quarta-feira, 25 de abril de 2018

Governo de SP lança nova etapa para gerenciamento de resíduos sólidos \spgov





Módulo é destinado ao acompanhamento da gestão e dos fluxos dos materiais urbanos recicláveis no território paulista
Seg, 16/04/2018 - 20h04 | Do Portal do Governo
O Módulo Reciclagem do Sistema Estadual de Gerenciamento Online dos Resíduos Sólidos (SIGOR) foi apresentado na última sexta-feira (13) na Secretaria do Meio Ambiente. De acordo com Gil Scatena, coordenador de Planejamento Ambiental da pasta, a nova etapa do projeto tem o objetivo de gerar informação para desenhar políticas públicas ao Estado e reaproximar o Sistema Ambiental Paulista das entidades de catadores, reconhecendo os profissionais.
O novo módulo se destina ao acompanhamento da gestão e dos fluxos dos resíduos sólidos urbanos recicláveis no Estado e é direcionado aos municípios, empresas, indústrias e entidades de catadores, com o objetivo de orientar o poder público e a iniciativa privada para o aprimoramento dos serviços prestados. Além disso, a iniciativa oferece suporte à implementação dos sistemas de logística reversa, prevista nas políticas nacional e estadual de destinação dos resíduos.
Na ocasião, o secretário de Estado do Meio Ambiente, Mauricio Brusadin, assinou uma resolução que oficializa a nova fase do programa. “Temos que criar instrumentos para que os catadores sejam reconhecidos do ponto de vista econômico. E acabar com a bitributação no Estado de São Paulo vai possibilitar o trabalho dos catadores, o reconhecimento institucional e dar chances às futuras gerações. Matéria virgem não pode ter o mesmo tratamento que a reciclada”, destaca.
Cadastro
Para a implementação do Módulo Reciclagem, é preciso conhecer onde e como as entidades de catadores atuam, estruturas, grau de formalização e organização. Por isso, o cadastramento das instituições foi iniciado ainda durante o evento, com as instituições presentes para promover a reformulação e o aprimoramento do antigo cadastro de entidades de materiais recicláveis do estado de São Paulo, da pasta, lançado em 2013.
“Este sistema da secretaria é muito importante para os catadores. Porém, mais do que em sistemas, temos que pensar nos trabalhadores. Queremos ser vistos como profissionais do ramo da coleta seletiva e da reciclagem. Então, precisamos pensar em outras ações conjuntas e emergenciais para a categoria”, ressalta Roberto Laureano Rocha, coordenador nacional do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.
Com base nas informações no Módulo Reciclagem, o Sistema Ambiental Paulista divulgará o trabalho desenvolvido pelas associações e cooperativas de catadores e pelas redes de comercialização. As informações qualificadas obtidas pelo sistema serão úteis para subsidiar a implementação das políticas à destinação dos resíduos sólidos urbanos e auxiliam na gestão das entidades e redes de comercialização, permitindo o registro e o acompanhamento dos fluxos de venda e de recebimento de materiais, dos documentos necessários e da evolução das parcerias e atividades.
De acordo com informações do Plano de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo, 30% dos resíduos sólidos urbanos são recicláveis. De tudo o que é reciclado no Estado, quase 90% passam pelas mãos dos catadores. Com o sistema que promove a inclusão desse segmento na gestão dos resíduos será facilitado o rastreamento dos materiais recicláveis, etapa fundamental para a implementação da logística reversa. A parceria entre setor público e privado, por sua vez, serve também para viabilizar a atividade como fonte de renda para muitos trabalhadores.
Parcerias
Entre as formas de inserção desse segmento estão previstas, por exemplo, as parcerias entre prefeituras e entidades de catadores, propiciando o apoio financeiro, como o pagamento de despesas de água, luz, combustível, aluguel de galpão, entre outros.
“O SIGOR – Módulo Reciclagem é uma ferramenta útil, que funcionará graças aos trabalhadores, que ajudarão a operar esse sistema, trazendo a boa informação que resultará em benefício para quem realmente precisa”, diz Carlos Roberto dos Santos, presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
O primeiro módulo desenvolvido pelo SIGOR foi o da Construção Civil, resultado do convênio firmado entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e da Cetesb, e o Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo. Esse convênio foi firmado em fevereiro de 2012, buscando a consolidação do desenvolvimento sustentável no setor da Construção Civil no território paulista.
O evento também contou com as presenças de Flávio de Miranda Ribeiro, diretor do Departamento de Políticas Públicas de Resíduos Sólidos e Eficiência dos Recursos Naturais da Cetesb, Roseane Maria Garcia, diretora da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, e Ricardo Gomes, superintendente da Fundação Nacional de Saúde.

Alencar Burti: Um apelo pela aprovação do Cadastro Positivo, FSP

Alencar Burti: Um apelo pela aprovação do Cadastro Positivo

A classificação dos riscos com base nas informações positivas leva a uma diferenciação das taxas, enquanto a taxa uniforme faz com que o bom pagador pague juros maiores

Alencar Burti,  presidente da Associação Comercial de São Paulo, em evento em 2016
Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo, em evento em 2016 - Bruno Poletti - 31.ago.16/Folhapress
O crédito é fator fundamental para a evolução da produção e do consumo no Brasil. O popular crediário foi —e continua sendo— a principal forma de financiamento das vendas de bens de maior valor, como móveis, eletroeletrônicos e veículos, bem como de itens como roupas, calçados e acessórios. Isso permitiu o crescimento do mercado interno e da indústria nacional. 

A expansão do crédito ao consumidor somente foi possível graças aos serviços de proteção ao crédito (SCPC e SPCs), que possibilitaram a massificação dos financiamentos ao oferecer informações sobre consumidores inadimplentes e representar um poderoso instrumento de cobrança, ao inibir o acesso dos devedores a novas compras a prazo.

Embora os bancos de dados ainda cumpram papel relevante para a garantia das operações de crédito, as novas modalidades e o alongamento dos prazos de financiamento exigem informações mais amplas para a concessão creditícia, a fim de possibilitar reduções do risco e das taxas de juros.

A questão da privacidade dos cidadãos é relevante, mas não deve levar à criação de barreiras à circulação e utilização dos dados necessários à concessão do crédito, pois isso conduziria a uma menor oferta ou a maiores exigências por parte dos financiadores, prejudicando os consumidores.

A classificação dos riscos com base nas informações positivas leva a uma diferenciação das taxas, enquanto a taxa uniforme faz com que o bom pagador pague juros maiores e não desestimula a busca de crédito por parte do mau pagador, mantendo elevada a inadimplência.

A Associação Comercial de São Paulo vem apoiando a implementação do Cadastro Positivo desde 2003, por estar certa dos benefícios para a economia e o consumidor. O cadastro está em vigor há mais de cinco anos, mas precisa ser aprimorado.

Por isso, somos a favor da aprovação do PL 441/2017, o que representará um avanço capaz de propiciar a efetiva expansão do Cadastro Positivo com os benefícios que ele poderá trazer para a economia e para o cidadão. O projeto foi aprovado pelo Senado e agora se encontra em tramitação na Câmara dos Deputados.

O PL permite a abertura do Cadastro Positivo sem autorização prévia, como é atualmente, mas exige que o consumidor seja informado e possa solicitar sua exclusão no prazo de 30 dias, caso assim o deseje.

Com isso se poderá atingir o objetivo de massificação das informações, com reflexos positivos sobre a oferta de crédito, redução da inadimplência e, em decorrência, menores taxas de juros, mais consumo, maior produção de bens, mais empregos e aumento de bem-estar da população.

As críticas ao projeto —de que feriria a privacidade do cidadão e seu sigilo bancário— partem de desinformação ou má-fé, pois os bancos de dados somente informarão o score do consumidor, isto é, uma nota que determina o limite de seu crédito, com base em seu comportamento como consumidor e tomador de crédito.

Outro benefício previsto no projeto são informações prestadas pelas empresas de serviços públicos (luz, água, telefone), que permitem avaliar o potencial de crédito dos consumidores que não têm comprovação de renda, com base em seu padrão de consumo desses serviços.

O Cadastro Positivo tem ainda a função de incentivar o consumidor a controlar seu endividamento e a manter seus pagamentos em dia, porque isso se reverte em benefício quando ele procura crédito. Além disso, evita o superendividamento, na medida em que, com as informações positivas e negativas, os bancos de dados podem negar crédito a quem não tem condições de se endividar.

Apelamos aos senhores deputados para que votem a favor do PL 441/2017 e, assim, o Brasil possa usufruir do Cadastro Positivo, igualando-se à maioria dos países que há muito se beneficiam desse importante instrumento de expansão do crédito e do consumo. É um ganho, antes de tudo, para o bom pagador.

Uma viagem a 1962 e uma aula de disciplina, ELio Gaspari, FSP

Uma viagem a 1962 e uma aula de disciplina

Em setembro, o comandante das tropas do Sul colocou seus quartéis em regime de prontidão

Em 1962 o Brasil estava dividido. Um ano antes a indisciplina dos três ministros militares levara o país à beira de uma guerra civil e João Goulart presidia um regime parlamentarista, dedicando-se a desmanchá-lo por meio de um plebiscito que restabeleceria o presidencialismo.
O Congresso remanchava e em setembro o comandante das tropas do Sul, general Jair Dantas Ribeiro, colocou seus quartéis em regime de prontidão e enviou um telegrama ao ministro dizendo que “me encontro sem condições para assumir com êxito e segurança a responsabilidade do cumprimento de tais missões, se o povo se insurgir pela circunstância de o Congresso recusar o plebiscito”. No melhor estilo do digo-mas-não-digo, acrescentou: “A presente explanação não é uma ameaça, nem uma imposição, 
mas apenas uma advertência”.
No mesmo dia o comandante da guarnição do Paraná mandou-lhe um telegrama: “Informo V. Excia. reina completa calma território esta Região Militar. Providenciada ordem prontidão”. Xeque.
Meses depois Jair Dantas foi nomeado ministro e foi à forra com o general do Paraná, mandando-o para o último canil do Exército, a Diretoria da Reserva.
O general do Paraná chamava-se Ernesto Geisel, não assinava manifesto contra o governo (“indisciplina”), nem a favor (“chefe não pode receber solidariedade de subordinado”).
No dia 31 de março de 1964 deu-se o levante contra Goulart. Jair era ministro e estava hospitalizado. No dia seguinte  telefonou a Goulart, abandonando-o.
Geisel tornou-se chefe da Casa Militar do novo governo e em 1974 assumiu a Presidência da República. Nunca assinou manifestos e restabeleceu o primado da Presidência da República sobre as Forças Armadas.
Elio Gaspari
Nascido na Itália, recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por 'As Ilusões Armadas'.