havia alguma coisa diferente já na sala de parto. “Notei que meu marido foi ficando na sala de parto, o que não aconteceu quando o meu primeiro filho nasceu. Daí, assim que terminou de dar os pontos, o médico nos falou das características físicas da bebê e que ela provavelmente tinha síndrome de Down. Foi uma surpresa e foi muito ruim, pois logo em seguida fui para a sala de recuperação e fiquei sozinha", lembra.
Lia classifica o momento da notícia no hospital como frio e inadequado: “Não me senti acolhida”. A partir daí, ela passou a buscar cada vez mais conhecimento sobre o universo da síndrome de Down, até que, em um congresso, foi apresentada à Empathiae. “A ONG me ajuda a me sentir uma pessoa normal e menos culpada por não conseguir fazer tudo o que eu gostaria pela minha filha, pois eu trabalho, tenho outro filho, as tarefas da casa... Quando frequento os grupos, percebo que há outras pessoas na mesma situação, que estou dando o meu melhor e que o meu bem-estar é importante para o bem-estar da minha família. Além disso, me fortaleço para enfrentar os preconceitos com que a gente se depara no dia a dia, desde o nascimento”, diz.
Histórias como a de Lia, infelizmente, não são raras e, em muitos casos, família e amigos não permitem que os pais vivenciem a tristeza por não receber o filho idealizado. “É preciso dar licença para a mãe viver o luto do filho esperado. Ela precisa ter o direito de questionar o presente, para aceitar o futuro”, observa Mônica Xavier, fundadora e presidente da ONG Empathiae.
As mães também precisam de cuidados

Foi pensando em ajudar mulheres como Lia, que, há um ano e meio, Mônica criou a Empathiae, cujo foco é dar acolhimento às mães com bebês que têm algum tipo de deficiência. “Meus dois filhos nasceram prematuros e, já naquela época, há 25 anos, sentia que as mães ficavam abandonadas e tinha a necessidade de dar algum tipo de apoio às mulheres. Anos depois, uma antiga chefe teve uma filha com síndrome de Down. Todos falavam da criança, mas não diziam nada da mãe. Toda minha história, solidão, veio à tona  de uma maneira muito forte. A partir daí, comecei a estudar, a fazer cursos  e a dar treinamentos em ONGs. O meu primeiro acolhimento foi há três anos. Pouco tempo depois nasceu a Empathiae”, lembra.
Com apoio de voluntários, a Organização oferece, por exemplo,  o serviço “Cuidando de quem cuida”, um espaço no qual as mães recebem cuidados exclusivos (muitas vezes de profissionais com algum tipo de deficiência), enquanto uma equipe capacitada fica com as crianças. A ONG também oferece formação para grupos de pais voluntários para o acolhimento de famílias que recebem a notícia de que seu bebê nasceu prematuro, ou com algum tipo de deficiência, dando apoio e mostrando um futuro possível, além de capacitar mulheres para o trabalho manual e oferecer outros serviços.
Desde que foi fundada, a Empathiae já ajudou cerca de 150 mulheres, que ficam sabendo da ONG pelas redes sociais, por amigos ou profissionais parceiros. Hoje, em torno de 60 são atendidas pela organização. Além de São Paulo, há grupos de acolhimento em Vitória, Belo Horizonte e Caxias do Sul.