terça-feira, 7 de março de 2017

Crise gerou fuga de 2 mil fortunas do Brasil, OESP







Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Expansão de milionários deve cair pela metade na próxima década
O Brasil viu a fuga de 2 mil fortunas do país entre 2015 e 2016, diante da crise econômica e da instabilidade política. Os dados foram apresentados pela consultoria Knight Frank Research, que mapeia o mercado de multi-milionários no mundo. 
Se por uma década o Brasil foi uma das estrelas no mundo do luxo por gerar uma expansão importante de milionários, os dados mostram que essa tendência não será mantida nos próximos dez anos. 
Na avaliação dos pesquisadores, a expansão de 47% entre os ricos no Brasil entre 2006 e 2015 será cortada pela metade, para apenas 20% na próxima década por conta da "turbulência política e a migração de ultra-ricos". 
Entre 2006 e 2015, o número de milionários no Brasil passou de 105 mil pessoas para 180 mil, um dos maiores saltos no mundo. A conta inclui as fortunas acima de US$ 1 milhão. Mas entre 2015 e 2016, o país perdeu mais de 25 mil deles, sendo que uma parte migrou e outra viu a perda de seus ativos. A previsão é de que os níveis de 2015 apenas voltarão a ser atingidos em 2026. 
Considerando apenas as fortunas de mais de US$ 30 milhões, a década anterior também havia registrado um salto inédito. As pessoas nesta classificação passaram de 1,4 mil para 2,4 mil entre 2006 e 2015. Mas esse número também caiu com a crise para apenas 2 mil pessoas. Até 2026, a taxa será de 2,4 mil uma vez mais. 
Já entre aqueles com mais de US$ 100 milhões, o número saltou de 277 para 473 em dez anos. Mas também caiu para 407 em 2016. 
A maior concentração de milionários brasileiros, segundo o levantamento, está em São Paulo, com 65,5 mil. O número coloca a cidade paulista entre as 20 maiores do mundo, superando Viena, Bruxelas ou Doha. Mas com um número substancialmente menor que os mais de 300 mil milionários de Nova Iorque. 
No caso de São Paulo, o número de milionários também foi reduzido com a crise, com um encolhimento de 14%. Mas até 2026, a previsão é de uma nova expansão de 20%. No caso do Rio de Janeiro, são 35 mil milionários, também com a perspectiva de expansão de 20% em dez anos.  

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Setor cooperativista debate metas para promover o desenvolvimento sustentável em evento em São Paulo, SECOM

Seminário

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O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, se uniu a lideranças de 30 países e de 20 Estados brasileiros nesta segunda-feira, 6 de março, em seminário para debater o papel do cooperativismo no desenvolvimento sustentável. O evento intitulado “O cooperativismo e os objetivos de desenvolvimento sustentável” foi realizado pelas organizações das Cooperativas do Brasil (OCB) e do Estado de São Paulo (Ocesp) e Unimed, com apoio da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), na capital paulista.
O debate entre as lideranças nacionais e internacionais do setor propõe elaborar ações alinhadas à Agenda 2030, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), que apresenta 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas.
Para Arnaldo Jardim, incorporar conceitos de desenvolvimento sustentável ao cooperativismo é uma garantia para que o setor se mantenha jovem e atualizado. “O cooperativismo paulista é pujante, mantém o espírito de iniciativa, preserva a capacidade de empreender, mas agrega, do ponto de vista do resultado, o conceito de distribuir, partilhar e diminuir a concentração”, afirmou, citando que o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável Microbacias II – Acesso ao Mercado, desenvolvido pelo governo paulista em parceria com o Banco Mundial, contribui para agregar renda a 300 cooperativas de agricultores familiares.
“Multiplicam-se os movimentos que questionam a globalização e o mundo está cada vez mais integrado, em termos de comunicação e fluidez de capital. É preciso haver um equilíbrio, para que essa integração não signifique monopólios, oligopólios excludentes da economia e da sociedade. O cooperativismo é o caminho”, afirmou o titular da Pasta Estadual.
Para o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas, é preciso engajamento para mostrar as ações sustentáveis executadas pelas entidades. “As cooperativas já praticam ações sustentáveis no dia-a-dia, está em nosso DNA, mas é preciso mostrar essas realizações ao mundo. Cada cooperativa, a seu modo, deve focar nessas metas, para sermos reconhecidos pelos governos e ter melhores condições de atingir os objetivos”, afirmou.
De acordo com o senador Aloysio Nunes, há uma nova dinâmica que faz com que as relações internacionais que antes se restringiam ao Estado tenham uma crescente participação da sociedade civil por meio de entidades, cooperativas, organizações não governamentais (ONG’s) e empresas. “Queremos a presença de outros países, mas que haja também a contrapartida, com a abertura dos mercados agrícolas, de serviços e de compras governamentais. O cooperativismo brasileiro, nesse novo contexto, é um fator importante dessa inserção mundial”, disse o parlamentar, que assume nesta terça-feira, dia 7, o Ministério das Relações Exteriores.
Na avaliação do presidente da Unimed, Eudes Aquino, o cooperativismo se impõe como ferramenta extremamente útil à sustentabilidade, um conjunto de iniciativas que precisam ser tomadas de forma coletiva para garantir a sobrevida da população. “Precisamos continuar buscando alternativas para aumentar a quantidade de pessoas mobilizadas, sensibilizadas e habilitadas para esse projeto de recuperação do meio em que vivemos”, afirmou.
Para Edivaldo Del Grande, presidente da Ocesp, esse processo  exige maior engajamento político do setor. “Precisamos apoiar aqueles que nos ajudam a continuar proporcionando um movimento forte e pujante, focado na melhoria da vida das pessoas”, disse.
Com a apresentação de casos de sucesso de 10 países, o seminário debateu temas como o cooperativismo como resposta às desigualdades sociais, como o setor pode proporcionar uma nova sociedade, além de estabelecer o debate para a criação de um plano de ação de uma década para a promoção do desenvolvimento sustentável. “O cooperativismo proporciona o equilíbrio entre o poder público e privado, pois é a combinação de negócios e pessoas. Buscamos prover uma perspectiva de longo prazo, não apenas no aspecto econômico-financeiro, mas também de oferecer serviços à população”, explicou a canadense Monique Leroux, presidente da ACI.
Também participaram do evento o deputado federal Lelo Coimbra, presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo, e o deputado estadual Itamar Borges, presidente da Comissão de Atividades Econômicas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Mulheres do MST se levantam para barrar a Reforma da Previdência, pauta



Na manhã desta terça-feira (07), cerca de 1500 trabalhadoras rurais Sem Terra, ocuparam a unidade de fertilizantes da empresa Vale em Cubatão, às margens da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, a 40 Km da capital do estado de São Paulo.

A ação de denúncia trouxe à tona um questionamento ao déficit da Previdência, que além de ter desvinculada parte de suas receitas com a Desvinculação das Receitas da União (DRU), ainda é alvo de sonegação de companhias grandes, como a Vale.

Durante a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, as camponesas denunciam a Vale pelo calote no repasse das contribuições ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A dívida da empresa é de R$ 276 milhões.

A dirigente nacional do MST, Nívia Silva, comenta que um dos principais argumentos do governo golpista de Temer para fazer a contrarreforma da previdência é a dívida que esta acumula. Porém, ele não cobra das empresas que sonegam contribuições ao INSS.

“A dívida dessas empresas somam 426 bilhões, quatro vezes o déficit afirmado pelo governo. Somente 3% das companhias respondem por mais de 63% da dívida previdenciária. Ou seja, a morosidade da Justiça, a complexidade da legislação tributária brasileira e os programas de parcelamento do governo são um dos principais fatores que explicam a alta dívida previdenciária no país”, afirma Nívia.

Entre as maiores devedoras do INSS estão Bradesco, Caixa, Marfrig, JBS e Vale. Das 32.224 empresas que mais devem, apenas 18% são extintas. A grande maioria, ou 82%, são ativas. As camponesas denunciam que as mulheres são as primeiras a sofrerem com as consequências do programa golpista de corte de direitos, em especial na contrarreforma da Previdência.

Confira o vídeo da ação das camponesas em denúncia na unidade de fertilizantes da Vale, em Cubatão:http://www.mst.org.br/2017/03/07/mulheres-ocupam-a-vale-fertilizantes-em-cubatao-sp.html
Em entrevista, Atiliana Brunetto, dirigente nacional do setor de gênero do MST, afirma que “a contrarreforma da Previdência desconstrói toda a luta travada no campo e prejudica em especial as mulheres, porque iguala a idade de aposentadoria” daquelas que têm dupla e muitas vezes tripla jornada de trabalho.
Confira na íntegra. 

De que maneira o pacote de medidas do Temer impacta a vida das mulheres, em especial a mulher do campo?

A contrarreforma da Previdência desconstrói toda a luta travada no campo e prejudica em especial as mulheres, porque quando iguala a idade de aposentadoria entre os sexos, desvaloriza o trabalho da mulher do campo e contribui para o aumento da desigualdade.

O Governo golpista vem, a partir da necessidade do grande capital, buscando formas de manter seus lucros. Historicamente, dentro desse contexto, são as mulheres as mais afetadas. A reforma da Previdência, a relativização do trabalho feminino, a precarização da educação e da saúde, além de ideias conservadores que tomam maior proporção a cada dia, contribuem para que a violência, o controle do corpo e o machismo ganhem cada vez mais espaço em nossa sociedade.

O que a burguesia quer é que sejamos “belas, recatadas e do lar”. Esses são títulos que nunca assumiremos. O lugar de cada uma de nós é e sempre foi nas trincheiras, lutando por uma vida melhor.  Além disso, outras ações como a Medida Provisória (MP 759/2016), que trata da regulamentação da questão fundiária urbana e rural, acaba com a perspectiva de luta pela democratização da terra, privatizando os assentamentos, tirando vários direitos e, consequentemente, criminalizando os movimentos e nossas lutas.

Qual o lema e objetivo da Jornada das mulheres este ano? 

As Mulheres Sem Terra, após debate sobre os desafios impostos para a classe trabalhadora, definiram que vão enfrentar o governo golpista de Michel Temer e seu pacote de medidas, que visa a retirada de direitos sociais e trabalhistas nas ruas. Diante disso, nosso lema será: “Estamos Todas Despertas. Contra o Capital e o Agronegócio. Nenhum Direito a Menos!”.

Qual expectativa do Movimento? Serão quantos atos e em quais estados?

A expectativa é que todas as mulheres Sem Terra ou não, tomem às ruas e digam: “Nenhum Direito a Menos” para o povo brasileiro, porque nossa luta é contra todas as formas de opressão: o racismo, a lgbtfobia.

As nossas atividades vão acontecer em todos os estados onde o MST está organizado. Cada região está construindo as ações da Jornada conforme suas especificidades. 

Além do MST, quais outros movimentos camponeses articulam, apoiam e vão participar das mobilizações?

O MST tem a convicção de que devemos buscar o máximo de articulação pela e com a classe trabalhadora. Assim, estamos construindo várias alianças a partir da realidade dos estados com organizações como a Frente Brasil Popular, Via Campesina, Movimentos de Mulheres, entre outros.

O importante aqui é ressaltar que estamos juntos de todos e todas que saem às ruas pela Reforma Agrária, contra a violência e a criminalização dos movimentos sociais.

Por que o recorte de gênero em relação a reforma da Previdência é tão importante?

Ao igualar o tempo de contribuição entre homens e mulheres, a proposta desconsidera a jornada de trabalho e as diferentes condições urbanas e rurais, dificultando significativamente o acesso aos direitos previdenciários. Um dos maiores problemas está na obrigatoriedade da contribuição individual.

No contexto das relações desiguais na família, quando a família tiver que optar por um membro para contribuir, dificilmente será a mulher. Outra alteração drástica será a desvinculação da aposentadoria do salário mínimo, que será 51% da média dos salários de contribuição, somados a 1% por ano de contribuição. Isto significa que, para se aposentar com um salário mínimo, um/a trabalhador/a rural necessitará ter contribuído por 49 anos e ter começado a contribuir aos 16 anos
de idade.

Lutamos por uma Previdência universal, solidária e pública, que contribua de forma justa com a distribuição de renda e a diminuição das desigualdades entre homens e mulheres, considerando nossas diferenças.

O que o governo Temer pode esperar das mulheres do MST?

“Estamos Todas Despertas”, esse é o nosso lema. Assim seguiremos contra todos os retrocessos, enquanto existirem ameaças aos nossos direitos e à soberania alimentar nacional.




Outras informações:
Rafael Soriano
Assessoria